A Câmara Municipal de Setúbal discutiu no dia 7, em reunião pública ordinária, uma moção, submetida pela maioria CDU, que reivindica a reposição do serviço ferroviário que assegurava a ligação direta com o Algarve.


O documento, apresentado pelo vice-presidente Manuel Pisco, defende que o comboio Intercidades Lisboa-Faro-Lisboa volte a ter uma paragem em Setúbal, depois de quase dez anos de interrupção deste serviço.

A moção alinha com um projeto de resolução apresentado pelo PCP na Assembleia da República, que, entre outras medidas, propõe que o Governo faça diligências para a reativação do serviço regional e inter-regional de transporte ferroviário no Alentejo Litoral e no distrito de Setúbal, “voltando a pôr nos carris os comboios regionais entre o Barreiro e o Algarve, e a passagem por Setúbal do serviço Intercidades Lisboa-Faro, com um comboio em cada sentido”.

A CP já manifestou disponibilidade para repor este serviço graças à recuperação de algum material circulante e à vinda de Espanha de várias carruagens entretanto adquiridas pela empresa.

A transportadora esclarece que, “assim que haja material circulante em quantidade suficiente” e com os “devidos padrões de qualidade e fiabilidade”, faz “sentido que haja um serviço inter-regional Lisboa-Faro-Lisboa que passe por Setúbal, à semelhança do que acontecia no passado”.

A CP decidiu suspender, a 11 de dezembro de 2011, a paragem dos comboios Intercidades em Setúbal e Alcácer do Sal e o transporte regional de Setúbal para Tunes. “O fim da paragem destes comboios em Setúbal assumiu, na altura, ainda maior gravidade perante as então recentes obras de remodelação e modernização da estação ferroviária de Setúbal, avaliadas em mais de 14 milhões de euros”, assinala a moção.

A alteração implicou que os setubalenses, nas deslocações para o Algarve, passassem a ter necessidade de incluir trajetos de desvio entre Setúbal e o Pinhal Novo, no concelho de Palmela, quando, até então, a ligação entre as duas regiões era direta.

A autarquia entende que a decisão, tomada por “justificações puramente economicistas que não tiveram minimamente em consideração os interesses do concelho de Setúbal”, pode agora ser revertida perante a posição manifestada pela CP, em face de maior disponibilidade de material circulante.

“A Câmara Municipal de Setúbal considera indispensável que a tutela ministerial da empresa crie as necessárias condições para acelerar o processo de reposição do serviço Intercidades em Setúbal, de forma a que no verão os setubalenses possam voltar a utilizar estes comboios, recuperando assim um serviço encerrado em 2011, depois de noventa anos de ininterrupto transporte ferroviário de passageiros entre Setúbal e Faro”, defende o município.