A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, que abriu os trabalhos do seminário “Locais de Trabalho Saudáveis para todas as idades”, organizado pela ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho, em parceria com a autarquia e a empresa de consultoria e formação Cedros, sublinhou que é fundamental refletir sobre estas matérias.

“Como se pode e deve criar locais de trabalho mais saudáveis assume lugar de relevo nas preocupações de todos os que têm responsabilidade nas empresas, na administração pública e na administração local.”

A autarca garantiu que a Câmara Municipal de Setúbal leva estas matérias “muito a sério” e tem um Gabinete de Saúde Ocupacional que desenvolve atividades com o objetivo de prevenir os perigos e consequentes riscos existentes nos vários locais de trabalho.

O Gabinete de Saúde Ocupacional é o serviço municipal responsável pela avaliação dos postos de trabalho e dos riscos profissionais, por realizar auditorias às instalações e locais de trabalho sempre que necessário e por todas as questões relacionadas com a saúde no trabalho, comunicando, sistematicamente, os valores associados a esta matéria.

Maria das Dores Meira assegurou que a autarquia trabalha em permanência com o objetivo de que os locais de trabalho “sejam o mais saudáveis possível”, embora tenha consciência de que haverá “sempre problemas para resolver”.

A edil questionou-se, no entanto, se esta preocupação, que “é a realidade na maior parte da administração local e central”, é seguida nas empresas, em particular nas pequenas e médias empresas.

“Este é um dos grandes desafios que se colocam às nossas empresas, um desafio que tem de ser encarado com nova cultura empresarial, uma nova visão do que deve ser a responsabilidade social, na qual se integram também estas matérias”, acentuou.

A sessão de abertura do encontro contou ainda com intervenções de responsáveis da ACT, nomeadamente do subinspetor-geral Manuel Roxo e do subdiretor da Unidade Local de Setúbal, Mário Rui Costa.

Mário Rui Costa lembrou que este seminário é uma das iniciativas realizadas em 2016 no âmbito da campanha europeia “Locais de trabalho saudáveis para todas as idades”, com o objetivo de refletir sobre a problemática do envelhecimento dos trabalhadores.

Também Manuel Roxo sublinhou a vontade política existente na União Europeia para suscitar a reflexão sobre o tema e sobre “o que se pode fazer para envelhecermos trabalhando”.

O responsável defendeu que o grande desafio dos dias de hoje para a ACT é perceber “como se pode ter uma atividade económica sustentável com uma mão de obra de idades diversificadas” e com um número cada vez maior de trabalhadores mais velhos entre a população ativa.

Manuel Roxo acrescentou que hoje há outras preocupações que não existiam há alguns anos, uma vez que “a intensidade do trabalho é maior e a saúde mental é muito importante”. Daí que seja fundamental “partilhar experiências e boas práticas e refletir sobre como manter os locais de trabalho saudáveis”.

Uma das boas práticas em análise no seminário é a do Serviço de Saúde Ocupacional da Câmara Municipal de Setúbal, apresentado pelo chefe da Divisão de Recursos Humanos, António Pinto.

O serviço, criado em 2002, permite o registo da situação de saúde dos trabalhadores, nomeadamente saber quantas e quais as doenças profissionais existentes, além do número de acidentes de trabalho que ocorre anualmente, algo que não era possível antes da criação do gabinete.

“Agora é possível um controlo de tudo o que diz respeito a estas temáticas, o que é importante para darmos uma resposta cabal às situações que ocorrem no dia a dia e para definirmos estratégias de prevenção”, explicou António Pinto.

O Serviço de Saúde Ocupacional realiza auditorias e análises de risco dos postos de trabalho e, com base nos resultados, faz recomendações aos responsáveis das diferentes unidades orgânicas da autarquia “para que procedam em conformidade”.

Embora a Câmara de Setúbal esteja no bom caminho em relação a esta matéria, “só é pena”, lamenta António Pinto, que a administração central, através do Departamento de Proteção Contra Riscos Profissionais, do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, “não dê a resposta rápida” aos processos que são enviados pela autarquia para que a doença profissional seja ou não certificada.

“Este é o grande problema, porque as despesas são enormes. Os trabalhadores ficam ausentes durante muito tempo até se saber o resultado, por vezes dois a três anos, e há grande restrição no recrutamento de novos trabalhadores.”

O seminário incluiu ainda a apresentação por Emília Telo, coordenadora do Ponto Focal Nacional da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (PFN/EU-OSHA), da campanha sobre “Locais de Trabalho Saudáveis para Todas as Idades”, e a exibição do filme “Work For One Day”.

“Sustentabilidade do Trabalho e Envelhecimento Ativo” foi o tema do painel moderado pelo diretor da Cedros, Luís Coelho, no qual participou, além do chefe da Divisão de Recursos Humanos da Câmara de Setúbal, Delfina Sebastião, psicóloga da Câmara Municipal de Palmela, e Gisela Maria Schwartz, professora na Universidade Estadual Paulista, do Brasil.

A apresentação das conclusões do encontro, prevista para as 17h00, está a cargo de Mário Rui Costa, da ACT, Luís Coelho, da Cedros, e da vereadora das Atividades Económicas da Câmara Municipal de Setúbal, Carla Guerreiro.