“Sempre acreditámos que este festival era mais do que um grande concerto, mais do que um grande espetáculo. Sempre acreditámos que era um festival aberto a todos e que dura muito para lá dos três dias do programa”, afirmou no dia 2, na apresentação do certame, na Casa d’Avenida, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal.

Pedro Pina destacava a vertente inclusiva do Festival de Música de Setúbal, que mantém o objetivo de proporcionar grandes concertos de música através de um envolvimento harmonioso com toda a população do concelho.

Desde a primeira edição, em 2011, que o Festival de Música de Setúbal promove espetáculos com a participação de artistas de renome internacional, que trabalham e atuam em parceria com alunos, pessoas com deficiência ou indivíduos representativos de diferentes comunidades que constituem o concelho.

Num ano em que o festival é dedicado aos fluxos migratórios e os enriquecimentos culturais daí resultantes, o autarca sublinha que “provavelmente não haveria tema mais atual do que este e, no que toca a Setúbal, esta sempre foi uma cidade de partidas e de chegadas”.

O certame é organizado pela A7M – Associação Festival de Música de Setúbal, contando com financiamento da Câmara Municipal, da Donatella Flick LSO Conducting Competition e da Fundação Helen Hamlyn, e apoios da Antena 1 da Antena 2.

O diretor artístico do certame, Ian Ritchie, salientou, na apresentação, que o programa deste ano “é complexo e entusiasmante”.

Para o britânico, que esteve vários anos à frente do Festival de Música de Londres e conduz os percursos culturais do evento sadino desde a primeira edição, “é sempre importante celebrar os tesouros da migração, fator marcante na história portuguesa, da própria Península Ibérica, mas também de todo o mundo”.

Da complexidade e qualidade propostas nos espetáculos do Festival de Música de Setúbal, Ian Ritchie alguns aspetos do programa de 2017, sob o tema “Migração”.

O diretor artístico sublinhou a presença de Pilar del Rio, no dia 28, às 16h00, na Casa d’Avenida, para uma conversa com João Francisco Vilhena e João Brites sobre José Saramago, “num interessante exemplo do constante intercâmbio cultural entre Portugal e Espanha”.

Realçou, ainda, outros pormenores que enriquecem o programa geral do certame, caso “do violino, da guitarra e da voz, que são os instrumentos mais em destaque ao longo do festival porque também são os instrumentos mais usados para fazer música pelos migrantes”.

A participação de músicos, compositores e maestros migrantes foi também notada pelo diretor artístico, que destacou os contributos de Kerem Hasan e Dejan Ivanovich, assim como da Grand Union Orchestra, constituída por músicos de vários pontos do planeta.

“Mas a forma mais eficaz de se fazer um festival especial como este é pôr os mais novos a criar música. Isso vai acontecer com nove compositores jovens, a quem o festival encomendou obras. Mas também vai acontecer através de 250 crianças que criaram músicas com base no tema ‘Migração’ do evento”, sublinhou.

A apresentação do Festival de Música de Setúbal realizada ontem na Casa d’Avenida contou com apontamentos musicais protagonizados por duas jovens do concelho. Beatriz de Oliveira interpretou composições para guitarra escritas por Inês Lopes.

Após a apresentação, foram inauguradas as exposições, patentes na Casa d’Avenida ao longo do Festival de Música, “Lanzarote – A Janela de Saramago”, do fotógrafo João Francisco Vilhena, e “Daqui para Ali”, mostra de pintura por Graça Pinto Bastos e Maria João Frade.

O espetáculo “Boas Migrações”, inspirado nas migrações, nos dois sentidos, da Península Ibérica ao longo da história, abre no dia 25, às 21h30, no Fórum Municipal Luísa Todi, a edição 2017 do Festival de Música de Setúbal.

O palco é partilhado pela Sinfonietta de Lisboa, a Camerata do Festival de Setúbal e o Conservatório Regional de Setúbal, dirigidos pelos maestros Vasco Pearce de Azevedo e Kerem Hasan, com Lia Yeranosyan, Josefina Fernandes e Joana Praça, no violino, e Sofia Azevedo, no violoncelo.

O concerto, com entradas a 10 euros, celebra a influência de compositores “migrantes” dos séculos XVIII e XX, cuja internacionalização se reflete globalmente nas salas de concerto dos dias de hoje, nomeadamente Stravinsky, Haendel, Avison e D. Scarlatti, Raul Avelãs, Panufnik e Bartok.

O segundo dia do festival, 26 de maio, começa com a tradicional demonstração de percussão dirigida por Fernando Molina, às 10h30, no Auditório José Afonso, com o tema “Mãos Juntas”, a que se segue um desfile com centenas de jovens das escolas e dos grupos comunitários de Setúbal pela Avenida Luísa Todi, num percurso entre o Auditório José Afonso e o Fórum Municipal Luísa Todi.

Da parte da tarde, entre as 18h30 e as 19h15, a Igreja de S. Simão, em Azeitão, recebe os ritmos de “Cordas Ibéricas”, um espetáculo em que o guitarrista Dejan Ivanovich, acompanhado da Camerata do Festival de Setúbal, com direção do maestro Kerem Hasan, celebra a música de um dos maiores compositores portugueses do século XX, Joly Braga Santos, e do seu contemporâneo espanhol Antón Garcia Abril.

O concerto, com entradas a 6 euros, é realizado em parceria de Donatella Flick LSO Conducting Competition.

