“As diferenças em relação ao ano passado não são significativas em termos de programa. A qualidade continua elevada e o que sobressai na edição de 2012 é que há muito mais gente a participar e envolvida nos espetáculos”, sublinhou o diretor artístico do festival, Ian Ritchie, na apresentação do evento, realizada no dia 8, na Casa da Baía.

O Festival de Música de Setúbal é uma iniciativa da Câmara Municipal em estreita parceria com Helen Hamlyn Trust, fundação britânica orientada para a inclusão social de crianças e jovens.

“O modelo deste festival deve ser seguido não apenas em Portugal, mas em todo o mundo”, salientou Ian Ritchie, para quem o projeto que agora conhece a segunda edição “tem um caráter extremamente inclusivo e a capacidade de reunir num local os valores e as riquezas culturais de vários pontos do mundo”.

O vereador da Câmara Municipal André Martins realçou que o certame “reforça Setúbal como a cidade da música” e é “um dos melhores eventos que o Concelho oferece” a nível cultural.

Para o autarca, o festival tem um alcance mais profundo do que o retorno turístico para o Concelho, o qual, ainda assim, deverá “ser maior em relação a 2011, até porque não existe mais nenhum no País com estas características”.

André Martins sublinha sobretudo que um dos principais objetivos “é a vocação formativa das comunidades mais jovens e o envolvimento muito próximo de diferentes culturas” na preparação dos espetáculos.

O programa do Festival de Música de Setúbal apresenta uma componente de concertos desenvolvida pela população escolar e por associações de imigrantes e outra composta por artistas de reputação mundial, como Pedro Caldeira Cabral, o coro britânico Contrapunctus e Pedro Carneiro.

Cerca de 1200 crianças participam no desfile de abertura, dia 1 de junho, a partir das 10h30, entre a Praça de Bocage e o Parque do Bonfim, durante o qual interpretam músicas com instrumentos feitos a partir de materiais reciclados.

Fernando Molina, que este ano dirige no desfile cinco vezes mais crianças do que no ano passado, culmina o cortejo no Parque do Bonfim com um workshop coletivo, aberto ao público, desde que os participantes reciclem simples materiais para usarem como instrumentos de percussão.

A influência de que Setúbal beneficiou ao longo da história a nível cultural com a visita de várias personalidades também está patente no programa de 2012 do festival. “A visita de Hans Christian Andersen” é o título de um concerto do externato de ensino especial “Rumo ao Sucesso” e do Conservatório Regional de Setúbal agendado para dia 1, às 18h00, no Auditório da Anunciada.

O grupo de música antiga Concerto Atlântico, dirigido por Pedro Caldeira Cabral, encerra a programa do primeiro dia do festival, a partir das 21h30, nos Claustros do Convento de Jesus, com a atuação “Cantos do Mar e da Viagem”, que explora o reportório dos marinheiros dos séculos XV e XVI, incluindo textos de Luís de Camões, António Carriera, Pedro Escobar e Gil Vicente.

O segundo dia do festival começa com atuações pontuais no Mercado do Livramento, onde, entre as 11h00 e 12h00 de 2 de junho, os músicos Firmino Pascoal e Elizabet Oliveira tocam nos corredores daquele que é o mais emblemático espaço comercial de Setúbal.

Outra das novidades deste ano é a apresentação do hino do evento, composto por alunos de várias escolas primárias, por utentes da APPACDM e pelo Coro Infantil de Setúbal, num projeto coordenado por Carlos Barreto Xavier. Os autores interpretam o hino e um reportório a apresentar no concerto “Canções de Setúbal”, dia 2, às 16h00, no Auditório José Afonso.

O coro Contrapunctus, dirigido pelo especialista em música antiga portuguesa Owen Rees, estreia-se em Portugal com o concerto “Itália e Portugal: Intercâmbios musicais no século XVIII”. A atuação, que conta com a participação especial, no órgão, de Stephen Farr, apresenta temas da época de D. João V, nomeadamente de compositores que beneficiaram do intercâmbio cultural entre os dois países, como Domenico Scarlatti, Esteves, Georgi e Almeida.

Antecedido às 20h30 por uma atuação do Conservatório Regional de Setúbal, o concerto tem início às 21h00, dia 2, na Igreja de S. Julião. Embora de entrada livre, é necessário fazer reserva de bilhetes na Loja Coisas de Setúbal, localizada nos Paços do Concelho, na Casa da Baía ou no Posto de Turismo de Azeitão.

“O Estrangeiro na Cidade” é a proposta de Lindu Mona, Dama Bete e Milongo, grupos de música lusófona, para a Casa da Baía, onde, a partir das 22h30 do dia 2, atuam em ambiente descontraído, fora dos registos habituais de um concerto.

O último dia do Festival de Música de Setúbal, 3 de junho, começa com a banda da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense e solistas da Orquestra de Câmara Portuguesa, num concerto com início às 11h00, na Quinta da Bacalhôa, em Vila Fresca de Azeitão.

O programa prossegue com “O mundo musical de Setúbal”, com músicas tradicionais de Setúbal e do mundo interpretadas pelo Coral Infantil de Setúbal, pela Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi e pelo Conservatório Regional de Setúbal, num concerto agendado para as 16h00 do dia 3, no Auditório José Afonso.

O derradeiro espetáculo do Festival de Música de Setúbal está a cargo do percussionista Pedro Carneiro e de um quarteto de cordas da Orquestra de Câmara Portuguesa, que apresentam “Músicas de longe e de perto”.

Durante a atuação, com início às 19h30, nos Claustros do Convento de Jesus, são interpretadas obras de Domenico Scarlatti e Edvard Grieg, sendo ainda apresentada em estreia mundial a obra “Cantos Tonales (en epocas atonales)”, de Fernando Altube.

Todos os espetáculos são de entrada livre, exceto as atuações do Concerto Atlântico, de Pedro Caldeira Cabral, e de Pedro Carneiro e do quarteto de cordas. Os bilhetes para estes dois espetáculos custam 12 euros e podem ser adquiridos na Loja Coisas de Setúbal, na Casa da Baía ou no Posto de Turismo de Azeitão.

Helen Hamlyn, “extremamente feliz por estar envolvida neste projeto”, sublinhou na apresentação do festival o facto “notável de se ter conseguido aumentar tanto a participação e envolvimento das pessoas em apenas num ano”, desde a última edição.

Mesmo quando o investimento financeiro se prevê sem alterações em relação a 2011. Luís Liberato, diretor do Departamento de Cultura da Autarquia, calcula que o orçamento para este ano “deverá manter-se dentro dos valores da primeira edição, cerca de 70 mil euros”.

No final da apresentação do Festival de Música de Setúbal houve uma atuação dos Bela Batuke, com instrumentos reciclados, mostrando uma das componentes do evento.

O programa completo pode ser consultado em www.festivalmusicadesetubal.com.pt ou obtido através do endereço festival.musica.setubal@gmail.com.