“Esta é uma situação única de audiência e júri estarem de acordo nalguma coisa”, assinalou, com humor, o realizador Srdjan Dragojevic na cerimónia de entrega de prémios, dia 29 à noite, no Fórum Municipal Luísa Todi. “Passei dias fantásticos em Setúbal. Voltarei sempre que me convidarem.”

“A Parada”, uma obra da Sérvia, Croácia, Macedónia e Eslovénia que aborda o tema da homofobia, arrecadou o Golfinho de Ouro, atribuído àquele que, em cada edição do Festroia – Festival Internacional de Cinema de Setúbal, o júri entende ser o melhor filme, e juntou o Prémio do Público, definido por votação dos espetadores presentes nos dez dias do certame.

Ao receber este galardão das mãos da presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, o realizador revelou que a película, de 2011, já conquistou sete prémios do público em eventos cinematográficos. “Parece-me óbvio que as pessoas gostam do filme…”, constatou Srdjan Dragojevic.

O sérvio só não conseguiu ganhar o Golfinho de Prata de melhor realizador, conquistado pelo vizinho croata Branko Schmidt, com “Canibal Vegetariano”, autor do primeiro filme da Croácia, “Natal em Viena”, que o Festroia exibiu, na edição de 1998.

Catorze anos depois, o 28.º Festroia homenageou aquele país dos Balcãs com a mostra de 27 películas e, na cerimónia de abertura, com a entrega de um Golfinho de Cristal à cinematografia croata e de um Golfinho de Ouro de Carreira ao ator Rade Serbedzija.

Na festa de encerramento, a estrela croata foi Branko Schmidt, um regresso a “casa”. “É a segunda vez que estou em Setúbal. Acontecem-me sempre coisas boas aqui. Talvez o melhor seja mudar-me para cá”, brincou, já com o Golfinho de Prata de melhor realizador na mão.

Os prémios de melhores ator e atriz foram entregues a Max Hubacher, pela participação no filme suíço “Adotado”, e a Amanda Pilke, pela representação em “Porto Nu”, película finlandesa que originou outras distinções, os prémios de melhor fotografia, entregue a Tuomo Hutri, e CICAE (Confederação Internacional de Salas de Arte e Ensaio).

Outros Golfinhos de Prata foram para a realizadora de “Crulic”, Anca Damian, respeitante ao prémio especial do júri, e para Olivier Ringer e Yves Ringer, melhor argumento, pelo filme belga “Às Escondidas”, o qual foi também granjeado com o Prémio SIGNIS (Federação Internacional dos Críticos de Cinema Católicos).

A 28.ª edição do Festroia, realizada entre os dias 21 e 30, com a exibição de 182 filmes de quarenta países no Fórum Luísa Todi e no Cinema Charlot – Auditório Municipal, entregou ainda os prémios Mário Ventura, à curta-metragem alemã “7 da Sorte”, e FIPRESCI (Federação Internacional dos Críticos de Cinema), à obra eslovena “Boa Noite, Menina”.

Na secção O Homem e a Natureza venceu “Pequeno Céu”, filme belga, enquanto nas Primeiras Obras ganhou “A Gralha”, holandês. Nesta secção houve ainda uma menção honrosa para “Os Dias que Restam”, película alemã.

Homenagem a Alexandra Lencastre

A noite de entrega de prémios do Festroia incluiu outro ponto alto, uma homenagem à atriz portuguesa Alexandra Lencastre. O principal alvo dos repórteres de imagem recebeu um Golfinho de Ouro de Carreira pela obra no cinema e televisão, revelando-se honrada com a distinção e por “pisar o palco do recém-requalificado Fórum Luísa Todi”, a que se seguiu o descerramento de uma placa que assinala o galardão.

A diretora do Festroia, Fernanda Silva, era uma mulher feliz no final de mais uma edição, em particular com o regresso do festival ao Fórum, embora lamentando a diminuição dos apoios, no quadro de uma política de diminuição do investimento na cultura.

“São poucos a apoiar mas são bons”, afirmou, agradecendo aos patrocinadores do Festroia, o principal dos quais é a Câmara Municipal de Setúbal, bem como a todos os participantes nesta edição e ao público.

“Enquanto acreditarmos que a cultura é tão importante quanto o pão, continuaremos a mostrar sonhos, sonhos dos quatro cantos do mundo”, sublinhou Fernanda Silva.