O primeiro dia do exercício é dedicado à realização de um seminário técnico, a decorrer no auditório da Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal.

O encontro, que antecede a realização de exercícios de simulação de catástrofes à escala local, conta com diferentes intervenções e períodos de debate, em que perto de uma dezena de peritos internacionais abordam questões relacionadas com a criação e manutenção de equipas de resgate e salvamento em estruturas colapsadas em ambiente urbano, designadas de USAR.

O concelho de Setúbal está exposto a situações de catástrofe, nomeadamente de um sismo de forte intensidade, tsunami e cheias, pelo que o Serviço Municipal de Proteção Civil pretende criar, na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal (CBSS), uma equipa USAR multissetorial e de média escala, valência que não existe em Portugal.

O EU SETEX – USAR 2015 representa mais um passo para a concretização desse objetivo, sendo que a equipa portuguesa de busca e resgate está a ser preparada através de um trabalho conjunto entre os Sapadores de Setúbal e várias outras entidades, em especial o GIPS – Grupo de Intervenção, Proteção e Socorro, da GNR.

Estas equipas têm de estar certificadas pela ONU, através do INSARAG – International Search and Rescue Advisory Group, e respeitam três escalas.

Ao contrário das estruturas leves, as equipas médias dispõem de equipamentos que possibilitam a atuação autónoma em cenários de catástrofe, sendo que as equipas consideradas pesadas incluem, também, equipas médicas.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, sublinhou na abertura do seminário técnico que o SETEX possibilita “o contributo de conhecimentos e experiências para que a CBSS e os seus parceiros apreendam o essencial sobre a sobre a estruturação e estabelecimento de uma unidade USAR portuguesa, multissetorial, de média escala”.

O autarca recordou que Setúbal integra o Fórum Europeu de Segurança Urbana e que a CBSS está agora envolvida num projeto de troca de nove peritos europeus na temática de Busca e Resgate em Meio Urbano, ao abrigo do Programa de Troca de Peritos de Proteção Civil da União Europeia.

O período da manhã do seminário começou com a intervenção de Nuno Sousa, da Proteção Civil de Setúbal, que apresentou o programa de exercícios previsto para o EU SETEX – USAR 2015.

Na plateia, além dos 13 operacionais da CBSS e dos 25 militares do GIPS, que se preparam para formar a primeira USAR de média escala portuguesa, marcaram também presença elementos de equipas nacionais e internacionais envolvidas no SETEX, nomeadamente o Grupo de Resgate Espeleológico e de Montanha – Unidade Canina de Salvamento da Região Autónoma de Castela e Leão e a Associação Nacional de Alistados das Formações Sanitárias.

O período da manhã contou também com o contributo de Dimitrius Spirilou, elemento da Hellenic Fire Service, da Grécia, que fez uma exposição sobre os critérios a ter em consideração na criação de equipas USAR.

“Uma equipa USAR deve estar preparada para atuar num período de 12 horas em qualquer parte do mundo”, alertou o bombeiro grego.

Árpád Kensztesy, perito da Civil Protection Inspectorate General HUSZAR Hungarian – MUSAR LIO, salientou que, na Hungria, “todas as instituições públicas estão obrigadas a participar ativamente em caso de catástrofe natural no País”.

O perito sublinhou, igualmente, que “a sensibilização da população é feita com regularidade”, acrescentando que os exercícios locais de proteção civil “são cada vez mais populares devido à participação voluntária, pois tudo o que é obrigatório torna-se menos apelativo às populações”.

Samu Valdolin, do Southwest Fire & Rescue Service, da Finlândia, reforçou a importância do financiamento destas equipas. “A USAR finlandesa, por exemplo, não tem meios de transporte aéreo próprio, estando dependente dos meios militares.”

A hierarquização das linhas de atuação das equipas especiais de busca e salvamento, seja começando ao nível local até chegar ao âmbito nacional, seja no sentido oposto, foi outra opção estratégica abordada pelos intervenientes durante a manhã, para a qual não existe uma resposta definitiva, dependendo das características muito específicas de cada país.

Nos dois próximos dias seguem-se vários exercícios práticos de busca e resgate em estruturas colapsadas em cenário urbano, para o qual a CBSS preparou um campo de treinos especificamente para o efeito.