A autarquia manifesta “profundo pesar” pelas 41 mortes ocorridas em concelhos como Guarda, Penacova, Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil, Sertã, Vouzela, Nelas, Santa Comba Dão, Carregal do Sal e Tondela, sublinha um texto apresentado pela CDU.

No documento, a Câmara Municipal de Setúbal alerta para a necessidade de serem tomadas medidas urgentes. “O fogo mostrou, uma vez mais, a enorme força com que é capaz de destruir vidas e bens, em particular quando o território se converte, por várias razões, em pasto fácil para as chamas.”

Por isso, adverte, “urge definir e implementar com a maior urgência soluções que permitam reverter a atual situação e evitar novas tragédias como aquelas assistidas durante o verão”.

Na mesma reunião pública, o PS apresentou um voto de pesar no qual manifesta solidariedade “no momento de nova tragédia provocada pelo flagelo dos incêndios florestais, que deixaram, uma vez mais, um terrível lastro em perdas humanas e materiais.”

O voto de pesar refere que “é tempo de agir e auxiliar quem mais necessita” e de reafirmar o compromisso para com uma “verdadeira reforma estrutural na floresta portuguesa, que contribua para combater e atenuar os terríveis efeitos que o país tem vindo a sofrer”.

A Câmara Municipal de Setúbal endereça às famílias das vítimas mortais dos incêndios, através dos presidentes dos municípios onde residiam, as mais sentidas condolências.

Saudação aos bombeiros defende adoção de medidas 

Uma saudação aos bombeiros portugueses, na qual é defendida a urgência na adoção de medidas para evitar a repetição de tragédias como as recentes, foi igualmente aprovada.

A autarquia afirma que assume o seu papel no funcionamento do necessário dispositivo local de combate a incêndios, quer com a manutenção da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, quer com o apoio financeiro que concede aos Bombeiros Voluntários de Setúbal, que contribuíram para as operações de combate aos incêndios no último fim de semana.

Este dispositivo funciona “todo o ano e não apenas durante determinadas épocas”, pois “os fogos florestais não conhecem calendários”.

O município considera urgente a adoção de “medidas consistentes” para evitar a repetição de tragédias como as que acontecerem recentemente. “É da maior importância que o Estado assuma as suas inalienáveis responsabilidades por décadas de abandono de vastas zonas do interior do país onde se promoveu a desertificação com encerramento de serviços públicos e a promoção do afastamento de populações para as grandes cidades e para o litoral.”

A Câmara Municipal defende que os incêndios florestais e os elevados custos humanos e materiais que deles decorrem são “o resultado de décadas destas políticas em que a racionalidade financeira que levou ao encerramento de muitos serviços públicos e ao afastamento de populações gerou a mais iníqua irracionalidade humana”.

A autarquia recorda que os bombeiros são os primeiros a chegar e os últimos a abandonar o teatro de operações, assim como são “os primeiros a ter de suportar críticas injustas e deslocadas”.

Os bombeiros, refere a saudação, são “aqueles que, no fim, quando tudo arde, dos poucos que permanecem no terreno a dar a cara às populações, a assumir erros e a tentar, por todos os meios, salvar o que é possível salvar”.

São os bombeiros, na maioria voluntários, que “continuam a trabalhar com reduzidos orçamentos e com meios insuficientes” e a ser “escassamente pagos para assumir toda esta responsabilidade”, num quadro de “esquemas de pagamento das horas absolutamente injustos” e de “uma lei de financiamento que se demonstrou desadequada e geradora de enormes injustiças”.

A estes homens e mulheres que “tudo dão em troca de muito pouco” e que denotam “espírito de sacrifício, saber e resiliência”, a Câmara Municipal de Setúbal envia “uma forte saudação”.

Pesar pelo "bispo vermelho"

A Câmara Municipal de Setúbal apresentou ainda um voto de pesar em que lamenta o falecimento, a 24 de setembro, de D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal.

A autarquia lembra que D. Manuel Martins “fica para sempre na memória de todos os setubalenses e de todos os portugueses como o homem justo que sempre soube de que lado deveria estar, do lado dos mais desfavorecidos, daqueles por quem sempre lutou, por quem sempre levantou a voz e por quem sempre estava disposto a sacrificar-se”.

O “bispo vermelho”, como foi apelidado, esteve, quando foi necessário “no lado certo da história” e será recordado pela sua lucidez, humanismo, sentido de justiça e sentido de humor.

Este “amigo de Setúbal”, sublinha o voto de pesar, no “momento complexo em que se fez setubalense, soube ler o que ia na alma de gentes fustigadas pela dor da pobreza, da miséria, dos salários em atraso” e, por isso “a cidade agradece-lhe o que por ela fez”.

A autarquia garante que a cidade não esquecerá o papel desempenhado “naqueles tempos difíceis”, nem o entusiasmo que D. Manuel Martins sentiu quando chegou a Setúbal e quis assumir ser um dos que “trabalham e lutam para que o homem seja mais homem, numa sociedade mais justa”, como ele próprio escreveu.

A Câmara Municipal de Setúbal manifesta profundo pesar pelo falecimento de D. Manuel Martins e endereça à família e à Igreja portuguesa os mais sentidos pêsames.