NL Arquivo | Rua Henrique Rosa

Henrique Rosa, célebre figura setubalense, destaca-se, essencialmente, pela promoção e valorização das artes cénicas através de uma obra tão extensa e diversificada que lhe fizera merecer a atribuição de um topónimo no concelho sadino, pelo tanto que deu tanto em palco e fora dele


É no teatro, enquanto declamador, caracterizador, encenador e ensaiador, que se destacou Henrique Rosa. A principal fonte de notoriedade, porém, reside nos papéis inesquecíveis representados em peças levadas a cena nas mais diversas companhias em que trabalhou enquanto ator, designadamente no Grupo Dramático Capricho ou na Companhia Dramática Portuguesa.

É exatamente na Sociedade Musical Capricho Setubalense, a sua coletividade do coração, que se estreia em palco, em 1899, e da qual receberia mais tarde o diploma de sócio honorário. É especialmente nas peças mais difíceis e exigentes que se destaca, designadamente nos papéis de Guilherme de Meneses, em “Peraltas e Sécias”, de Simão Botelho, em “Amor de Perdição”, ou, ainda, na difícil comédia “A Receita dos Lacedemónios”. É sobretudo assim que é recordado, como um ator de excelência, capaz de levantar plateias, tal como destaca João Francisco Envia na obra “Setubalenses de Mérito”.

Nasceu em Setúbal, a 29 de novembro de 1880 e nunca foi ator profissional, mas sim amador, sendo também recordado em funções laborais associadas ao comércio na Baixa setubalense.

Nesta vertente comercial, Henrique Rosa desempenhou, entre outras, a atividade vidraceira, enquanto operário, ao mesmo tempo que se liga ao associativismo, algo sempre presente, sendo um dos promotores originais da Associação Académica de Atletismo. Esta, além de formar reconhecidos atletas, alia os grandes nomes da indústria e do comércio setubalense, resultando em ligações pessoais aos industriais da altura, mas também ao meio artístico em geral. Afirma-se, também, como comandante dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, desempenhando, assim, outros papéis ligados ao bem-estar social.

É, sobretudo, recordado pelo sorriso aberto, uma imagem de marca, e uma simpatia inesgotável para com todos com quem privou, mas o enormíssimo enfoque vai para as artes cénicas e para a capacidade de se reinventar e propor novos caminhos de pura criatividade.

Falecido a 2 de maio de 1954, foi homenageado com um topónimo atribuído pela Câmara Municipal de Setúbal, na reunião ordinária de 3 de maio de 1991, a deliberação está registada em ata e consta do acervo do Arquivo Municipal, encontrando-se a rua que o distingue na zona de Poço Mouro.