Trata-se do Plano de Mobilidade Sustentável e Transportes de Setúbal, instrumento que a TIS.PT – Consultores em Transportes, Inovação e Sistemas está a desenvolver para a autarquia e que na sessão de dia 7, realizada na Casa da Baía, deu a conhecer condicionamentos, cenários e linhas estratégicas de atuação.

“Este é um trabalho que ao longo do tempo vai ter uma enorme influência no desenvolvimento integrado do concelho”, realçou o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, no encontro destinado aos eleitos autárquicos.

O Plano de Mobilidade Sustentável e Transportes de Setúbal, destacou Pedro Santos, da TIS.PT – Consultores em Transportes, Inovação e Sistemas, “é, essencialmente, um instrumento que estabelece uma estratégia global e um modelo de mobilidade sustentável para o município de Setúbal”.

O plano, projetado para um horizonte temporal de dez anos, ou seja, até 2026, depois de uma primeira fase de caracterização e diagnóstico da mobilidade no concelho, define, nesta etapa, sete objetivos estratégicos que procuram transformar a realidade existente na cidade relativamente a transportes.

Promoção da qualidade de vida para residentes, trabalhadores e visitantes, contribuição para uma economia mais eficiente e sustentável e fomento de uma repartição modal favorável aos modos de transporte mais eficientes e sustentáveis são três dos objetivos estratégicos definidos.

Além destes, o plano aponta à utilização racional do transporte particular, à promoção de um sistema de acessibilidades e transporte mais inclusivo, à redução dos impactes ambientais associados ao setor dos transportes e ao fomento do aumento da segurança de todos os utilizadores.

Para o desenvolvimento da estratégia, princípios e objetivos do Plano de Mobilidade Sustentável e Transportes de Setúbal, a equipa de consultores propõe um conjunto de medidas que procuram atingir os resultados preconizados através de nove metas específicas.

A promoção e reforço das deslocações em modos suaves é uma das ações a adotar e que pode sair valorizada, entre outras, com a expansão da rede de ciclovias, com a introdução de equipamentos e parqueamentos que auxiliem o uso de bicicletas e o fomento do uso de bicicletas partilhadas.

Serviços de transportes públicos de qualidade e numa perspetiva de intermodalidade é outra das metas propostas, neste caso através da diversificação da estrutura da rede de transportes coletivos urbanos, intraconcelhio e interconcelhio, da revisão do sistema de tarifário e da integração da oferta de táxis.

Depois, há que desenvolver uma estratégia articulada de qualificação do espaço rodoviário que assegure o fluxo de tráfego, objetivo que pode ser alcançado com a hierarquização da rede rodoviária, com a redução do volume de tráfego e velocidades de circulação e a resolução de alguns pontos de constrangimentos.

A adoção de políticas de estacionamento diferenciadas que contribuam para uma repartição modal mais equilibrada é outro dos objetivos estratégicos. Nesta matéria, a organização da oferta de estacionamento na área central da cidade e o controlo do parqueamento de longa duração são algumas das medidas.

O plano aponta ainda à minimização dos impactes associados ao tráfego de pesados e à organização de cargas e descargas no centro urbano, meta que pode ser alcançada, entre outras, com a melhoria das acessibilidades às zonas industriais e com o controlo de circulação e estacionamento de pesados.

A integração entre a organização do sistema de transportes e os usos do solo é outra das prioridades do plano, especificidade que pode ser alcançada com a promoção da diversidade do uso dos solos, com o controlo da ocupação urbana e com projeto de reabilitação, algo que a autarquia tem vindo a concretizar.

A tudo isto associa-se a aposta em medidas inovadoras de gestão da mobilidade, que podem traduzir-se no desenvolvimento de planos de mobilidade para as empresas e para as escolas, assim como pela criação de quiosques de conhecimento com informação sobre esta estratégia de mobilidade.

Há também que promover a ações de sensibilização e informação sobre as opções modais mais eficientes, concretamente através de campanhas para o incremento das deslocações em modos suaves, assim como de divulgação das várias opções de transporte e segurança rodoviária.

Por fim, o plano aponta à aposta numa estratégia diversificada de gestão da mobilidade de acessos às praias de Setúbal, neste caso com a criação de parques de estacionamento de rebatimento e com a implementação de um serviço de transportes públicos de qualidade e dinâmico.

O Plano de Mobilidade Sustentável e Transportes de Setúbal aponta três cenários possíveis de evolução da mobilidade, sendo que o desenvolvimento das fases subsequentes do estudo vai considerar, pelo menos, a concretização de projetos de um cenário intermédio que visa alterar aspetos mais negativos.

Este cenário assenta numa aposta clara nos transportes coletivos, com a criação de um novo interface na Praça do Brasil, com o reforço da fiscalização do estacionamento e criação de parqueamento de longa duração e com a reformulação da rede de transportes coletivos rodoviários e a possibilidade de criação de corredores bus.

O reforço da coerência da rede rodoviária e do papel para a promoção da qualidade de vida é outro dos aspetos do cenário proposto, neste caso com a concretização de duas circulares ao núcleo urbano de Setúbal e a introdução progressiva do conceito de rua multifuncional nas áreas centrais de Setúbal e de Azeitão.

Também o desenvolvimento do tecido económico é uma das prioridades do cenário preconizado, que aponta à melhoria dos acessos rodoviários à península industrial da Mitrena, assim como ao investimento da ligação ferroviária do Porto de Setúbal ao terminal da Termitrena e à criação de um polo de micrologística na zona de Poçoilos.

A segunda fase do Plano de Mobilidade Sustentável e Transportes de Setúbal apresenta ainda uma evolução estimada da repartição modal no horizonte 2026 com a adoção destas medidas, que se traduz no decréscimo de 11 por cento do uso dos transportes individuais e no aumento em 7 por cento na utilização de transportes coletivos.

Os indicadores avançados no estudo da TIS.PT – Consultores em Transportes, Inovação e Sistemas para a Câmara Municipal de Setúbal revelam ainda um aumento de dois pontos percentuais nas deslocações suaves, concretamente na utilização de bicicletas e de deslocações a pé.

“Esta é informação privilegiada que aponta soluções adaptadas à realidade de Setúbal”, sublinha o vereador do Urbanismo André Martins, que destaca a pertinência do estudo. “São matérias que não são novas mas que, nesta dimensão, estamos a estudar e a analisar pela primeira vez.”

 

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