O Programa Integrado de Participação e Desenvolvimento da Bela Vista e Zona Envolvente, agora designado “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, apresentado publicamente à população, numa cerimónia que decorreu no Parque Verde da Bela Vista, já está no terreno com obras físicas e ações imateriais, com uma forte participação popular.
“É um programa que facilita as necessárias condições para uma intervenção organizada e sustentada das várias entidades nos bairros e, sobretudo, dos próprios moradores, que queremos que sejam os protagonistas desta mudança que queremos fazer no território”, salientou Maria das Dores Meira.
A iniciativa, que envolve moradores, entidades sediadas no território e serviços municipais, incide numa área que engloba os bairros da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, Forte da Bela Vista, Manteigadas e Quinta de Santo António.
A pintura de fachadas de prédios, galerias interiores e a reabilitação de pavimentos e escadas de seis edifícios e pátios, ações dinamizadas por moradores com materiais fornecidos pela Autarquia são algumas das iniciativas no âmbito deste programa que já se encontram em execução.
A constituição de dois condomínios na Bela Vista, os primeiros de sempre no “Bairro Amarelo”, é outra das ações já materializadas através do “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, assim como a realização do “Torneio Fireball”, dinamizado por jovens, e os “Serões Comunitários”, onde são propostas novas ações.
“Queremos que a Bela Vista seja olhada por todos com outros olhos”, sublinhou a edil setubalense, adiantando que com esta “nova abordagem da realidade” da habitação social, “nunca como hoje, na história destes bairros, a intervenção municipal e das várias instituições que aqui operam foi tão concertada”.
Maria das Dores Meira reforçou também que, “mais do que destinar grandes fatias do orçamento municipal à intervenção nos bairros sociais, é fundamental mudar a forma como as pessoas que aqui vivem percecionam o seu bairro e o que podem fazer por ele”.
O “Nosso Bairro, Nossa Cidade” assenta na ideia de que toda a ação deverá ser protagonizada pelos moradores, geradora de participação das pessoas nas decisões que a elas e à sua comunidade dizem respeito, promovendo a autonomia, a responsabilidade e o crescimento coletivo.
“As 62 intervenções e obras em curso e previstas só terão eficácia e resultados positivos se participadas, mantidas e usufruídas pelos moradores deste território [perto de sete mil], servindo necessariamente à consolidação da participação cívica e da intervenção comunitária”, explicou a presidente da Câmara Municipal sobre este programa, no qual estão já inscritas mais de uma centena de ações.
O “Nosso Bairro, Nossa Cidade” está organizado em cinco eixos de prioridade, configurados a partir da análise dos indicadores de diagnóstico do Observatório Social da Bela Vista, realizado em 2007, e da agregação das propostas dos serviços municipais e dos parceiros locais.
Os eixos orientadores incidem na intervenção com jovens e/ou propostas por jovens, na promoção da educação, formação e emprego na comunidade, no fomento de ações comunitárias, no desenvolvimento dos processos de participação e na melhoria da imagem e visibilidade dos territórios.
Na intervenção com jovens será organizado, com o apoio da EDP, um concurso de pintura dos edifícios dos postos de transformação dos bairros, enquanto no eixo da imagem e visibilidade está prevista a elaboração, com a participação dos moradores, de um manual de organização de interiores habitacionais.
Na educação, formação e emprego há a intenção de avançar com dezenas de ações de sensibilização e de formação, entre as quais a realização da iniciativa “Em Cada Pátio Um Socorrista”, que, organizadas com entidades do território, visam a formação de moradores na área da saúde e da prevenção.
A criação de um grupo de teatro e dança no bairro Alameda das Palmeiras é outra das ações previstas, havendo ainda propostas de moradores para a dinamização de atividades culturais e de partilha de saberes tradicionais.
A reabilitação de prédios pelos seus moradores, com a reparação e pintura de entradas, fachadas, galerias e corrimões, é um dos objetivos de maior importância, para o qual são disponibilizados materiais pela Autarquia e apoios mecenáticos, estando algumas destas ações incluídas no projeto “Setúbal Mais Bonita”, a realizar no final de maio.
“Estes são apenas alguns exemplos de um vasto conjunto de atividades inscritas num programa em permanente construção”, vincou Maria das Dores Meira, revelando que “o entusiasmo com que vários moradores aderiram a este desafio [reabilitação de prédios] colocou algumas dificuldades na resposta imediata da Autarquia em ceder os materiais”.
A importância dos moradores na implementação e desenvolvimento deste programa foi, igualmente, enaltecida pela autarca. “São eles que, connosco, têm diagnosticado os problemas, proposto as soluções e que, depois, as põem em prática no terreno”, adiantando que foram já eleitos 176 interlocutores dos cinco bairros abrangidos neste projeto, representantes de prédios que mediam as ações com a Câmara Municipal e instituições envolvidas.
O “Nosso Bairro, Nossa Cidade” é implementado em articulação com o programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente, que a Câmara Municipal de Setúbal está a promover com o apoio de fundos comunitários, num total de 16 ações que representam um investimento global de cerca de quatro milhões de euros.
“Acreditamos nas pessoas, que são parte da resolução dos problemas”, realçou Maria das Dores Meira, vincando que “só com a participação de todos os moradores e com o reforço das ações institucionais será possível transformar estes bairros, onde todos têm lugar”.
