“Esta é uma grande exposição de um artista que não é só setubalense, pois passa muito além das fronteiras da região”, sublinhou a presidente do Município sadino, Maria das Dores Meira, durante a inauguração, que encheu a Galeria Municipal do 11 com familiares, amigos e admiradores do pintor, além de apreciadores de arte.

Maria das Dores Meira, confessa admiradora das obras de Rogério de Chora, frisou que o pintor setubalense, que tantas vezes retratou paisagens e retratos de figuras da terra natal, “está a pintar Setúbal para o futuro”.

A presidente da Autarquia salientou que “Chora está fazer história”, até porque “retrata muitas coisas que em breve vão deixar de ser assim”, referindo-se aos vários projetos de remodelação e requalificação urbana atualmente em curso no concelho.

O pintor hiper-realista, atualmente com 73 anos, elogiou “o espaço maravilhoso” onde a mostra está patente até 2 de novembro.

Ana Chora complementou a intervenção do pai, principalmente dedicada a agradecimentos, com alguns apontamentos sobre a carreira de Rogério Chora, em particular com o facto de que, “na realidade, são quase 60 anos de pintura, pois expôs publicamente pela primeira vez quando tinha 14 anos”, concluindo, com graça, que o pintor “se está a querer fazer passar por mais novo do que é”.

Rogério Chora, aproveitando o mesmo tom de humor, adiantou ao público presente que a exposição de pintura retrospetiva da carreira “fica prometida para depois do falecimento”.

A mostra, intitulada “Rogério Chora – 50 Anos de Pintura”, exibe 54 obras criadas pelo pintor sadino.

A mais antiga data de 1959 e é um autorretrato desenhado a lápis.

A maioria das telas revela imagens de setubalenses típicos e de Setúbal, nomeadamente do Sado, de docas de pescadores e da Arrábida, os temas que mais vezes retratou ao longo da carreira.

“Tive um avô pescador e um avô taberneiro. Além disso, um irmão foi conserveiro e eu próprio tive um barco de pesca”, recordou Rogério Chora ao explicar a predominância dos temas escolhidos para as telas.

Defensor intransigente de que “o prazer e o gozo têm de estar sempre presentes naquilo que fazemos”, ao ponto de ter chegado a “tratar muitas vezes o material de pintura por ‘tu’”, Rogério Chora também pugna pelo perfecionismo, admitindo que “muitos quadros foram imediatamente destruídos” depois de os ter acabado sempre que não respeitaram os padrões definidos pelo pintor.

Rogério Chora, incapaz de deixar a pintura, acredita, mesmo que seja em tom de piada, que irá “morrer agarrado ao pincel”.

A exposição, de entrada livre, pode ser vista de terça a sexta-feira das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 e aos sábados apenas no horário da tarde.

A Galeria Municipal do 11 encerra aos domingos, segundas e feriados.