Durante cerca de uma hora e meia as mais de quatrocentas pessoas que se deslocaram à maior sala de espetáculos de Setúbal assistiram a um concerto em que António Chainho interpretou diferentes temas instrumentais juntamente com Rão Kyao.

O fado cantado foi uma componente do evento realizado no âmbito do ciclo “Luísa Todi Homenageia…”. A acompanhar na voz o mestre da guitarra portuguesa estiveram as fadistas Marta Dias, Inês Pereira e Ana Vieira.

Antes do espetáculo, durante a tarde, na Casa da Cultura, também em Setúbal, António Chainho participou num encontro em que esteve à conversa com admiradores e no qual marcaram presença o vereador da Cultura, Pedro Pina, e o diretor do Fórum Luísa Todi, João Pereira Bastos.

Durante cerca de uma hora o músico falou da história da guitarra portuguesa, do fado e de fadistas.

António Chainho partilhou ainda algumas das histórias que preenchem a longa carreira.

O músico admite que fez um percurso atípico para um guitarrista, tendo passado por poucas casas de fado. “Comecei na Severa para substituir um guitarrista alentejano que conheci porque sabia que tocava para a Amália Rodrigues”, recordou.

Seguiu-se o restaurante Folclore, vocacionado para o turismo, “que era muito melhor porque ganhava mais e principalmente porque saía à meia-noite”, ao contrário das três ou quatro da manhã nas casas de fado convencionais.

Amália, que tinha “uma voz que dava para tudo”, e Carlos Paredes, “um génio que não devia ter feito mais nada na vida além de tocar guitarra e representar Portugal e esta arte no estrangeiro”, foram também recordados por António Chainho.

No encontro, inicialmente pensado para ser um workshop, mas que rapidamente se tornou numa conversa descontraída entre músico e público, António Chainho abordou ainda a mudança de mentalidade que se está a verificar no mundo do fado.

O mestre, marcado por alguns momentos no início da carreira em que guitarristas que admirava se negaram a dar-lhe qualquer tipo de apoio ou consideração, atitude, de resto, habitual na época, sentiu necessidade de abrir escolas de ensino de guitarra portuguesa, tendo sido o primeiro a fazê-lo no País.