A mostra “Dizem que é Américo | Um Fotógrafo | Outras Imagens | Novos Olhares”, aberta ao público no dia 19, no âmbito das comemorações dos 156 anos de elevação de Setúbal a cidade, é constituída por dez fotografias que refletem a visão que o autor construiu em 65 anos de carreira em torno de pessoas, lugares e estilos que caracterizam a cidade ao longo do século XX.

“Varinos e varinas a fazer rede”, “Regimento de Infantaria n.º 11 – Festa dos Recrutas de 1954”, “Içar da bandeira nos terrenos do estádio do Vitória”, “Almoço dos jocistas católicos do Cristo Rei”, “Setúbal vista do moinho das areias ou do Grill”, “Grupo de comerciantes junto da estátua de Bocage”, “Prédio que existiu no Largo da Misericórdia”, “Batalha das Flores” e uma foto sem título são as nove imagens de Américo Ribeiro, tiradas entre 1929 e 1976.

A mostra organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, que inclui ainda “Luísa Todi com ribeiro do Livramento”, de autor desconhecido, legendada por Américo Ribeiro, está patente até 25 de abril e pode ser visitada de segunda a sexta, das 09h00 às 17h30, nos Paços do Concelho.

O programa comemorativo da elevação de Setúbal a cidade prosseguiu com a apresentação da sessão “Da fotografia à memória – O papel do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro e do Centro de Memórias do Museu Michel Giacometti”, sobre o trabalho desenvolvido de preservação da história setubalense contemporânea.

“Este arquivo encarcera a sistematização, em suporte fotográfico, de acontecimentos, pessoas e mutações na paisagem urbana, num período de cerca de setenta anos, entre 1920 e 1990”, frisou a técnica municipal Maria Miguel Cardoso.

Um grupo de voluntários do Centro de Memórias tem a função de, por um lado, revisitar as fotografias, adicionando às legendas elementos descritivos relacionados com o reconhecimento de objetos, pessoas e lugares e, por outro, relatar as suas memórias associadas a determinadas fotografias, enquanto partes das suas histórias de vida.

“O grupo permanente de reconhecimento das imagens está, desde 2007, a trabalhar ativamente na revisão das imagens e no engrandecimento das suas legendas, tendo sido revistas até ao presente cerca de seis mil imagens que combinam a mensagem fotográfica com a mensagem escrita, tornando-se testemunhos indiscutíveis e variados do rumo deste último século da cidade de Setúbal”, adiantou, na mesma sessão, Bruno Ferro, do Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro.

O encontro apresentou ainda o trabalho desenvolvido pelo Centro de Memórias, com os contributos de Alberto Sousa Pereira, Alexandre Portela, Raúl Gamito Gomes e Rogério Vaz de Carvalho, para as fotografias incluídas na exposição “Dizem que é Américo | Um Fotógrafo | Outras Imagens | Novos Olhares”.

Após a apresentação, foi lançado o primeiro número da coleção de postais “Setúbal por Américo Ribeiro”, composto por uma seleção de vinte imagens de uma edição anterior da exposição, mais alargada e recentemente patente na Casa da Cultura.

Entre as imagens presentes na coleção de postais pode admirar-se um exercício dos bombeiros realizado em 1936 na Avenida Luísa Todi, a distribuição de sopa a crianças pobres pela Junta de Freguesia de Santa Maria da Graça na década de 30, a enorme de fila gerada às portas dos Paços do Concelho para as eleições de 25 de Abril de 1975 e o descanso de um descarregador de peixe.

O Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro conta com mais de 140 mil espécimes fotográficos, que retratam perto de setenta anos da história do concelho, acervo que se encontram num processo de recuperação e digitalização.

Ainda no Salão Nobre dos Paços do Concelho, o programa dos 156 anos de Setúbal como cidade terminou com as atuações do coro do município Afina Setúbal e do grupo Toquivozes.