Quatro décadas após a Revolução dos Cravos, momentos que marcaram o antes e o depois do 25 de Abril de 1974 são revisitados em mais de uma centena de cartoons marcados pela ferocidade, ironia e subtileza com que Abel Manta narrou aquele período.

A exposição, composta por trabalhos publicados, sobretudo, no suplemento literário do Diário de Lisboa, é dividida em duas partes, a primeira com uma caracterização de Portugal nos últimos anos da ditadura, a segunda sobre a aceleração apaixonada vivida entre 25 de abril de 1974 e 25 de novembro de 1975, durante o PREC.

“João Abel Manta – Cartoonista de Abril”, mostra organizada pela Câmara Municipal de Setúbal em colaboração com o Museu da Cidade, em Lisboa, com um total de 103 cartoons, está patente até 10 de maio. Pode ser visitada de terça a sexta-feira das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 e aos sábados das 14h00 às 18h00.

João Abel Manta nasceu em 1928, em Lisboa. Formado em Arquitetura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1951, dedicou grande parte da carreira à vertente de artista plástico, ao elaborar vários trabalhos nas áreas de pintura, cerâmica, tapeçaria, mosaico, ilustração, artes gráficas e cartoon.

Publicou os primeiros cartoons na revista Arquitetura, depois no Almanaque e no suplemento literário do Diário de Lisboa. Com José Cardoso Pires criou ilustrações do “Dinossauro Excelentíssimo”, personagem em que retratava Salazar-o-Botas, parceria que continuou no “Burro em Pé”.

Abel Manta, com Alberto Pessoa e Hernâni Gandra, foi responsável pelo projeto dos blocos habitacionais da Avenida Infante Santo, uma das principais referências arquitetónicas de Lisboa, trabalho com o qual ganhou, em 1957, o Prémio Municipal de Arquitetura.

Entre outras distinções, Abel Manta conta no currículo com o Prémio Nacional da Sociedade Nacional de Belas Artes (1949), o Prémio da Fundação Calouste Gulbenkian (1961) e a Medalha de Prata na Exposição Internacional de Artes Gráficas, em Leipzig (1965).