Com renovadas dinâmicas e um novo conceito de funcionamento, o equipamento municipal apresenta-se “mais funcional e agradável”, reforçou a autarca na cerimónia de reabertura, que contou com a presença de membros do Executivo municipal e de representantes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, da Associação de Comerciantes do Mercado do Livramento e de outras entidades envolvidas no projeto.

Antes do discurso oficial, a presidente da Autarquia visitou as instalações renovadas do Mercado do Livramento, cumprimentando os comerciantes, que se mostraram extremamente agradados com as novas condições de trabalho.

A colocação de estátuas que retratam algumas das profissões dos comerciantes, da autoria do escultor Augusto Cid, oferecidas à Autarquia no âmbito do mecenato pela Fundação Buehler-Brockhaus, surpreenderam os muitos clientes que o Mercado do Livramento teve na reabertura do principal edifício.

“Reabrimos o mercado depois de um ano de obras e de funcionamento da nossa praça em instalações que, apesar do caráter provisório, cumpriram eficazmente o objetivo de acolher comerciantes e clientes num espaço onde todos se sentissem bem”, frisou Maria das Dores Meira, exprimindo, emocionada: “Valeu a pena.”

O Mercado do Livramento, fundado há 135 anos em Setúbal, reabriu após obras que, nomeadamente, integram uma nova estrutura de betão ao nível do primeiro piso, o que permitiu a ampliação da área das lojas.

Foram executadas novas infraestruturas de águas, gás, esgotos e eletricidade e a cobertura foi substituída por painéis metálicos, mantendo-se a estrutura de acordo com o original. Todos os revestimentos de paredes, tetos e pavimentos foram substituídos, incluindo as lojas da zona norte.

As novas bancadas foram executadas em alvenaria e mármore. “Uma exigência dos nossos comerciantes que ajuda a preservar a tradição da praça de Setúbal e, num mundo estandardizado, a criar a diferença que se impõe e tanto agrada a quem aqui vem”, manifestou Maria das Dores Meira.

Os trabalhos da primeira fase da empreitada de requalificação do Mercado do Livramento incluíram também a recuperação dos vãos exteriores e da fachada exterior. “Temos um espaço em que a modernidade convive harmoniosamente com a tradição de um mercado fundado em 1876”, reforçou a edil.

O Mercado do Livramento tem 30 lojas no piso inferior, onde funcionam talhos, cafés e uma garrafeira, e oito lojas no piso superior, prevendo-se a existência de esteticista, cafés, lojas de isco e artigos de pesca e um salão de cabeleireiro.

Nas ilhas do piso térreo estão instalados 70 comerciantes de peixe, 38 de fruta e produtos hortícolas, sete concessionários de venda de pão, cinco de queijos, três de flores e cerca de 120 produtores de fruta e hortofrutícolas, espaço onde estão também incluídos três produtores de mel.

A nova definição das áreas de venda implicou a redução do número de bancas, resultante de conversações com todos os concessionários e respetivas associações para a redução e agrupamento do número de titularidades em função das características e disposição dos novos espaços de venda.

“Foi uma decisão difícil, mas que se impunha, perante a necessidade de criar uma funcionalidade acrescida numa praça que há muito tinha deixado de corresponder a regras básicas”, adiantou a autarca, reforçando, que as complexas obras no equipamento foram sempre realizadas com o intuito de dar melhores respostas para os operadores.

Os comerciantes do Mercado do Livramento são “a verdadeira alma desta praça, o verdadeiro motivo que atrai tanta gente a este espaço que, mais do que a vertente comercial, é um local de convívio de velhos e novos amigos e um ponto de encontro para setubalenses e forasteiros”, vincou a presidente da Câmara Municipal.

Maria das Dores Meira salientou que esta foi uma operação complexa porque implicou a mudança de centenas de comerciantes e de toda a logística que os envolve, mas, ao mesmo tempo, “bem sucedida porque ao longo do tempo em que o mercado funcionou em instalações provisórias, sem nunca perder o contacto com o edifício principal, todos ficaram satisfeitos com os seus espaços e todos tiveram uma palavra a dizer no processo”.

O presidente da Associação de Comerciantes do Mercado do Livramento, Henrique João, enalteceu “o trabalho árduo e o esforço de todos os envolvidos” nas obras do mercado e brincou. “Está bonito, não está?”, referiu, entre risadas orgulhosas do trabalho alcançado.   

Henrique João, elogiando as características únicas do Mercado do Livramento, enalteceu ainda a presença da “Ti Helena”, a mais antiga comerciante a exercer a sua atividade no equipamento. Com 87 anos, está no mercado há 70. 

A segunda fase de intervenções, com conclusão prevista para dezembro, vai permitir ampliar o edifício do Mercado do Livramento, com vista à criação de uma zona de cargas e descargas, instalações de frio, portaria, arrecadação, balneários e instalações sanitárias para os comerciantes e mais oito lojas.

Finalizada esta fase, os painéis de azulejos do Mercado do Livramento, que vão continuar protegidos durante as delicadas operações de demolição que ainda são necessárias, vão ser alvo de operações de restauro, executadas por técnicos especializados.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal revelou ainda que foram iniciadas “negociações para adquirir um novo espaço para instalar um estacionamento dedicado ao Mercado, que muito contribuirá para melhorar os acessos a esta grande superfície comercial”.

No final, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal foi surpreendida com a oferta de um bolo comemorativo da reabertura, oferecido pela Casa das Bifanas, instalada no mercado. Maria das Dores Meira agradeceu o gesto e, juntamente com os muitos populares presentes, brindou ao renovado espaço de comércio da cidade.

A empreitada “Requalificação e Modernização do Mercado do Livramento”, do PIVZRS – Programa Integrado de Valorização da Zona Ribeirinha de Setúbal, constitui um investimento global de 3 milhões, 206 mil e 265,16 euros, com uma comparticipação de 1 milhão, 183 mil e 524,43 euros de fundos comunitários através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.