Caipirinhas de moscatel, doces conventuais, vinhos regionais, quadros em casca de ovo, jarras em disco de vinil, enchidos, queijos, olaria e almofadas de bicos de tecido foram apenas alguns dos muitos artigos que prenderam a atenção do público que visitou, entre os dias 5 a 7, no Largo José Afonso, o certame organizado pela Câmara Municipal, com o apoio de várias entidades.

No stand Bolachinhas do Monte, era muita a variedade de biscoitos caseiros que seduziam o olhar dos curiosos. Sandra Correia, proprietária do negócio, era secretária até há pouco tempo, quando uma brincadeira gastronómica com uns amigos deu origem “a umas bolachas fantásticas”.

O êxito da receita é tal que Sandra Correia, de Setúbal, já deixou o emprego antigo para se dedicar a tempo inteiro ao novo negócio. “É tudo feito com produtos naturais. As pessoas gostam tanto que está difícil dar resposta a todos os interessados”, garante a empresária.

Este é um dos muitos exemplos dos negócios “autodidatas” que passaram pela mostra de artesanato este fim de semana.

Clarinda e o marido ainda não deixaram os empregos, mas o “passatempo viciante” de aproveitar materiais antigos e transformá-los em novas peças decorativas ou de bijutaria está a lançar a loja Suricatta nos caminhos do sucesso.

Discos de vinil moldados em forma de jarra, metais de disquetes antigas aproveitados como crachás, teclados de computador renovados em originais anéis, porta-chaves feitos de pontas de gravatas. Na Suricatta encontra-se o que era velho reconfigurado em originais peças com novas funcionalidades.

Já nos Trapos Novos, Edviges Viegas aplica o mesmo conceito aos panos, criando mochilas, sacos ou almofadas a partir de tecido antigo, sem deixar de completar algumas peças com fazendas novas e de qualidade acima da média.

A variedade na Mostra de Artesanato foi grande e, além de peças decorativas, como os quadros pintados em casca de ovo por Sara Encarnação, da Criarcor, a gastronomia foi elemento forte entre os expositores.

Se no stand de Casimiro Jerónimo os doces feitos a partir de receitas conventuais do distrito entravam pelos olhos da cara, noutros expositores apreciaram-se desde vinhos regionais até às famosas Bolachas Piedade, de Setúbal, sendo ainda possível encontrar espaços para os enchidos, como a Mesa Transmontana, onde Isabel Martins vendia chouriços, salpicões, presuntos e queijos tanto do Norte como do Sul de Portugal.

Aqui era possível ficar a saber, por exemplo, que um chouriço de Trás-os-Montes é temperado com vinho, sendo o sabor mais fiel à carne, enquanto no Alentejo se usa mais o colorau, adquirindo o enchido um gosto mais influenciado pelo tempero.

No dia da inauguração do certame, a 5, que contou com a visita da presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, a Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal serviu ao final da tarde várias “moscatinhas”.

A bebida, criada na própria escola de hotelaria, inspirou-se na conhecida caipirinha, sendo, todavia, feita com moscatel e laranja de Setúbal, ao invés da típica cachaça e lima.

“É diferente… É doce. Bem boa”, deliberou a visitante Filipa Silva depois de dar os primeiros golos de prova da “moscatinha”.

A Mostra de Artesanato e Produtos Tradicionais do Distrito de Setúbal contou ao longo dos três dias do evento com várias iniciativas de animação, como provas de vinho e exibições de cozinha gourmet conduzidas pela chef Fernanda Amaro, além de atuações musicais a cargo de diferentes artistas.