Na etapa de Setúbal da FINA HOSA 10Km Marathon Swimming World Cup, evento desportivo realizado no Parque Urbano de Albarquel, no âmbito dos 14.ºs Jogos do Sado, Angélica André, que se classificou em oitavo lugar na prova feminina, conseguiu a melhor prestação para a seleção portuguesa, enquanto nos masculinos destaque para o 36.º lugar de Rafael Gil.

Kristof Rasovszky, a participar pela primeira vez na competição sadina, venceu com uma vantagem de apenas dois segundos sobre o segundo classificado, o alemão Rob Muffels, no corolário de uma prova muito renhida, disputada a um elevado ritmo do princípio ao fim.

O húngaro, que cortou a meta com o tempo de 1h29m50s, um recorde nas 12 edições da Setúbal Bay, confessa que não esperava ganhar, mas começou a ganhar confiança após o final da primeira das cinco voltas ao circuito.

“Mantive sempre um bom ritmo e na última volta percebi que conseguia ganhar. Arrisquei e tentei nadar o mais rápido que podia nos últimos metros, o que acabou por compensar.”

A competir pela primeira vez em Setúbal, o jovem de 20 anos garante que encontrou “condições excelentes”, com a temperatura da água, a 21,2 graus, a ter contribuído para “favorecer” o seu desempenho.

Rasovszky adorou a experiência e espera voltar “muitas vezes para competir em Setúbal e visitar esta bonita terra”.

O alemão Rob Muffels, em segundo, com 1h29m52s, e o italiano Andrea Manzi, em terceiro, com 1h29m59s, conseguiram os restantes lugares no pódio da etapa de Setúbal da FINA HOSA 10Km Marathon Swimming World Cup, evento desportivo com presença garantida na cidade pelo menos até 2021.

Já Rafael Gil, com 1h37m12s, tempo que lhe valeu o 36.º lugar, foi o melhor português. O atleta esperava uma prova dura em Setúbal e tentou nunca perder de vista o grupo da frente. No entanto, “o andamento muito rápido e o intenso contacto físico” levaram a perdesse a ligação com os primeiros lugares na última volta.

Ainda assim, garante que “é sempre bom nadar com a elite mundial” e que foi um bom teste para o Campeonato Mundial de Águas Abertas de Budapeste, Hungria, a disputar entre 15 e 22 de julho.  

Na competição feminina, com a portuguesa Angélica André a manter-se sempre no grupo da frente, a italiana Rachele Bruni, vencedora da prova em 2015, confirmou o favoritismo e voltou a conquistar o primeiro lugar no pódio, com o tempo de 1h37m36s.

No final, confessou estar “muito feliz” com o resultado, que lhe deu “mais energia para enfrentar a última parte desta época”, nomeadamente o Campeonato Mundial de Águas Abertas de Budapeste.

Apesar da “dureza da prova, sobretudo devido às correntes fortes”, garante que se adaptou bem e encontrou “excelentes condições” em Setúbal para uma competição “muito renhida e a bom ritmo”.

A segunda posição da “Setúbal Bay 2017”, uma parceria entre a Federação Internacional de Natação (FINA), a Federação Portuguesa de Natação e a Câmara Municipal, ficou a brasileira Viviane Jungblut, com a marca de 1h37m37s. O terceiro lugar do pódio coube à equatoriana Samantha Salinas, com 1h37m42s.

Angélica André, a melhor portuguesa na prova, classificada em oitavo lugar, conseguiu o tempo de 1h38m14s.

A jovem de 22 anos, que conhece bem as condições de Setúbal para a prática de natação em águas abertas, assegura que as “correntes fortes” não condicionaram o seu desempenho.

Angélica, que durante uma boa parte da prova ocupou o segundo lugar, manteve-se sempre no grupo da frente e alcançou o objetivo de “terminar mais uma competição entre as 15 primeiras, para ficar no grupo da elite mundial”.

Para o diretor técnico nacional, Daniel Viegas, a competição correu bem para Portugal, tendo em conta que estavam em Setúbal “alguns dos melhores nadadores do mundo nesta disciplina”.

Considera que Angélica André “fez uma prova extremamente inteligente” e que este oitavo lugar é “muito importante” para a nadadora recuperar confiança e preparar-se para ao Mundial de Budapeste.

A “Setúbal Bay 2017”, cuja partida inicialmente marcada para as 15h00 foi antecipada 15 minutos devido às condições da maré, acabou por não ser o esperado teste das federações internacional e portuguesa de natação de utilização dos fatos isotérmicos.

A temperatura da água antes do início da competição era de 21,2 graus, o que impediu os nadadores de optarem pelo recurso aos fatos isotérmicos, o que, a concretizar-se, teria sido uma estreia mundial.

“A condição regulamentar pressupõe que o fato possa ser usado, facultativamente, em águas com uma temperatura entre os 18 e os 20 graus, e, obrigatoriamente, com temperaturas abaixo dos 18 graus. Com temperaturas acima dos 20, o fato não pode ser usado, logo eliminou-se qualquer possibilidade de o testar”, explica o presidente da Federação Portuguesa de Natação, António José Silva. 

Com muito público a assistir na zona ribeirinha, sempre a “puxar” pelos nadadores portugueses, a Setúbal Bay voltou a ser “uma competição muito renhida, o que motiva os nadadores a atingirem um bom resultado”.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, destaca que a edição deste ano, com mais de oito dezenas de atletas de 39 países, “foi uma das mais participadas de sempre, o que é motivo de orgulho para o município”, mas também traz responsabilidades acrescidas.

“Temos de trabalhar muito para garantir cada vez melhores condições para receber as pessoas e ter a baía aprazível para que a FINA continue a considerar Setúbal como um destino preferencial para esta modalidade. A Federação Portuguesa de Natação já considera esta baía o santuário das águas abertas e assim queremos continuar.”

Esta foi a terceira etapa da edição de 2017 da Taça do Mundo de Natação em Águas Abertas na distância de dez quilómetros, seguindo-se Viedma, Argentina, a 4 de fevereiro, e Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, a 11 de março.

A competição prossegue no Canadá, com provas Lake St. John, a 27 de julho, e Lake Megantic, a 12 de agosto, e termina com duas etapas na China em outubro, em Chun’ai, no dia 15, e Hong Kong, a 21.

A FINA/HOSA 10 Km Marathon Swimming World Cup na baía do Sado foi antecedida de uma prova aberta, realizada de manhã, na distância de 1660 metros. O mass event de promoção das águas abertas teve 220 nadadores em vários escalões competitivos.

“Foi muito bom, mas contamos nos próximos anos aumentar consideravelmente o número de participantes”, perspetiva o presidente da Federação Portuguesa de Natação.

Em masculinos, Hugo Alberto, do Estrelas de S. João de Brito, foi primeiro classificado, com o tempo de 18m41s, e no segundo lugar ficou Diogo Barbosa Nunes, da Fluvial Portuense, com 18m56s. Paulo Frota cortou a meta em terceiro lugar, com 19m06s.

Entre as mulheres, Soraia Ribeiro, do Estrelas de S. João de Brito, assegurou a vitória, com a marca de 19m48s, e Alexandra Couto, a título individual, classificou-se em segundo, com 20m02s. Ana Rita Queiroz, da Fundação Beatriz Campos, com 20m45s, cortou a meta em terceiro, numa prova que contou com a participação da atleta de natação adaptada Simone Fragoso, classificada em 37.º lugar, com 47m37s.