A previsão de abertura, indicada no dia 10 em conferência de imprensa realizada no interior do mercado, a que se seguiu reunião com os operadores do equipamento municipal, está condicionada a pareceres do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil e da Autoridade para as Condições do Trabalho.

“Vamos apresentar até domingo uma proposta [de construção de uma parede provisória] ao LNEC e esperamos que tudo corra como previsto”, adiantou Maria das Dores Meira, reforçando que, “após as autorizações das entidades, em 48 horas é feita a nova parede e o Mercado do Livramento entrará em funcionamento quarta ou quinta-feira”.

A autarca salientou que a proposta apresentada “garante a segurança aos operadores e aos milhares de clientes que procuram o Mercado do Livramento”, reafirmando que a “integridade do edifício não está ameaçada”, situação já confirmada pelo LNEC.

Maria das Dores Meira mostrou-se preocupada com os cerca de 300 operadores do Mercado do Livramento que não podem exercer a atividade profissional, garantindo que estes serão compensados pelos prejuízos causados pelo encerramento temporário.

“Vai ser acionado um seguro para que as pessoas possam ser ressarcidas dos prejuízos que estão a ter. É a subsistência destes comerciantes que está em jogo”, vincou, adiantando que a hipótese de abertura parcelar do mercado não está posta de lado, embora prefira uma solução definitiva e para todos.

O Mercado do Livramento está encerrado na sequência da derrocada de uma parede, ocorrida na tarde de dia 7, que provocou a morte a cinco trabalhadores e ferimentos ligeiros noutro operário que executavam operações nas fundações para a futura área técnica de apoio ao edifício.

A autarca esclareceu que as intervenções de remodelação e ampliação do Mercado do Livramento foram adjudicadas em reunião pública, por unanimidade, à ABB – Alexandre Barbosa Borges, SA., empresa “responsável pela elaboração do projeto e execução da obra”.

Maria das Dores Meira reforçou que foi contratada, por concurso público, uma empresa especializada para fiscalização da obra. Mais, a Autarquia disponibilizou uma técnica para fazer acompanhamento das intervenções, mesmo não sendo obrigada a isso.

“Os procedimentos estão todos legais e estamos de consciência tranquila”, afirmou a presidente da Câmara Municipal, que lamentou “profundamente” o “aproveitamento partidário deste assunto tão sério e triste”.

Em resposta a uma questão colocada por um jornalista sobre uma afirmação de Marques Mendes, comentador político, ex-presidente do PSD, que comparou este caso ao da tragédia de Entre-os-Rios, em que o ministro das Obras Públicas da altura, Jorge Coelho, se demitiu, para considerar que devia suceder agora o mesmo a nível local.

“Não há comparação possível entre os dois casos porque a Câmara Municipal de Setúbal nunca teve quaisquer documentos que fizessem prever este acidente no Mercado do Livramento”, vincou Maria das Dores Meira.

Relativamente às causas que provocaram o acidente, referiu que as autoridades ainda não apontaram as razões, adiantando que a Autarquia “está a aguardar com seriedade, responsabilidade e transparência os relatórios do LNEC, cuja auditoria foi solicitada pela Câmara Municipal de Setúbal”.