NL Arquivo | Rua Óscar Paxeco

O profissionalismo, a empatia e a luta pelo reconhecimento de Setúbal fazem de Óscar Paxeco, jornalista de nomeada e escritor, a figura em destaque na toponímia local, cujo reconhecimento lhe valeu a atribuição do nome numa artéria da cidade na zona do Viso


Nascido na então Rua dos Ourives, atualmente Rua Dr. Paula Borba, em Setúbal, a 10 de agosto de 1904, Acácio Óscar Batista Paxeco tomou para si como missão, entre os muitos outros contributos dados ao município, a divulgação do nome da cidade em que veio ao mundo.

É assim de destacar os inúmeros pedidos que fez ao governo da época para a melhoria das condições de vida dos setubalenses, tornando-se assim um fervoroso ativista.

Também colaborou intensamente no movimento para a designação de Setúbal como capital de distrito e foi um dos maiores impulsionadores da Grande Exposição Regional de Setúbal, que ocorreu em 1930, desdobrando-se em vários papéis nomeadamente junto da imprensa para a divulgação e projeção do município.

O interesse pela causa setubalense é refletido igualmente nos artigos que elaborou em publicações regionais, mas também nas de âmbito nacional.

Localmente, deu os primeiros passos no jornalismo em 1925, na redação de “O Setubalense”, na altura um jornal diário, tornando-se rapidamente um dos principais redatores. Mais tarde dirigiu mesmo esta publicação devido ao afastamento do seu diretor motivado pelas lutas de então entre movimentos republicanos e monárquicos.

Colaborou, igualmente, em publicações locais, tal como no semanário monárquico “Ecos da Cidade” e assumiu a direção da revista “Cetóbriga”. Também foi colaborador em alguns dos jornais mais icónicos em Lisboa, onde passou a residir a partir de 1928, trabalhando em títulos como “A Gazeta”, o “Diário da Manhã”, “O Século” ou o “Diário de Notícias”, onde foi considerado um jornalista apaixonado pela profissão, inaugurando mesmo o “Diário Ilustrado” enquanto redator. Ainda no âmbito do jornalismo foi um dos fundadores do Sindicato Nacional dos Jornalistas.

A entrada no jornalismo acontece após uma total rutura com a família que claramente lhe apontava o mundo eclesiástico como modo de vida e isto por via da tradição familiar, muito marcada pela fé católica. Embora ainda tivesse chegado a frequentar o Seminário de Santarém após completar os estudos liceais, em 1920, o apelo e o entusiamo pelo mundo das notícias venceu e fez disto carreira, o que lhe valeu o nome e a reputação que ainda hoje perduram.

Também a empatia destaca e caracteriza a personalidade de Óscar Paxeco, isto nas palavras dos que o recordam, como indica Ricardo Correia, na obra “Vultos setubalenses”, caracterizando-o como “um homem de trato fino e possuidor de esmerada educação”, o que lhe valeu “inúmeras e sinceras amizades” com todos com quem lidou, tanto na vida particular como profissionalmente.

Não foi somente como jornalista ou ativista por Setúbal que se destacou esta personalidade local já que se dedicou afincadamente a realizar estudos históricos e religiosos ou trabalhos de investigação, mas também foi autor vários livros. Entre estes estão “O que arrancaram em 28 de maio”, “Pio XII e Nossa Senhora de Fátima”, “D. Carlos I, o grande caluniado”, ou o “Roteiro do Tríptico de Luciano”, obra que explica esta pintura e relata a importância das personalidades que lá constam.

Este fresco embeleza o Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal, abarcando-se ali sete séculos de história local devidamente explicados por Óscar Paxeco, que faleceria a 17 de fevereiro de 1970.

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