A iniciativa de âmbito internacional, promovida pela AICD – Associação para a Inserção por Centros Digitais de Informação, é implementada localmente através de um protocolo de colaboração, assinado no dia 28, ao final da tarde, entre aquela instituição e a Câmara Municipal de Setúbal.

O Comité para a Democratização da Informática, instalado num espaço daquele equipamento comercial da cidade, disponibiliza a um grupo de oito jovens da Bela Vista um conjunto de recursos tecnológicos e ações de formação.

“Este é um território no qual há muito para descobrir e muitos talentos para trabalhar”, salientou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, para destacar a “grande transformação” gerada na Bela Vista e na zona envolvente, sobretudo através do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, que envolve os moradores em ações de melhoria dos bairros.

A autarca acentuou que esta é uma “iniciativa de oportunidades” ao dirigiu-se aos jovens que tiravam apontamentos e captavam imagens do momento com o intuito de produzir um trabalho para constar no jornal “O Bairro”, o novo projeto deste grupo que dinamiza o Festival Mudar o Olhar, uma das ações do “Nosso Bairro, Nossa Cidade”.

“Vocês são os principais obreiros desta mudança. Estão a fazer história”, afirmou Maria das Dores Meira, em jeito de agradecimento ao grupo de jovens, com idades entre os 15 e os 22 anos, por “estarem no caminho certo” de um trabalho conjunto que está a ser dinamizado naquele território de Setúbal.

O fundador e presidente do Comité para a Democratização da Informática, Rodrigo Baggio, recordou o lançamento deste projeto em Portugal, há cerca de um ano. “Lançámos as sementes e hoje estamos a colher os frutos”, sublinhou, orgulhoso do trabalho promovido pelos jovens setubalenses.

“Este é o primeiro passo, um exemplo que queremos estimular nos jovens”, frisou aquele responsável ao folhear uma edição do jornal, que inclui um logotipo personalizado que integra três bairros – Bela Vista, Alameda das Palmeiras e Forte da Bela Vista – assim como uma imagem de grupo em caricatura.

A criação de um jornal, ainda sem periodicidade definida, foi a resposta encontrada pelo grupo de trabalho para quebrar estereótipos quanto à imagem da Bela Vista no exterior. No futuro, há a possibilidade de este projeto se tornar sustentável e local de trabalho para alguns dos participantes.

Rodrigo Baggio adiantou que a atitude positiva do grupo, uma materialização do “poder de transformação da tecnologia”, pode e deve ser “geradora de outros projetos na comunidade”. Alertou, contudo, que a replicação deste sucesso é “uma responsabilidade acrescida”.

A mesma ideia foi partilhada pelo diretor executivo do Comité para a Democratização da Informática – Portugal, João Baracho. “Temos aqui um grupo fantástico e estamos empenhados em fazer deste projeto um sucesso ainda maior e, sobretudo, ajudar as pessoas com o trabalho em equipa.”

Dinamizado num espírito idêntico ao do “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, este projeto assenta na premissa de que toda a ação deverá ser geradora da participação das pessoas nas decisões a que a elas e à sua comunidade dizem respeito, promovendo a autonomia, a responsabilidade e o crescimento coletivo.

O Comité para a Democratização da Informática, organização não-governamental fundada em 1995, no Brasil, tem como principal missão promover a inclusão social com recurso às tecnologias de informação e comunicação e estimular o empreendedorismo e a cidadania ativa.

A organização conta com um total de 821 centros de inclusão digital, incluindo três em Portugal – Almada, Setúbal e Vale de Cambra – instalados em 13 países, nomeadamente no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, México, Peru, Reino Unido, Uruguai e Venezuela.