O Seminário Promoção da Cidadania e da Igualdade de Género marcou o arranque do projeto CIGE4all, promovido pela instituição setubalense O Sonho e a Casa do Povo de Sesimbra, que tem como objetivo promover “a cidadania e a igualdade junto das crianças do ensino pré-escolar dos concelhos de Setúbal e Sesimbra”, sublinha Florival Cardoso, presidente das duas instituições.

Além de ser um momento de reflexão e debate sobre as questões da cidadania e da igualdade de género, o seminário pretende divulgar o projeto-piloto que vai ser implementado, este ano letivo, numa escola da rede pública de Setúbal e noutra de Sesimbra, bem como numa instituição particular de solidariedade social em cada um destes concelhos.

As ações a implementar no projeto-piloto contemplam formação para os intervenientes educativos, iniciativas de sensibilização para a família e maletas pedagógicas a distribuir pelas salas de aula, com material lúdico-pedagógico direcionado a crianças em ensino pré-escolar.

“Estamos convictos de que este projeto interconcelhio irá, a médio prazo, promover práticas para a desconstrução de estereótipos e influenciar positivamente toda a comunidade educativa, quer na forma de atuação, quer no modo de relacionamento de género e as boas práticas de cidadania”, defende Florival Cardoso.

O responsável acredita que este projeto-piloto vai contribuir para a “formação de indivíduos responsáveis, autónomos e solidários, que conheçam e exerçam os seus direitos e deveres em diálogo e respeito pelos outros”.

A chefe da Divisão de Inclusão Social da autarquia, Conceição Loureiro, em representação do vereador do pelouro da Inclusão Social, Pedro Pina, sublinhou, na sessão de abertura do seminário, ser “fundamental a intervenção ao nível da educação, e de forma precoce”, para promover a cidadania e a igualdade de género.

Por isso, felicitou O Sonho e a Casa do Povo de Sesimbra pela realização do encontro e pelo trabalho que têm desenvolvido em matéria de infância e juventude, pois “é muito importante a partilha de ideias e de práticas que possam atenuar desigualdades”.

Destacou, ainda, a importância de promover “espaços de participação e de cidadania”, pois, sendo estes “conceitos conhecidos e quase de senso comum, é fundamental lembrar que só se pode falar efetivamente de cidadania e de igualdade de oportunidades quando se criam as condições adequadas para que tal aconteça”.

Daí que, acrescentou, é “imperioso combater estigmas e preconceitos, os quais continuam a ser barreiras à promoção da igualdade de género e ao combate à discriminação”.

Também a presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, Teresa Fragoso, considera que esta é uma batalha que “ainda está longe de ser consolidada”, pois “homens e mulheres ainda vivem em desigualdade de direitos e deveres”.

Além disso, continuam a existir “estereótipos discriminatórios do ponto de vista sexual, de que são exemplo recente os que surgiram em dois blocos pedagógicos, editados com diferentes exercícios para meninas e para meninos”.

Teresa Fragoso sublinha a necessidade de intervir na área da educação, que “foi sempre uma das áreas prioritárias” para a comissão, através da promoção do “respeito pelas diferenças, mas acima de tudo pela igualdade”.

Depois da sessão de abertura, os trabalhos do seminário, organizado com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, continuaram com um painel no qual Regina Marques, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, abordou o tema “Meninas e Meninos – Mundos Paralelos”.

Da parte da manhã houve ainda uma comunicação sobre os temas do encontro, conduzida por Anália Torres, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, e uma abordagem de Isabel Vieira, da Universidade Católica, sobre “A participação e os desafios da cidadania”.

O encontro prosseguiu, ao início da tarde, com Manuela Matos, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal, que apresentou o tema “Lançar redes em mar revolto: uma prática de trabalho com famílias”.

Antes da sessão de encerramento, ao final da tarde, seguiram-se comunicações de Teresa Andrade, do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, sobre “Estratégias Educativas para a Igualdade de Género no Pré-escolar”, e de João Arriaga e Francisco Paixão, do Centro Social de Palmela, que abordaram o tema “Um Olhar…Outras Perspetivas”.