A decorrer até dia 16, o Festival Internacional de Cinema de Setúbal recorda o seu fundador, Mário Ventura, numa mostra de 25 telas da autoria de Renzo Fegatelli, jornalista, escritor e pintor italiano, que acompanha o certame desde a primeira edição.

Retratos de Mário Ventura e de personalidades do mundo do cinema, como Pedro Almodóvar, e da literatura portuguesa, como José Cardoso Pires, que passaram pelo festival ao longo de quase três décadas, estão em exposição no foyer do Fórum Luísa Todi.

Renzo Fegatelli, que subiu ao palco na cerimónia de abertura, salientou não estar ali para “fazer conversa nem tecer elogios a um amigo”, mas para pedir que o “trabalho literário de Mário Ventura não seja esquecido” e dado a ler aos jovens setubalenses.

Emocionada, a diretora do Festroia, Fernanda Silva, leu um excerto de um discurso de Mário Ventura que questionava as dificuldades na realização do certame, em 1998, e citou a letra de Jorge Palma “enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar”, assegurando o prosseguimento do festival, apesar das dificuldades nos apoios em cada edição.

Este ano, o cinema da Bélgica está em destaque, com a exibição de trinta filmes, e para receber o Golfinho de Cristal esteve o embaixador belga em Portugal, Bernard Pierre, que agradeceu à presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, por apoiar o festival, uma vez que o Município é patrocinador principal.

O diplomata relevou a multiculturalidade que caracteriza a Bélgica, pelas regiões da Flandres, no Norte, e da Valónia, no Sul, patente nos filmes. “São duas sensibilidades que podem ser diferentes.”

Também belga, da região da Flandres, o ator Jan Decleir foi homenageado na abertura da 29.ª edição do Festroia, com o Golfinho de Ouro de Carreira, duas semanas depois de ter recebido o prémio de mérito cultural da comunidade flamenga.

Orgulhoso por ser convidado de honra no Festival Internacional de Cinema de Setúbal, Jan Decleir, defensor do cinema europeu de qualidade, salientou que esta é a maior exibição de filmes belgas “de sempre” num festival. “Nem na Bélgica”, frisou.

“Muitas lágrimas e muitas gargalhadas” foi o desejo deixado pelo ator, acerca dos filmes belgas, momentos antes de descerrar, juntamente com a diretora do Festroia e a presidente da Autarquia, a placa que assinala o tributo.

O filme de abertura desta edição também veio da Bélgica. “Até à Vista”, de Geoffrey Enthoven, e “Ilegal”, de Olivier Masset-Depasse, foram os filmes, ambos da Bélgica, que inauguraram as sessões deste ano no Fórum Luísa Todi e no Cinema Charlot – Auditório Municipal.

Até dia 16, são exibidos mais de 170 filmes de 43 países, incluindo um ciclo dedicado ao amor com 14 longas-metragens europeias recentes.

Em competição estão 15 filmes na Secção Oficial, produzidos em países como Finlândia, Noruega, Islândia e Chile. Destaque ainda para a coprodução Uruguai/Portugal “Darwin’s Corner”, a apresentar nas Primeiras Obras, e para os 21 documentários com temáticas atuais na secção O Homem e a Natureza.

A cerimónia de entrega de prémios realiza-se no dia 15, às 21h00, no Fórum Luísa Todi.

Integradas na Mostra do Cinema Português estão as quatro curtas-metragens vencedoras do “Curtas Sadinas 2013”, concurso promovido pela Câmara Municipal de Setúbal, patrocinador principal do certame cinematográfico.

Este ano, o Festroia oferece vinte bilhetes em cada sessão a pessoas em situação de desemprego, além de promover sessões infantis, à terça e quinta-feira, às 11h00, no Cinema Charlot, gratuitas para as escolas.