A Relação Médico-Doente - livro de José Poças

Contributos para uma melhor compreensão da complexa e delicada relação entre médico e doente são partilhados numa obra literária da autoria de José Poças, apresentada no dia 17, ao final da tarde, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.


José Poças, médico e diretor do Serviço de Infeciologia do Centro Hospitalar de Setúbal, revelou que o livro, “uma oportuna e plural reflexão de diversas áreas do saber”, é o resultado de um “trabalho de dois anos”, cujo “derradeiro objetivo só será cumprido se este for verdadeiramente entendido”.

O livro “A Relação Médico-Doente: contributo da Ordem dos Médicos”, no qual são partilhadas 81 reflexões sobre esta temática que, por diversos motivos, está na ordem do dia, é ilustrado com um conjunto de pinturas selecionadas, opção que, destacou o autor, “reforça a componente humana e torna a obra mais atrativa”.

O especialista clínico revelou ainda que a obra foi editada com o intuito de apoiar a pretensão da Ordem dos Médicos de “elevar a relação médico-doente a património imaterial da humanidade pela Unesco”, até porque, defendeu, “ao médico cabe o supremo dever de defender o seu doente.

Para a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, este livro “é apresentado num momento em que as relações entre médicos e doentes, em que a vida e a morte estão na ordem do dia, alimentando um necessário debate entre os que são a favor e os que são contra a morte medicamente assistida”.

A autarca, ao destacar o contributo de José Poças para a “divulgação dos temas da medicina” em Setúbal, realçou, igualmente, a importância da temática abordada na obra, a qual conta com “qualificados contributos, de médicos de variadíssimas especialidades, a ex-bastonários da Ordem dos Médicos e ex-ministros da Saúde”.

Viriato Soromenho Marques, professor catedrático que conduziu a apresentação de “A Relação Médico-Doente: contributo da Ordem dos Médicos”, anunciou, perante um Salão Nobre dos Paços do Concelho completamente lotado, que esta é uma obra singular. ““É um livro grande que é um grande livro.”

Com mais de sete centenas de páginas, é “uma obra conseguida, ampla e cativante”, caracterizou. Além da “qualidade e prestígio dos autores”, a grande maioria médicos, mas também individualidades de outros quadrantes da sociedade, é, igualmente, “autêntica, vivencial e propedêutica”.

Na apresentação, Viriato Soromenho Marques apontou quatro ideias força sobre a obra literária. Por um lado, “analisa o ato médico e a profissão em relação à condição humana”, enquanto por outro questiona o paradigma clínico no que diz respeito à dicotomia de “formação e vocação médica”.

Publicado em novembro do ano passado, pela editora By the Book, o livro “ensina, sem arrogância, a importância da humanidade” e, acrescentou, “exercita a inteligência autocrítica”, ao mesmo tempo que faz um “posicionamento sobre o binómio entre a relação com o doente e o desempenho médico.

Já o presidente da delegação de Setúbal da Ordem dos Médicos, Daniel Travancinha, sublinhou que o livro “representa um baluarte na relação entre o médico e o doente, para depois afirmar que “nenhum clínico deverá ser obrigado a ir contra a sua formação e as suas convicções”.

A sessão tinha ainda prevista uma alocução a cargo do atual bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que se ausentou a meio da sessão após ter sido convocado para uma reunião de urgência com o Presidente da República.