O Rio é a Nossa Casa | Festival de Música de Setúbal 2019

Músicos conceituados partilharam o palco com formações profissionais e amadoras, entre os dias 23 e 27 de maio, em eventos do Festival de Música de Setúbal 2018, em diversos locais do concelho, para os mais distintos públicos.


“Casa”, à semelhança do ano passado, foi o tema da nona edição do certame, organizado pela A7M – Associação Festival de Música de Setúbal, em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal e The Helen Hamlyn Trust e apoio da Antena 1 e 2 e da Caetano Drive.

Nesta “casa” estiveram artistas e formações com reconhecimento nacional e internacional, envolvidos em espetáculos com a comunidade local, incluindo grupos amadores e pessoas com necessidades especiais, no âmbito do espírito inclusivo do certame.

Este espírito revelou-se logo no concerto de boas-vindas, no dia 23, no Fórum Municipal Luísa Todi, com Beatriz Nunes, cantora e compositora, a partilhar o palco com o quarteto de cordas do Conservatório Regional de Setúbal, o Coro Infantil de Setúbal e uma turma do 1.º ciclo de Azeitão.

No espetáculo “Em Casa”, a vocalista com formação em jazz, clássica e música popular, fez-se acompanhar do grupo com quem toca desde 2012, formado pelos músicos Mário Franco, no contrabaixo, Luís Barrigas, no piano, e Jorge Moniz, na bateria.

No dia seguinte, 24, o envolvimento da comunidade escolar revelou-se no habitual desfile de percussão, com o título “O Rio é a Nossa Casa”, conduzido por Fernando Molina.

Mais de oito centenas de crianças e jovens das escolas do concelho e de grupos comunitários levaram animação às ruas da cidade, entre o cais 3 do porto de Setúbal e a Praça de Bocage, numa performance com uma diversidade rítmica e cultural, conseguida através da junção de instrumentos musicais habituais e outros não convencionais, como baldes e recipientes de plástico, latas de tinta usadas e latas de conservas reutilizadas.

No mesmo dia, a Camerata do Festival de Música de Setúbal atuou ao final da tarde no Salão Nobre dos Paços do Concelho, num concerto com a participação do trompetista britânico John Kenny, no carnyx, instrumento de sopro celta milenar.

Neste concerto, intitulado “Camerata na Câmara”, os músicos, dirigidos por André Gaio Pereira, interpretaram “Andante Festivo”, do compositor finlandês Jean Christian Sibelius, “Forest, River, Ocean”, do britânico Nigel Osborne, e “Serenata para Cordas”, do russo Pyotr Ilyich Tchaikovsky.

À noite, o concerto “Migrating Byrd”, enquadrado pela famosa “Missa para Quatro Vozes”, de William Byrd, uniu, na Igreja de São Julião, os coros da Escola Superior de Música de Lisboa e do Conservatório Regional de Setúbal, acompanhados pelo violino de André Gaio Pereira e dirigidos por Alberto Oliveira, Pedro Ferreira, Susana Marques e Paulo Lourenço.

A música continuou a ouvir-se na noite de sexta-feira, na Casa d’Avenida, com o quarteto de cordas da Camerata do Festival de Música de Setúbal, composto por Joana Praça e Joana Rodrigues, no violino, Miguel Sobrinho, na viola, e Pedro Silva, no violoncelo, a tocar “Uma Pequena Serenata Noturna”, com obras de Mozart, de Aleksandr Borodin e de Eurico Carrapatoso.

No sábado, dia 25, fabricaram-se canções no Museu do Trabalho Michel Giacometti, num concerto coordenado pela londrina Merit Ariane Stephanos, com a participação do IncEnsemble, do sueco Torbjörn Hultmark, no trompete, e de criadores e artistas da APPACDM e do Conservatório Regional de Setúbal.

Os jovens partilharam canções e histórias que criaram, inspirados pelo propósito original do edifício onde está localizado o Museu do Trabalho, como fábrica de conservas de sardinhas, e pelas memórias de mulheres que, ao ouvir a sirene anunciar a chegada da última faina, apressavam-se a chegar ao emprego na fábrica.

De “Regresso a Casa” esteve a Camerata do Festival de Música, que, também no sábado, partilhou o palco na Casa d’Avenida com jovens compositores do Conservatório Regional de Setúbal, num concerto que exploram as relações entre a música e a arquitetura.

Mas nem só de música se fez o festival. A Casa d’Avenida recebeu, ainda no dia 25 à tarde, o encontro “Liquid Architecture and Frozen Music”, com a participação dos arquitetos José Manuel Pedreirinho e Fernando Ziegler, inspirado em Johann Wolfgang von Goethe.

O ilustre escritor, estadista e pensador alemão afirmou que “Música é arquitetura líquida; Arquitetura é música congelada”, sugerindo que todos os processos de criação e invenção estão interligados por uma necessidade humana de exprimir algo.

