Iluminação, repavimentação, drenagem de águas pluviais e arborização foram aspetos alvo de intervenção destas áreas comuns, com uma área total de 32 mil metros quadrados, criando novas zonas de estadia e equipamentos para uma ocupação coletiva e multifuncional.

A substituição integral dos pavimentos, com a introdução de materiais de várias cores, calçadas de vidraço e cubos de granito, é uma das operações mais percetíveis nestes espaços, aptos para acolher várias atividades e diversos comportamentos sociais.

A remodelação da rede de iluminação pública, com a colocação de novos focos de luminosidade nos pátios e passeios, foi outras das ações executadas no nesta empreitada, no âmbito da qual foram plantadas mais de duas centenas de novas árvores de folha caduca, que permitem o ensombramento durante os períodos de maior radiação solar e o aproveitamento de calor nas épocas frias.

Além de mobiliário urbano, como bancos e papeleiras, e de sumidouros para aumentar a eficiência da drenagem das águas pluviais, foram também criadas zonas de estacionamento organizado e definidas condições para a entrada e circulação de viaturas de emergência e para cargas e descargas.

As operações incluíram, igualmente, a recuperação de um anfiteatro existente num dos pátios e a criação de outras duas zonas, noutros locais, com funções idênticas, que permitem a prática de desportos e a dinamização de diversas iniciativas culturais.

Durante cerca de duas horas, Maria das Dores Meira, acompanhada de vereadores e do presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, percorreu estes espaços requalificados, dotados de rampas e escadas que asseguram, sem barreiras urbanísticas, a continuidade dos percursos entre os 19 pátios.

No último, com um anfiteatro, foi descerrada uma placa que assinala a inauguração deste projeto, que a autarca destacou como uma “âncora” para uma melhor qualidade de vida e sentimento de pertença dos moradores.

A presidente da Câmara Municipal lembrou ainda que noutra intervenção, de recuperação de edifícios, como a pintura de fachadas, no âmbito do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, foram os próprios moradores que, “com as suas mãos e o seu saber”, quiseram “ajudar a transformar o bairro”, tornando-o num espaço onde “todos se sintam bem”.

De igual forma, decidiram o que se deveria arranjar, pintar e melhorar, uma vez que a Câmara Municipal “apenas criou as condições para que fosse também a população do bairro a assumir esta colossal missão”.

O projeto “Reconversão dos Espaços Comuns da Bela Vista”, integrado no programa RUBE – Regeneração Urbana da Bela Vista e Zona Envolvente, teve um investimento de 1 milhão e 285 mil euros, comparticipado em 65 por cento através PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.

À passagem pelos pátios, a comitiva foi recebida em ambiente de festa, com momentos de dança, como um a cargo da ACM, associação que promove a inclusão social, trabalhando com cinquenta crianças e jovens, entre os 8 e os 15 anos, maioritariamente do bairro, cuja taxa de sucesso escolar se situa nos 96 por cento.

Outra receção aconteceu no pátio onde está localizado o Centro Cultural Africano. “Muito obrigada. Está um novo pátio”, agradeceu Carla Marie Jean, presidente da instituição, apresentando os trabalhos de artes plásticas de utentes expostos pelo pátio.

Esta exposição de telas, algumas de grandes dimensões, demostra que os espaços requalificados podem ser “áreas multifuncionais aptas a enquadrar, quotidianamente, várias atividades”, como referiu a presidente da Câmara Municipal, apontando ainda a preocupação na criação de estacionamento organizado, além das condições de circulação de viaturas de emergência e de cargas e descargas.

A marcar este dia em que foi formalizado “mais um estágio da transformação” que está a acontecer no bairro, foi ainda inaugurado o Núcleo Museológico Urbano da Bela Vista, projeto desenvolvido pelo escultor João Limpinho.

A partir de materiais como a sucata, o escultor deu forma às peças e as crianças das escolas do Agrupamento Ordem de Sant’Iago ofereceram cor ao conjunto de borboletas intitulado “A Metamorfose”, instalação que pode ser vista junto da EB1/JI da Bela Vista, na Rua do Monte.

O escultor explicou que esta primeira peça, símbolo do “início da transformação da Bela Vista”, pertence a um conjunto de outras 16 que serão colocadas nos vários pátios, constituindo o Núcleo Museológico Urbano, outra ação do programa RUBE, que se espera vir a “atrair gente fora do bairro” proporcionando um “convívio saudável”.

A presidente da Autarquia frisou que as borboletas são uma “metáfora da metamorfose que se está a operar na Bela Vista, um bairro de muitas culturas, um bairro que se transforma, evolui e fica mais belo”.

Maria das Dores Meira exemplificou esta mudança com o trabalho conseguido no Forte da Bela Vista, bairro que “foi todo recuperado pelos moradores” através do programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”. “Hoje não tem um risco numa parede.”

Ao enunciar as várias ações – desde as pinturas de fachadas à limpeza e arrumação dos condomínios, passando pela retificação de caixas de recolha de esgotos domésticos –, a autarca destacou a proximidade com a população, lembrando a realização de 107 reuniões com 745 moradores, a eleição de 220 interlocutores em todo o processo de renovação da Bela Vista e bairros envolventes e a constituição da comissão de moradores do Forte da Bela Vista.