Mais de oito dezenas de nadadores da elite nacional e mundial de águas abertas, incluindo o campeão olímpico em título, o holandês Ferry Weertman, têm a possibilidade de testar, pela primeira vez, o fato isotérmico, introduzido na modalidade através de novas regras definidas pela FINA – Federação Internacional de Natação.

Se a temperatura das águas do circuito de competição apresentar valores abaixo dos 18 graus, é obrigatório o uso dos fatos, mas, se oscilar entre os 18 e os 19,9 graus, a utilização será opcional. Acima dos 20 graus de temperatura, é proibida a utilização dos fatos isotérmicos.

O dirigente da Federação Internacional de Natação Andrea Prayer, que marcou presença na manhã de dia 22, no Hotel do Sado, na conferência de imprensa de apresentação do evento, não tem dúvidas de que a prova da Taça do Mundo de Águas Abertas que se realiza no dia 24 será um “momento muito importante” para a história da disciplina.

A organização espera que o recurso a equipamento desportivo desta natureza se reflita na prestação dos atletas e está a criar expectativas elevadas para Setúbal, etapa famosa pelas águas mais frias e pelos elevados níveis físicos e mentais exigidos aos atletas em comparação com as restantes provas do circuito mundial.

“O uso dos fatos isotérmicos na prova de Setúbal é facultativo e, se os nadadores optarem por vesti-los, estamos perante uma novidade a nível mundial. Por isso, a FINA aguarda o evento com muita expectativa para perceber como funcionam as novas regras.”

Andrea Prayer confessa que a prova setubalense, disputada num circuito delineado no rio Sado, no Parque Urbano de Albarquel, a partir das 15h00, “é uma das melhores organizações a nível mundial”, com a aliciante de ser “muito competitiva para os nadadores, pela dureza que a caracteriza e a torna diferente de todas as outras”.

A competição, organizada pela Federação Portuguesa de Natação e pela Câmara Municipal de Setúbal, integrando o programa municipal dos 14os Jogos do Sado, conta com a participação dos melhores atletas da atualidade, uma constante desde a primeira edição da “Setúbal Bay”, em 2006, evento desportivo que, além de etapas da Taça do Mundo, incluiu apuramentos olímpicos para Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016.

A autarca aceita “com enorme entusiasmo” a designação de “santuário” das águas abertas em Portugal, atribuída pela Federação Portuguesa de Natação, uma vez que Setúbal já se transformou num local de culto para todos os praticantes e amantes da modalidade.

A prova de natação em águas abertas tem sido “uma aposta desportiva da autarquia”, revelando-se “um verdadeiro sucesso quer de público, quer de divulgação e promoção desta modalidade”.

Esta questão é destacada também pelo presidente da Federação Portuguesa de Natação, António José Silva, para quem a disciplina de águas abertas só começou a dinamizar-se em Portugal quando Setúbal deu início à organização desta prova, em 2006.

O responsável defende mesmo que esta é “a melhor edição da Taça do Mundo, a nível mundial,” e quer que “cada vez mais atletas utilizem este santuário, que é Setúbal, como capital destas atividades de águas abertas em Portugal”.

Em 2017, a etapa de Setúbal da Taça do Mundo de Águas Abertas conta com a participação da vice-campeã olímpica, a italiana Rachele Bruni, e do campeão olímpico em título, Ferry Weertman, da Holanda, que se mostra “entusiasmado” por competir numa “prova dura e única”, na qual pretende usar o fato isotérmico.

A brasileira Ana Marcela Cunha, que venceu a edição setubalense em 2008, também sublinha a dureza da prova e confessa que está “feliz por regressar a uma das melhores organizações da competição, num local muito bonito”, após ter estado ausente em 2016.

Todos querem ganhar e, por isso, “é importante adotar uma estratégia para estar sempre no pelotão da frente”, aconselha Marcela.

Para os oito nadadores que compõem a seleção portuguesa, este será o último teste antes do Campeonato Mundial de Águas Abertas de Budapeste, Hungria, a disputar entre 15 e 22 de julho.

Vânia Mendes, atleta olímpica, que garantiu a qualificação para os Jogos do Rio na prova setubalense, em 2016, garante que se sente “bem preparada para dar o máximo”, enquanto Rafael Gil, campeão nacional, está ansioso por usar o fato isotérmico e viver “uma grande experiência num local excecional”.

A seleção nacional de natação em águas abertas conta ainda com Angélica André, Mário Bonança, Alexandre Coutinho, Diogo Marques, José Carvalho e Eva Carvalho.

Os italianos Simone Ruffini, campeão mundial dos 25 quilómetros, em Kazan, Rússia, e sexto classificado nos Jogos do Rio de Janeiro, e Federico Vanelli, sétimo nas olimpíadas brasileiras, são outros atletas de elite a disputar a terceira etapa da Taça do Mundo.

Em Setúbal estão também presentes os alemães Andreas Waschburger, Christian Reichert e Angela Maurer, esta última, várias vezes campeã do mundo, o argentino Guillermo Bertola, o brasileiro Allan do Carmo, vencedor do circuito mundial de 2014, e a italiana Ariana Brid, atual líder do circuito mundial.

A competição, com um total de 10 quilómetros divididos por cinco voltas de dois mil metros cada, realiza-se num circuito desenhado na baía do Sado com partida e chegada no Parque Urbano de Albarquel. A prova masculina tem início às 15h00 e a elite feminina entra na água dez minutos depois.

A etapa de Setúbal é a terceira do circuito mundial de águas abertas na distância de 10 quilómetros deste ano, seguindo-se a Viedma, Argentina, a 4 de fevereiro, e Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, a 11 de março.

A Taça do Mundo prossegue em Lake St. John, a 27 de julho, e Lake Megantic, a 12 de agosto, ambos no Canadá. A Taça do Mundo termina com duas etapas na China, em Chun’ai, a 15 de outubro, e Hong Kong, a 21 de outubro.

No dia 24, em Setúbal, em paralelo à competição oficial, realiza-se a FINA Water Mass Swimming World Series Setúbal, com início às 10h00.

Esta prova, também organizada pela Federação Portuguesa de Natação e pela Câmara Municipal, destina-se a toda a população, nadadores federados ou não federados, desde que tenham mais de 14 anos de idade.

O evento, que conta com cerca de duas centenas de inscrições, permite que nadadores amadores disputem, numa distância de 1660 metros, uma competição no mesmo circuito em que os nadadores da elite mundial se vão bater na distância de 10 quilómetros.