Mais tarde, a partir das 21h30, no Fórum Municipal Luísa Todi, os músicos da Grand Union Orchestra, residentes no Reino Unido mas oriundos dos cinco continentes, fazem uma viagem por músicas que comemoram a herança musical da Península Ibérica.

Em “Ventos Ibéricos”, com entradas a 10 euros, o palco é partilhado com a Academia Luísa Todi, o Coro Setúbal Voz, o Conservatório Regional de Setúbal e o Conservatório Regional de Palmela, num concerto dirigido por Tony Haynes.

O terceiro dia do certame, 27 de maio, começa às 11h00 com “Música nas Ruas”, composta por performances de guitarras pela Academia Luísa Todi nas ruas e nas lojas da Baixa de Setúbal.

Da parte da tarde, a partir das 16h00, a Casa d’Avenida recebe “A Sensação de um Lugar”, um concerto com música de novos compositores setubalenses em reação à exposição de fotografia “Lanzarote – Janela de Saramago”, de João Francisco Vilhena, patente naquele espaço.

A mostra, que pode ser visitada de quarta a sexta das 14h00 às 19h00, aos sábados das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 19h00 e aos domingos das 14h00 às 19h00, inspirou Inês Madeira Lopes e Tiago Cabrita a comporem música para ser tocada pelos violinos de Joana Praça e Josefina Fernandes e pelas guitarras de Maria Beatriz de Oliveira e Francisco Canteiro.

No mesmo período, a Casa d’Avenida tem patente outra exposição, “Daqui para Ali”, da pintora Graça Pinto Bastos.

O renovado Museu do Trabalho Michel Giacometti acolhe no dia 27, às 18h00, uma atuação do Ensemble Juvenil de Setúbal, orquestra de jovens músicos com direção de Rui Borges Maia, num espetáculo com ingressos a 3 euros.

À noite, com início às 21h00, os ritmos de “Guitarras Migrantes – Extravaganza de Guitarras” enchem o Fórum Municipal Luísa Todi num espetáculo com entradas a 6 euros.

O programa inclui, entre outros, compositores como Manuel Falla e Sara Ross, que compôs uma obra para este concerto, no qual está presente o Orpheus Trio, constituído pelos guitarristas Dejan Ivanovich, Filipa Pinto Ribeiro e Gonçalo Gouveia.

O espetáculo conta ainda com outros conjuntos de guitarras da Escola Superior de Lisboa, da Universidade de Évora, do Conservatório Regional de Setúbal e da Academia Luísa Todi, bem como com a guitarra flamenco de Marco Alonso, as guitarras tradicionais do Alentejo de Pedro Mestre e Campaniça Trio, a guitarra portuguesa de Pedro Castro e a voz de Teresinha Landeiro.

O terceiro dia do Festival de Música de Setúbal termina com a vinda a Setúbal do elenco da famosa casa de fados lisboeta Mesa de Frades, para um evento na Casa d’Avenida, às 23h00, com entradas a 20 euros, que incluem um copo de vinho.

O fado é cantado por Teresinha Ladeiro, acompanhada de Pedro Castro, na guitarra portuguesa, André Ramos, na viola, e Francisco Gaspar, na viola baixo.

O espetáculo “Vozes Ibéricas”, no âmbito no Projecto Escrita de Canções, no Fórum Municipal Luísa Todi, às 11h30, dá início ao último dia do Festival de Música de Setúbal 2017, 28 de maio.

No concerto, de entrada livre, os coros das escolas de 1.º ciclo do concelho, a APPACDM de Setúbal, o Coral Infantil de Setúbal e vários músicos convidados, sob direção de Carlos Barreto Xavier, cantam músicas inspiradas nas tradições culturais da Península Ibérica, criadas e executadas por duas centenas e meia de crianças do concelho.

À tarde, às 16h00, na Casa d’Avenida, o livro “A Jangada de Pedra”, de José Saramago, é o mote para uma conversa na qual participam Pilar del Rio, viúva do escritor, Francisco Vilhena, fotógrafo, e João Brites, encenador.

A Igreja do Convento de Jesus é o palco, às 18h30, do concerto “Migrações Ibéricas”, de encerramento do certame, com ingressos a 10 euros.

A música coral cantada pelo Coro Gulbenkian e pelo coro do Conservatório Regional de Setúbal entrelaçam com a guitarra de Dejan Ivanovich para celebrar a diversidade cultural da Península Ibérica, num concerto dirigido pelo maestro Paulo Lourenço.

As exposições também integram a programação do Festival de Música de Setúbal, com três mostras patentes em diferentes espaços.

Além de “Lanzarote – A Janela de Saramago” e “Daqui Para Ali”, na Casa d’Avenida, o foyer do Fórum Luísa Todi acolhe, entre os dias 25 e 28, uma mostra de propostas de imagens promocionais inspiradas no tema desta edição do festival, realizadas por alunos da Escola Secundária D. João II.

As imagens vencedoras de “Cartazes de um Festival” pertencem aos alunos do 8.º ano Beatriz Santos e Joana Rodrigues.

A 27, a partir das 18h00, o Museu do Trabalho Michel Giacometti acolhe a exposição “Ensemble Sketchbook”, de José Minderico, que, através de desenhos, mostra o ambiente vivido nos ensaios de um ensemble antes de atuar perante o público.

Mais informações sobre o Festival de Música de Setúbal estão disponíveis na página oficial, em www.festivalmusicadesetubal.com.pt.