À noite, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Camerata do Festival de Música e os conservatórios regionais de Setúbal e Palmela tocaram juntos, no Fórum Luísa Todi, em “A Vida Divina”, num concerto com obras do checo-austríaco Gustav Mahler, conduzido por Joana Carneiro.

No dia seguinte, a 26, o programa começou no Fórum Municipal Luísa Todi com o projeto de escrita de canções “Em Casa e Fora Dela”, desenvolvidas e interpretadas por cerca de 300 crianças das escolas do ensino básico do concelho, pelo Coral Infantil de Setúbal, pelo quarteto de cordas da Camerata e pela banda Carlos Garcia, no âmbito do projeto de escrita de canções do Festival de Música de Setúbal.

O espetáculo contou com participação especial de Beatriz Nunes e direção de Carlos Garcia, compositor que já trabalhou com Carlos do Carmo, Luís Represas, Rão Kyao, Jorge Palma, Ana Moura, Cuca Roseta, Vitorino, Janita Salomé, Martinho da Vila e Paulo Flores.

Os grupos de alunos trabalharam desde março num contrarrelógio intenso, com a ajuda dos professores para chegar a um conjunto de canções, que refletem um aprofundamento do sentimento de estar em casa, em Setúbal, e de tudo o que isso envolve, mas também o sentimento de estar fora de casa, a saudade e aquilo que nos mantém em contacto com as nossas raízes.

Outras letras aprofundam as histórias partilhadas e a vivência com algumas instituições de terceira idade que alguns dos grupos puderam criar ou fortalecer.

À tarde, a “casa” do Festival de Música de Setúbal mudou-se para o Palácio da Bacalhôa, em Vila Fresca de Azeitão, para uma visita guiada ao imóvel e aos jardins, acompanhada pelo som dos ensembles do Conservatório Regional de Palmela e da Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi.

Ainda no domingo, o Fórum Municipal Luísa Todi recebeu, às 19h00, o Ensemble Juvenil de Setúbal, os Headspace Ensemble, Patrick Kenny, no hi-note, e a voz de Merit Ariane, dirigidos por Miguel Ângelo da Conceição, no concerto “Home Again”.

Nesta atuação, o público ouviu temas como “Inverno e Verão”, de Sara Ross, “Amor como Sal”, de Cevanne Horrocks-Hopayian, e “Clapping Music”, de Steve Reich.

O Ensemble Juvenil de Setúbal é um projeto único e inovador que se liberta de barreiras culturais e sociais na busca da qualidade artística, do bem-estar e da igualdade.

Com o apoio do programa PARTIS da Fundação Calouste Gulbenkian, foi possível impulsionar esta pequena orquestra inclusiva a um nível de profissionalismo que já a levou a parcerias e exibições internacionais.

O Ensemble interpreta obras originais de compositores portugueses e britânicos que trabalham diretamente com músicos e maestro, criando uma experiência única em cada obra e em cada temporada.

Dia 27, último dia de festival, o Fórum Municipal Luísa Todi volta a receber Headspace Ensemble, com um reportório que inclui as obras “Salt” e “HeadSpace”, de John Kenny, num concerto marcado para as 18h00.

O Festival de Música de Setúbal 2019 contempla, igualmente, a segunda edição do Simpósio “Música, Saúde e Bem-Estar”, para refletir sobre os contributos para a saúde de projetos como o Ensemble Juvenil.

O encontro realizou-se no domingo, com o tema “Home”, na escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, e prosseguiu dia 27, das 09h30 às 18h00, com o tema “Comunidade, Criatividade e Cultura”, no Fórum Municipal Luísa Todi, com o envolvimento de especialistas nacionais e estrangeiros.

Já a Casa d’Avenida mostrou a exposição “As Gavetas de Mahler”, com construção de ambientes, desenhos e pintura de Graça Pinto Basto e textos da própria e de Maria João Frade, que esteve patente entre os dias 4 e 26 de maio.

O Festival de Música de Setúbal já envolveu a participação de mais de 12 mil crianças e jovens na realização de espetáculos e na composição de canções interpretadas nas nove edições do certame.

O evento mantém como principal linha o princípio que serviu de predicado à sua génese, em 2010, o de contar com o envolvimento da comunidade local, desde o movimento associativo, escolas, estabelecimentos de ensino musicais e pessoas portadoras de deficiência, na participação artística ativa nos espetáculos do programa, muitos deles em estreita parceria com músicos profissionais e consagrados.

Cravo. 25 de Abril

COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL

TRANSMISSÃO EM DIRETO
DA SESSÃO SOLENE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

25 de Abril . 10h00 . Fórum Municipal Luísa Todi

Cravo. 25 de Abril