Os navios chegaram a Setúbal no dia 26 de manhã. O Creoula foi o primeiro a acostar. O conjunto de mochilas arrumadas junto da saída da embarcação da Marinha retratou a noite dos quarenta jovens, com idades entre os 14 e os 18 anos, fora de casa.

A embarcação partiu no dia 25 à tarde da Base Naval de Lisboa, no Alfeite, Almada, em direção a Sesimbra, onde ficou fundeada toda a noite, seguindo a 26 de manhã para Setúbal.

“Ler cartas náuticas, mexer no leme, fazer nós nas cordas, arrumar o material, lavar o convés, fazer os turnos” foram algumas das funções de Ana Rita, 16 anos, no navio.

O trabalho em equipa, reforçado durante a atividade promovida pela Câmara Municipal de Setúbal juntamente com a APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, é uma das prioridades da tripulação do Creoula. “Os instruendos, repartidos em quatro turnos, cada um deles de quatro horas, com dez elementos cada, conheceram as tarefas de vida a bordo do navio”, explica Gilberto Malheiro, chefe de serviço de mecânica no navio.

A bordo, seguiram jovens de uma escola da Quinta do Conde e também da Casa de Gaiato de Setúbal, como é o caso de Assana Baldé. “É uma oportunidade única, porque convivemos. Se pudesse voltar de novo, voltava”, confessa.

Arrumar os beliches é outra das tarefas obrigatórias a todos os jovens tripulantes. “Eles entram no nosso mundo e têm um pouco a noção do que é a vida militar”, explica Gilberto Malheiro.

O Creoula é operado pela Marinha desde 1987, ano em que assume a função de navio de treino de mar. Navega com uma guarnição militar de cerca de quarenta elementos, de forma a poder integrar instruendos na vida a bordo.

Minutos depois da chegada do Creoula ao porto de Setúbal foi a vez da caravela Vera Cruz, uma réplica dos navios portugueses utilizados nos Descobrimentos, nos séculos XV e XVI, com 11 jovens a bordo, alunos do curso profissional de técnico de segurança e salvamento em meio aquático da Escola D. João II.

“Caça, caça o cabo!”, grita um dos tripulantes de dentro da caravela da Aporvela.

A aventura começou na Doca de Alcântara, em Lisboa, e passou pelo Cabo Espichel, Sesimbra, antes de chegar a Setúbal. Durante o tempo em mar, os jovens tripulantes participaram em atividades que tornam possível a navegação marítima, “desde os trabalhos de manutenção, à limpeza da embarcação, até à responsabilidade de assumirem o comando do leme”, explica Francisco Albino, secretário da assembleia-geral da Aporvela.

O Creoula e o Vera Cruz acostaram junto do Sagres, navios visitados por centenas de pessoas durante a tarde e a noite de dia 26.

A 27 de manhã, último dia das comemorações da Semana do Mar 2015, os navios deixaram Setúbal, nos casos do Creoula e do Vera Cruz com outra meia centena de jovens a bordo.