Da necessidade de apoio à produção cultural, à preservação e valorização da identidade regional, foram várias as questões que estiveram em reflexão sobre setor da Cultura num encontro regional realizado dia 7.


O Encontro da Cultura da Região de Setúbal, promovido pela AMRS – Associação de Municípios da Região de Setúbal, acolheu contributos de elementos de entidades representativas das artes e das atividades culturais, como encenadores, investigadores e jornalistas, bem como de representantes do movimento associativo.

A valorização e potenciação do património material e imaterial, o desenvolvimento cultural das populações, o apoio ao movimento associativo, às estruturas criativas e aos trabalhadores artísticos, a democratização do acesso aos bens culturais e formas de envolvimento dos agentes culturais na definição das políticas culturais foram alguns dos pontos focados pelos intervenientes do encontro realizado no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal.

Na sessão de abertura, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, afirmou que o debate “não deve ser visto apenas como um momento”, mas antes como “uma possibilidade de afirmar a Cultura como eixo central de afirmação de um território e da sociedade”.

Ao afirmar que a pandemia “escancarou as já sentidas dificuldades do setor”, o autarca alertou ainda para uma lição que se pode tirar da atual crise sanitária. “A par da preocupação com as necessidades de subsistência, com o colocar bens alimentares e equipamentos de proteção individual à disposição das pessoas, também deve ser dada prioridade às necessidades de existência fundamentais para a condição humana.”

Pedro Pina apontou, igualmente, a transformação positiva que a região de Setúbal conheceu ao longo dos 47 anos que passaram desde a Revolução de Abril.

“Essa transformação passou pela força de gentes que, de tantos sítios, vieram para a região, e pelos municípios que foram criando condições às instituições para transformar as suas terras e as suas gentes através da cultura.”

Na mesma linha, o presidente do conselho diretivo da Associação de Municípios da Região de Setúbal, Rui Garcia, sublinhou, também na sessão inaugural, a necessidade de encarar a Cultura como fator de desenvolvimento, de emancipação do indivíduo e de progresso social.

Para Rui Garcia, igualmente presidente da Câmara Municipal da Moita, urge refletir, de forma participada e global, “como se intervém na cultura e na defesa do património identitário das sociedades, sem ser de um ponto de vista paternalista e dirigista e escapando às tendências, quase omnipresentes, da mercantilização”.

Na região de Setúbal, realçou, a participação e envolvimento entre os municípios tem-se assumido como um fator importante para a coesão regional.

Convicto de que a pandemia vai passar em breve, Rui Garcia defendeu que as dificuldades que a Cultura tinha no passado vão, no entanto, manter-se, com “os problemas a agravarem-se”, em particular em matéria de sustentabilidade das práticas culturais.

A parte da manhã incluiu o painel “A cultura como estratégia de desenvolvimento nos territórios culturais”, moderado pelo jornalista Pedro Tadeu e com as participações de Rodrigo Francisco, encenador e diretor da Companhia de Teatro de Almada, Luís Garcia, programador cultural na Câmara Municipal de Évora, e Miguel Rego, arqueólogo na Direção Regional de Cultura do Alentejo.

O Encontro Cultura da Região de Setúbal, realizado no Fórum Municipal Luísa Todi e que pôde ser acompanhado, igualmente, em direto, a partir do canal da AMRS no YouTube, contou, ainda, na parte da manhã, com um minuto de silêncio em homenagem ao ator, encenador, dramaturgo e produtor Cândido Ferreira, igualmente cofundador do Teatro O Bando, falecido no passado dia 5 de maio.

Da parte da tarde, a sessão aprofundou a valorização e potenciação do património material e imaterial, o desenvolvimento cultural das populações, o apoio ao movimento associativo, às estruturas criativas e aos trabalhadores artísticos, a democratização do acesso aos bens culturais e formas de envolvimento dos agentes culturais na definição das políticas culturais.

O primeiro painel deste período recebeu os contributos de Augusto Flor, presidente da Confederação das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, Paulo Quaresma, presidente da Boutique da Cultura, Héctor Manuel Pose Porto, doutor em psicopedagogia pela Universidade de A Coruña e professor na Faculdade de Educação, bem como Conceição Loureiro, representante de Setúbal Conserva, oficinas colaborativas destinadas à promoção de um roteiro sistemático de interações e de reconhecimento do território.

O último painel de intervenções, “Artes, artistas e trabalhadores da Cultura”, moderado por Margarida Mata, fundadora da revista FOmE, contou com as participações de João Brites, fundador e diretor do Teatro O Bando, Rui Júnior, fundador e diretor do grupo Tocá Rufar, Maria João Luís, atriz, encenadora e diretora artística da Companhia de Teatro da Terra, e de um representante de Coletivo Monstro, plataforma de suporte à criação sustentável e contínua de objetos artísticos.