Presidente da Câmara, André Martins, na apresentação do livro “Anais de Setúbal do Século XX – uma cronologia ilustrada”, com os autores, Alberto Sousa Pereira e José Madureira Lopes, e José Custódio Vieira da Silva, que escreveu o prefácio.

O livro “Anais de Setúbal do Século XX – uma cronologia ilustrada”, apresentado na tarde de 4 de março, é uma ferramenta que revela o passado para ajudar a compreender o presente coletivo setubalense, destacou o presidente da Câmara Municipal, André Martins.


“O que somos hoje e o que seremos amanhã resulta, em muito, dos acontecimentos aqui cronologicamente relatados, de forma simples e objetiva e, em vários casos, acompanhados de uma pequena contextualização”, afirmou o presidente da autarquia, André Martins, sobre a obra de Alberto Sousa Pereira e de José Madureira Lopes.

O autarca frisou que o livro, apresentado numa sessão realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho, constitui “mais uma peça da já extensa bibliografia que, nos últimos anos, tem sido produzida sobre Setúbal”, com “presença destacada” dos dois autores.

André Martins recomendou a leitura de “Anais de Setúbal do Século XX – uma cronologia ilustrada” a todos os que gostam da cidade e partilhou algumas curiosidades que descobriu na obra, ao procurar o que aconteceu em anos passados no mês de março.

A primeira, datada de 1972, foi o protesto dos cerca de 400 comerciantes do mercado, com medo de falirem, contra a autorização da construção, ao lado do Mercado do Livramento, do primeiro supermercado de Setúbal, o então Pão de Açúcar, agora Pingo Doce.

“Sabemos bem o que aconteceu: o mercado continua aí, e cada vez mais pujante, em particular depois de a Câmara o ter requalificado em 2013 e de ter sido classificado como um dos mais famosos mercados do mundo”, salientou.

Em 2 de março de 1975, o militante antifascista Jaime Rebelo, que em 1934 cortara a língua com uma dentada “para não denunciar os seus companheiros” quando torturado, passou a dar o nome à avenida até então chamada Almirante Tenreiro, “personagem destacada do fascismo”, mas a homenagem ficou marcada pelo facto de a placa ser roubada passados dois dias, “o que atesta bem o ambiente vivido na época”.

André Martins recordou anda que, em 7 de março de 1976, o pavilhão do Clube Naval Setubalense foi palco de “uma jornada de apoio à reforma agrária onde atuaram José Afonso e Francisco Fanhais”, e em 4 de março de 1983 “foi publicada a portaria que instituía a Região de Turismo de Setúbal”.

Depois de sublinhar que o livro é uma “ferramenta utilíssima” para se conhecer “os anos de novecentos” na cidade e no concelho de Setúbal, o presidente da Câmara agradeceu aos autores e aconselhou a “leitura atenta” deste “repositório do que foi a vida setubalense do século passado”, no qual se podem encontrar as causas de esta ser “uma grande cidade com forte identidade e personalidade”.

O terceiro livro feito em coautoria é resultado de cerca de 20 anos de trabalho de pesquisa e conta o século XX em Setúbal, dia a dia, “de uma maneira cronológica e metódica”, como afirmou Alberto Sousa Pereira.

Possui cerca de três centenas de documentos gráficos ou fotográficos, várias tabelas – apresentando todos os resultados eleitorais registados em Setúbal após o 25 de Abril – e centenas de notas apensas às notícias, que comentam, explicam ou pormenorizam o que foi publicado nas diversas fontes utilizadas, as quais foram essencialmente jornais.

Alberto Sousa Pereira afirmou que o livro “mostra os mais diversos aspetos da vida da cidade, desde o grande acontecimento, como o que foi o 25 de Abril em Setúbal, até aos pequeninos acontecimentos” e “pode ser lido de três maneiras diferentes” – de seguida; salteado, através da procura de datas específicas; ou consultado pontualmente, beneficiando de um índice remissivo muito completo.

José Madureira Lopes indicou que a obra resulta de um processo contínuo “de valorização do património material e imaterial” da cidade e que “esta cronologia do século XX em Setúbal dirige-se sobretudo aos setubalenses”, mas é, ao mesmo tempo, “um desafio para os vindouros que se interessam por este tema”.