Os resultados dos primeiros meses de funcionamento do projeto, uma parceria da Câmara Municipal, da delegação de Setúbal da Cruz Vermelha Portuguesa e do Instituto da Droga e da Toxicodependência, foram apresentados no dia 12, no piso superior daquele espaço comercial, localizado junto do Bairro da Bela Vista.

A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, salientou que o DizPositivo, “projeto concretizado do qual a Câmara Municipal muito se orgulha”, é o resultado da “avaliação técnica e da preocupação política”.

O equipamento, que integra uma das ações inscritas na carteira de projetos do programa RUBE – Regeneração Urbana do Bairro da Bela Vista e Zona Envolvente, foi criado para desenvolver atividades, sobretudo junto dos mais novos, com idades entre os 12 e os 18 anos, no que diz respeito ao tema do consumo de substâncias psicoativas.

Maria das Dores Meira referiu que em matéria de prevenção das toxicodependências verifica-se uma “falta de investimento ao nível central”, medidas necessárias em face da vida social atual em que “é sério o risco do aumento da toxicodependência”.

Este é um trabalho que só pode resultar em parceria, uma vez que “prevenir continua a ser um desafio importante”, concluiu a autarca.

Destinado a capacitar os jovens de ferramentas e competências para o problema das substâncias psicoativas, o ciclo de formações promovido pelo DizPositivo estendeu-se a professores, assistentes operacionais, estruturas comunitárias e famílias.

Ao longo de sete meses, foram 217 horas de formação, com 191 participantes, de 13 grupos, em estabelecimentos de ensino do Concelho, como a Escola de Hotelaria e Turismo, as EB 2,3 de Bocage e da Bela Vista e as secundárias Sebastião da Gama e D. Manuel Martins.

Pedro Pina, técnico da Cruz Vermelha, salientou a importância da formação do papel dos docentes na temática das toxicodependências, uma vez que, cada vez mais, “se exige que sejam superprofessores”.

Num vídeo apresentado com testemunhos de participantes do projeto DizPositivo, a professora Amélia Rosa afirma a importância de estar em alerta para os comportamentos resultantes das substâncias psicoativas: “Como professora não conhecia certas situações.”

Pedro Pina mencionou ainda não ser pretensão da Cruz Vermelha sobrepor-se ao trabalho desenvolvido pelas instituições que operam no território da Bela Vista, mas que é fundamental transmitir conhecimentos, atuando em rede para “interagirem no problema”.

Além do ciclo formativo, o DizPositivo desenvolveu o projeto “Copos – Quem decide és tu”, com 48 ações de sensibilização em várias escolas do Concelho, incidindo sobre 1129 jovens.

Oito ações de sensibilização para uma alimentação saudável foram ainda acompanhadas por 150 alunos das escolas do 1.º ciclo do Agrupamento Ordem de Sant’Iago, com o objetivo de criar novos públicos no Mercado 2 de Abril e de descobrir alimentos, numa interação com os próprios comerciantes.

O presidente da delegação de Setúbal da Cruz Vermelha Portuguesa, Duarte Machado, desafiou à continuação do “excelente trabalho” do projeto, uma vez que os “problemas sociais agudizam-se”.

“O DizPositivo vai ter continuidade porque os jovens vão continuar a precisar de nós”, salientou.

O projeto DizPositivo resultou das conclusões de um estudo realizado em 2009 pela Câmara Municipal, que revelaram que 60 por cento dos jovens adolescentes de Setúbal já teriam experimentado drogas e álcool, substâncias psicoativas cujo consumo triplicou numa década.