RASGO | Exposição coletiva | Mural 18

Trabalhos de artistas plásticos portugueses, incluindo de Setúbal, que reavivam a identidade do antigo Armazém de Papéis do Sado, estão em destaque, até 27 junho, numa exposição patente em A Gráfica – Centro de Criação Artística, no âmbito do Mural 18.


“RASGO” é o título desta exposição promovida pela Câmara Municipal de Setúbal, resultante de uma residência artística que decorreu durante o último período de confinamento nos diferentes espaços de A Gráfica, instalada no antigo Armazém de Papéis do Sado, na Ladeira da Ponte de São Sebastião.

O objetivo é reavivar a memória e a identidade daquele antigo armazém, onde o papel era a matéria-prima, dando lugar a um espaço, ainda embrionário, destinado à criação artística.

A mostra coletiva “surge como rompimento de um passado, onde o papel era matéria-prima e vulgar nos aposentos da Gráfica, dando lugar a um espaço, ainda embrionário, mas tendencioso às artes, à criação e residência artística”, assinala Teresa Melo, uma das seis artistas que integra a exposição.

Além da pintora, “RASGO” inclui pintura, escultura e instalação dos artistas Rita Melo, Ricardo Crista, Ana Isa Férias, Rita Cascais, Vítor Joaquim e do projeto artístico colaborativo SERIUM.

Este projeto resulta de um desafio proposto à comunidade local para criar, a partir das próprias residências, diferentes rostos em terracota, que agora são apresentadas numa peça única.

Um dos trabalhos que saltam à vista é a instalação “Persistence #1”, de Ricardo Crista, de Setúbal, numa representação da persistência, disciplina e sucesso do trabalho de um formigueiro.

“A interpretação da formiga-rainha ganha força com o cheiro a óleo imbuído. Esta memória remete-nos para a industrialização e para a ordem natural que ali reside – a aglomeração e infestação de formigas que habitam a Gráfica e que foram recordadas pelo artista quando entrou pela primeira vez neste centro de criação artística”, refere Teresa Melo sobre a peça.

Outro dos trabalhos expostos é “Passo a Passo”, escultura sonora cinética em site specific, da autoria de Vítor Joaquim, figura de referência da música eletrónica de cariz exploratório no país.

“A partir de tabuleiros tipográficos, onde outrora nasceram discursos e ideias, através de uma dança de justaposição de carimbos de letras, habitam e crescem diversos materiais que se fazem ferramentas para sonoridades. Madeiras, relva, ráfia, areias, sementes, água e ar relacionam-se de forma produzir ruídos que são captados por microfones de contacto e que, por sua vez, são amplificados.”

As outras obras presentes na exposição são “error#0/ error#0.1/ error#0.2 …”,de Rita Melo, “Paper Tongue #1, #2, #3, …”, de Rita Cascais, “PASSAGEM”, da setubalense Ana Isa Férias, e “Ultramarine blue over prussia blue”, de Teresa Melo.

A exposição, promovida pelo município no âmbito do Mural 18 – Programação Cultural em Rede, foi inaugurada no sábado e pode ser visitada nos dias 19, 20, 26 e 27 de junho entre as 15h00 e as 18h00.

O Mural 18, programa cultural com ações a decorrer até setembro deste ano, resulta de uma candidatura apresentada pela Área Metropolitana de Lisboa ao Programa Operacional Regional Lisboa 2020 e conta com uma comparticipação financeira de 1,5 milhões de euros através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

A Área Metropolitana de Lisboa e os seus 18 municípios pretendem, com a organização do Mural 18, recentrar a atenção na comunidade artística e promover a democratização da cultura, incentivando e assegurando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural no território metropolitano.

Mais informações podem ser consultadas em www.mural18.pt, plataforma digital da iniciativa, na qual é possível acompanhar gratuitamente todos os espetáculos culturais.