Os ciprestes inspiram a nova fase de criação artística de José Mouga, um “artista que rompe com estéticas definidas e que com este trabalho, que requer uma observação precisa, nos remete para uma viagem”, afirmou o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina.

A exposição patente na Galeria de Exposições da Casa da Cultura, que deixa transparecer uma “elevada carga de simbolismo”, salientou o autarca, é composta por mais de duas de dezenas de pinturas e desenhos que o artista plástico dedica ao professor, crítico e historiador de arte Rui Mário Gonçalves.

O vereador Pedro Pina realçou que é “um orgulho” trazer a Setúbal os mais recentes trabalhos do artista, sobretudo num momento em que “se assinalam dois anos de vida da Casa da Cultura”, equipamento que, desde sempre, tem dado “particular relevância às artes plásticas”.

A inspiração deste trabalho de José Mouga vem dos tempos de juventude, por altura do serviço militar obrigatório. Numa viagem, observou um grupo de ciprestes às portas do Alentejo. Ficou fixado naquela imagem durante algum tempo. Mais tarde, já em Évora, a mesma árvore revelou-se a partir da vista do quarto em que pernoitava. 

Foi desenhando os ciprestes ao longo dos anos, em pequenos cadernos onde toma notas e faz vários esboços, até à altura de criar a exposição que, de acordo com José Mouga, materializa “um regresso a uma pintura com matéria e textura, com muita cor”.

O artista plástico, ao afirmar que ao longo de toda a vida “nunca teve um estilo definido”, classificou o trabalho como “um processo de fecundação”. José Mouga anunciou que “Notas de Viagens” é, muito possivelmente, uma despedida da pintura a cores. “Não sei se vou voltar a pintar a cor.”

José Mouga, natural de Viseu, regressa a Setúbal com a exposição dos mais recentes trabalhos depois de há largos anos, com um grupo de amigos, ter dinamizado a iniciativa “Claustromania”, no Convento de Jesus, com um conjunto de atividades culturais dirigidas à população.

“Notas de Viagem”, uma exposição de pintura e desenho que chega a Setúbal numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal e o atelier DDLX, está patente até 5 de novembro naquele equipamento cultural, de terça a quinta-feira das 10h00 às 24h00, às sextas e sábados até à 01h00 e ao domingo até às 20h00.

“É um pintor sem mestre”, elogiou Manuel Augusto Araújo, assessor para a Cultura na Câmara Municipal de Setúbal, ao referir que as criações do artista não respeitam nenhum conceito pré-concebido. “É a evidência de um constante renascimento da pintura.”

Já José Teófilo Duarte, da DDLX, partilhou com o público a faceta de professor de José Mouga, que “dava aulas a contar histórias”. Destacou ainda o facto de “Notas de Viagem”, a “nova fase de pintura” do artista plástico, ser especialmente dedicada ao historiador de arte Rui Mário Gonçalves, falecido em maio.

Casa da Cultura atrai milhares

O encontro com José Mouga, no âmbito da inauguração da exposição “Notas de Viagem” e uma das iniciativas do segundo aniversário da Casa da Cultura, serviu de pretexto para apresentar o sítio do equipamento municipal, acessível através do endereço www.casadacultura-setubal.pt.

A nova plataforma disponibiliza informações sobre as atividades regulares e pontuais dinamizadas naquele espaço de concentração das artes, com exposições, palestras, encontros, música e cinema, que em dois anos de funcionamento acolheu “mais de 100 mil visitantes”, adiantou o vereador da Cultura da Autarquia, Pedro Pina.

A Casa da Cultura, local de fruição e partilha cultural setubalense com iniciativas dinamizadas regularmente por associações da cidade, algumas delas com espaços próprios no imóvel, foi inaugurada a 5 de outubro de 2012, na sequência da requalificação de um edifício histórico da cidade

O equipamento conta com centros de documentação, espaços para concertos, produção musical e para as artes plásticas, áreas multiusos e zonas de lazer e restauração. Possui ainda biblioteca, livraria, discoteca, videoteca e uma área de comercialização de diversas produções artísticas.

Com cerca de 60 mil visitantes só em 2014, a Casa da Cultura, um espaço de resistência, afirmou Pedro Pina ao relembrar o antigo Círculo Cultural de Setúbal, proporciona “aos setubalenses e àqueles que visitam a cidade uma oferta diversificada de cultura, com qualidade”.

A aposta na cultura, com a promoção de inúmeras iniciativas e com a reabilitação, nos últimos anos, de vários espaços e equipamentos culturais, é uma “uma viagem de continuidade que a Câmara Municipal de Setúbal quer continuar a fazer” em conjunto com a população, frisou o vereador.