“Isto é o passado. Cheio de guerras e de morte. Isto é o futuro, com paz, liberdade e igualdade de todos.” As frases, que acompanham desenhos de traço simples, nas duas faces da moeda comemorativa, refletem a perceção da realidade e cunham a ambição idealizada pelo aluno, atualmente com 13 anos e no 8.º ano.

Este é o futuro imaginado por uma criança, fruto de um desafio lançado pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda, em colaboração com a Câmara Municipal de Setúbal, no “Desenhar a Moeda”, concurso criativo no qual mais de oito centenas de alunos responderam ao repto de ilustrar “O Futuro”.

“O meu desenho fala do passado e do futuro, que deve ser feito com paz, liberdade e igualdade. São valores que sinto que fazem falta na sociedade e, para isso acontecer, é preciso união e entendimento”, revelou, tímido, Martim Estanislau, da EB de Azeitão, vencedor do concurso “Desenhar a Moeda”.

Martim estava numa aula de Educação Visual quando o professor Silas Figueiredo deu a conhecer o concurso e leu um poema para ajudar à inspiração dos alunos. “Foi depois de ouvir o poema que tive a ideia de desenhar de um lado da moeda pessoas em guerra, a representar o passado, e do outro lado pessoas em paz, como desejo para o futuro.”

A iniciativa, integrada na edição 2016 da Festa de Ilustração de Setúbal, procurou sensibilizar para a riqueza cultural, patrimonial e artística de um artefacto comum, neste caso uma moeda, e desafiou crianças e jovens dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico a conceber criativamente o desenho de uma moeda.

O vereador da Câmara Municipal de Setúbal Pedro Pina destacou a importância e pertinência da iniciativa. “Um projeto educativo que, através da criação artística, deixa uma marca a pensar o futuro. A ideia de um jovem, numa moeda, para memória vindoura, sobre aquilo que pensa da vida.”

O autarca enalteceu também a capacidade criativa e de pensamento do jovem Martim. “É o obreiro do trabalho vencedor que, através da simplicidade do seu traço, deixa marcados valores universais. Pensar o futuro cunhado por uma moeda é uma própria metáfora em si mesmo.”

Pedro Pina deixou ainda elogios e agradecimentos à Imprensa Nacional – Casa da Moeda pela dinamização do concurso. “Esta foi uma parceria excecional e um desafio inquietante, pela vertente educativa, e do qual o município de Setúbal muito se orgulha por ter sido escolhido para lançar o projeto.”

Na cerimónia de dia 18, o administrador da Imprensa Nacional – Casa da Moeda Rodrigo Lucena enalteceu, igualmente, o desfecho da iniciativa. “Destacar o entusiasmo que o município e as escolas, professores e alunos, dedicaram ao projeto inédito em Portugal, que visou estimular a criação artística e numismática.”

O responsável realçou a importância pedagógica da experiência que, com sucesso, “envolveu a comunidade” e vai permitir à Imprensa Nacional – Casa da Moeda “replicar a experiência noutros concelhos do país em novas edições do concurso”, integrado no Plano Numismático 2017 daquela entidade.   

Apesar de apenas uma ilustração ter sido cunhada na moeda, “os mais de oitocentos desenhos apresentados tiveram igual mérito”. O vencedor, vincou Rodrigo Lucena, “imaginou um futuro com paz, liberdade e igualdade, valores inscritos na moeda de coleção que deixa um cunhado para as futuras gerações”.

O concurso registou a inscrição de oitocentos alunos dos estabelecimentos de ensino EB+S Lima de Freitas, ES Sebastião da Gama, EB Aranguez, EB Luísa Todi, EB de Azeitão, EB+S Ordem de Sant’Iago, ES D. João II e ES Dom Manuel Martins, de que resultou a seleção de 342 trabalhos.

O júri, constituído por André Letria, ilustrador, Rui Vasquez, escultor, Raquel Henriques da Silva, professora de História de Arte, Rodrigo Lucena, da INCM, e Celeste Paulino, da Câmara Municipal de Setúbal, avaliou os trabalhos, elegeu o vencedor e atribuiu diversas menções honrosas.

Setúbal foi a primeira cidade a participar no concurso, integrado no Plano Numismático 2017 da Casa da Moeda, que pretende criar uma coleção temática, com emissão anual de uma moeda comemorativa. O desenho vencedor de cada edição do concurso é cunhado, anualmente, na moeda comemorativa.

“O Futuro”, de Martim Estanislau, moeda com valor facial de cinco euros, está disponível em www.incm.pt, em séries limitadas. A moeda em metal cuproníquel, com 60 mil exemplares cunhados, tem o custo de cinco euros, enquanto a série em prata proof, com apenas 2500 espécimes, custa 54,12 euros.

A cerimónia incluiu ainda um apontamento de jazz da Academia de Música e Belas- Artes Luísa Todi, protagonizado por alunos do professor João Salcedas.

No âmbito desta primeira iniciativa da Imprensa Nacional – Casa da Moeda e Câmara Municipal de Setúbal, foi produzido um vídeo que pode ser visualizado aqui.