“Este não deve ser um ato de memória mas sim de agradecimento a um homem que faz parte da história” de Setúbal e de Azeitão, sublinhou o vereador da Câmara Municipal de Setúbal Manuel Pisco. “Ao pé dos poetas, as palavras são demais.”

Coroas de flores na base do monumento, localizado na Praça da República, foram depositadas pelo vereador Manuel Pisco, pela presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves, e pela presidente da Associação Sebastião da Gama, Alexandrina Pereira.

“A evocação feita é apenas um complemento ao trabalho feito ao longo do ano que perpetua a memória de Sebastião da Gama”, exaltou Alexandrina Pereira, para destacar o papel do poeta na identidade cultural setubalense e azeitonense. “Uma figura que nunca vai ser esquecida.”

A presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves, evidenciou a importância da iniciativa para “homenagear um grande poeta de Setúbal e de Azeitão”.

Anunciou que em 2018 “o programa comemorativo em torno de Sebastião da Gama vai ter outro cariz”.

O programa, promovido numa parceria da Câmara Municipal de Setúbal com a Associação Cultural Sebastião da Gama, prosseguiu, de tarde, na Biblioteca Pública Municipal, numa sessão que explorou o papel e a vertente do poeta homenageado enquanto cidadão de uma sociedade em mudança.

“Sebastião da Gama (1924-1952) o homem de sempre no seu tempo” deu tema à palestra conduzida por Pedro Marquês de Sousa, vice-presidente da Associação Cultural Sebastião da Gama, que no encontro realizado no auditório da biblioteca procurou ir mais além da obra literária do poeta.

O percurso de vida dos curtos 27 anos, a par do contexto político-social da época, tanto em Portugal como no mundo, foram alguns dos ângulos de abordagem da palestra.

O encontro incluiu ainda a leitura, por elementos da Casa da Poesia de Setúbal, de poemas da obra poética e literária de Sebastião da Gama “Cabo da Boa Esperança”, de 1947, que este ano assinala sete décadas de edição, assim como a apresentação de manuscritos do poeta por Cunha Bento.

A sessão, dinamizada ao longo de duas horas, contou também com a participação do professor e investigador João Reis Ribeiro, que partilhou com o público dois poemas inéditos de Sebastião da Gama e abordou pormenores da vida do homenageado.

Sebastião Artur Cardoso da Gama nasceu a 10 de abril de 1924, em Vila Nogueira de Azeitão, tendo completado a licenciatura em Filologia Românica em 1947 na Faculdade de Letras de Lisboa.

“Serra-Mãe”, de 1945, foi a primeira obra do poeta editada em vida, seguindo-se “Cabo da Boa Esperança”, de 1947, e “Campo Aberto”, 1951.

No dia 7 de fevereiro de 1952, Sebastião da Gama morre, com apenas 27 anos, vítima de tuberculose renal, doença que sofria desde a adolescência.