“Temos desenvolvido, nos últimos anos, um conjunto de ações que visam a sustentabilidade dos espaços verdes e uma utilização mais racional do uso da água na rega”, sublinhou André Martins  na sessão de abertura das “I Jornadas Técnicas em Espaços Verdes”.

O autarca, afirmando que a correta gestão da água “é um fator chave na sustentabilidade dos espaços verdes”, reforçou que a opção estratégica da Autarquia materializa “um imperativo ambiental e económico aliado a uma crescente consciencialização na sociedade de que os recursos hídricos não são ilimitados”.

No encontro, promovido pela Câmara Municipal de Setúbal com o patrocínio da empresa Moix, André Martins abordou, igualmente, uma série de boas práticas implementadas no concelho na conceção e manutenção dos espaços verdes, com vista a melhorar a eficiência da gestão e a sustentabilidade ambiental.

A “eliminação total da rega com mangueira e adoção de modernos sistemas gota a gota, com gestão automatizada” foram medidas destacadas pelo vice-presidente da Autarquia, assim como a supressão de zonas ajardinadas com uma área inferior a 150 metros quadrados, “medida fundamental para a racionalização” de recursos.

“Um sistema de rega é uma ferramenta de valor acrescentado se for bem projetado, com equipamentos cuidadosamente selecionados, instalados por técnicos competentes e inseridos num plano de manutenção a longo prazo”, vincou André Martins.

A implementação de ações de formação interna e apoio técnico na manutenção de espaços verdes, a realização de auditorias aos sistemas e a atualização da regulamentação da edificação e urbanização no Município foram outras decisões tomadas pela Câmara Municipal de Setúbal nos últimos anos.

Além de trabalhos de adequação dos solos para aumentar a eficiência da água e reduzir o crescimento de infestantes, da produção de plantas nos viveiros municipais e da plantação de espécies mais resistentes nos espaços públicos, a Autarquia tem vindo a concretizar outros investimentos para reduzir custos com a rega.

“A utilização de água proveniente de furos de captação subterrânea”, medida já concretizada em três parques da cidade – Algodeia, Bonfim e Vanicelos – é uma das principais apostas na Autarquia na área dos espaços verdes, frisou André Martins, afirmando que todas estas boas práticas correspondem a “poupanças anuais globais superiores a 10 por cento”.

O vice-presidente da Autarquia sadina enalteceu, igualmente, o esforço do Município em garantir, cada vez mais, “uma prática assumida de utilização de menos recursos hídricos, assegurando os mesmos objetivos”, ou seja, a manutenção e criação de espaços verdes e a melhoria da qualidade de vida das populações.

O caso de Setúbal esteve em destaque na iniciativa, com o chefe da Divisão de Espaços Verdes da Autarquia, Sérgio Gaspar, a apresentar alguns dos progressos alcançados na última década, dando a conhecer, em detalhe, algumas das medidas e práticas adotadas com vista à promoção de áreas verdes sustentáveis.

A reorganização operacional e a instalação de sistemas de rega automatizados foram medidas salientadas por Sérgio Gaspar, vincando que a “introdução destas boas práticas conduziu à alteração da conceção, construção, manutenção e gestão de espaços verdes em geral e dos sistemas de rega em particular”.

Em Setúbal, reforçou, “todos os espaços verdes do concelho, num total de 90 hectares, estão já apetrechados de sistemas de rega automáticos”, adiantando que a zona do Bairro da Azeda foi a última a receber este tipo de equipamentos.

Sérgio Gaspar anunciou que, em breve, a Autarquia vai avançar com a construção de um furo de captação de água subterrânea nos Viveiros Municipais das Amoreiras, espaço no qual foram produzidas, nos últimos três anos, 87.434 plantas, o que corresponde a “dois terços das herbáceas plantadas em espaços públicos do concelho”.

O investimento em novos equipamentos e ferramentas, como a aquisição de uma máquina abre-valas, e a redução, entre 2008 e 2012, em cerca de 20 por cento no consumo de água nos principais parques da cidade, foram outras mais-valias apresentadas no âmbito da política de criação de espaços verdes sustentáveis em Setúbal.

Seguiu-se uma apresentação sobre a assistência técnica especializada sobre as melhores práticas de uso de água em espaços verdes, conduzida por Fernando Nunes, engenheiro agrónomo e responsável técnico do Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio.

“Procuramos, diariamente, as melhores estratégias integradas que permitam melhorar a sustentabilidade”, afirmou Fernando Nunes, abordando um conjunto de medidas em vigor e que vão ser impostas até 2020 no âmbito do Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água.

Aquele responsável deu ainda alguns exemplos práticos de como a eficiência de rega nos espaços verdes pode ser melhorada, de ajustes técnicos no sistema, verificando regularmente, os ângulos de rega e a pressão da água, à realização de auditorias para otimização dos sistemas.

No período da manhã, além de um debate, houve ainda dois painéis temáticos, um conduzido por Pedro França, auditor de sistemas de rega da Moix Portugal, que falou sobre a “Auditoria aos sistemas de rega do concelho de Setúbal”, outro dinamizado por Marta Pereira, engenheira agrícola da Câmara Municipal da Maia, que explanou sobre o percurso e as ações no uso eficiente da água de rega naquele concelho.

O encontro prosseguiu no período da tarde com um conjunto de painéis temáticos dinamizados por técnicos especializados, de vários pontos do País, e com oradores provenientes de Espanha, numa partilha de experiências e troca de conhecimentos com vista à melhoria da sustentabilidade ambiental urbana.

O encerramento das “I Jornadas Técnicas em Espaços Verdes” esteve a cargo da diretora do Departamento de Ambiente e Atividades Económicas da Câmara Municipal de Setúbal, Elsa Lopes, e do gerente da Moix, Serveis i Obres, SL, Josep Moix.