Sessão Pública sobre a Prestação do serviço público de Transportes pela Alsa Todi - Auditório Bocage - Freguesia de São Sebastião

As autarquias de Setúbal apelam à participação da população numa ação de protesto a ter lugar no dia 1 de outubro para exigir que a Alsa Todi cumpra com o que está contratualizado para o transporte público rodoviário no concelho.


Atrasos que levam a esperas significativas dos utilizadores nas paragens, autocarros que nunca aparecem, falta de informação por parte da operadora e falta de respostas às reclamações apresentadas foram as principais queixas apresentadas pela população que quase encheu na noite de 24 de setembro o Auditório Bocage, na segunda sessão de um conjunto de cinco a realizar com a população em todas as freguesias do concelho.

O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, a vice-presidente, Carla Guerreiro, a vereadora com o pelouro da Mobilidade, Rita Carvalho, e o presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião, Nuno Costa, ouviram atentamente todos os relatos e tomaram notas de todas as situações que “comprovam a incapacidade da empresa para cumprir com os compromissos que assumiu”, refere André Martins,

Os objetivos das sessões públicas promovidas pela Câmara Municipal em parceria com juntas de freguesia são “esclarecer a população sobre o que está a acontecer e encontrar caminhos para pressionar a empresa a fazer rapidamente o que tem contratualizado para o concelho”, sublinhou o presidente do município.

A Câmara Municipal reúne semanalmente com a Alsa Todi, operadora responsável pelos transportes públicos coletivos no concelho, e já fez vários pedidos de informação e ultimatos, mas sem sucesso,

“Há sempre desculpas que nos criam expectativas que as coisas vão melhorar. Em todas as reuniões pedem sempre mais quinze dias para resolver os problemas, mas a qualidade atual do serviço continua a ser manifestamente insuficiente.”

O último pedido de esclarecimentos feito à empresa pelas autarquias do concelho com a entrega de uma carta nas instalações da Alsa Todi, no dia 12 de setembro, voltou a ser infrutífero, razão pela qual André Martins considera que está na hora de tomar medidas adicionais.

“Acreditamos que o mais importante é denunciar publicamente a situação de forma a colocar em causa o bom nome desta empresa e prejudicá-la com uma má imagem no mercado. Isto vai afetá-los quando concorrem a outros concursos para concessão de transportes públicos.”

Este é o principal objetivo de uma concentração a realizar-se no dia 1 de outubro com início às 10h30 na Praça Vitória Futebol Clube, junto do Estádio do Bonfim, e que segue depois para o Interface de Transportes de Setúbal.

“Esta é a forma mais eficaz de pressionar a empresa neste momento. Por isso, apelamos à mobilização de todos para estarem connosco nesta iniciativa.”

Setúbal é um dos cinco concelhos, juntamente com Alcochete, Moita, Montijo e Palmela, que constituem o lote quatro da Área Metropolitana de Lisboa onde o novo serviço de transportes públicos coletivos entrou em funcionamento a 1 de junho.

Desde então, tal como em outros lotes onde o serviço também já começou a operar no território metropolitano, a qualidade dos transportes coletivos tem defraudado as expectativas da população, impondo grandes dificuldades na mobilidade urbana.

“Não há horários que sejam credíveis em nenhuma das plataformas disponibilizadas pela empresa. Não podemos acreditar em nada do que eles divulgam e isto é muito grave pois está em causa a vida das pessoas.”

A vereadora com o pelouro da Mobilidade, Rita Carvalho, garantiu que a Transportes Metropolitanos de Lisboa, empresa responsável pela gestão do serviço na Área Metropolitana, já está a tratar das questões jurídicas para denunciar os incumprimentos da operadora, mas estes “mecanismos levam tempo, o que não é compatível com as necessidades da população”.

Uma das preocupações da autarquia diz respeito à garantia de transporte para as crianças e jovens do concelho que têm de deslocar-se em transporte público para as escolas.

“Há 1400 alunos do 2.º e 3.º ciclos e do ensino secundário que todos os dias dependem deste transporte. É uma dimensão muito grande que tem causado muitos transtornos, com a agravante de que estamos as falar de crianças”, sublinhou a vice-presidente que acumula o pelouro da Educação, Carla Guerreiro.

Para minimizar o problema e “assegurar o transporte escolar para as crianças e jovens, sobretudo as que residem nas freguesias mais afastadas do centro da cidade”, o Município de Setúbal está a contactar outras empresas para arranjar autocarros que realizem o serviço até a situação com a Alsa Todi estar resolvida.

“É uma medida extraordinária, mas necessária. As nossas crianças não podem ficar prejudicadas.”

Também o presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião, Nuno Costa, considera que os incumprimentos da Alsa Todi “chegaram a um ponto limite”, razão pela qual são necessárias “ações mais musculadas”.

O autarca revelou que as autarquias do concelho chegaram a perguntar à Alsa Todi o que não consegue cumprir para perceberem se podiam ajudar a empresa de alguma forma.

“Não temos respostas. Por isso, decidimos convocar a população para pedir que nos ajudem a resolver este problema muito sério que afeta a vida das pessoas, quer os que precisam de se deslocar para o trabalho e para as escolas, quer os que, por direito, se deslocam por lazer.”

O autarca adiantou que os municípios fazem “um investimento brutal” para que os utentes possam ter acesso a passes mais baratos e a mais transportes, algo que não se coaduna com “o mau serviço que está a ser prestado”.

A ronda de sessões públicas de esclarecimento e debate com a população, iniciada na noite de 23 de setembro na freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra, prossegue no dia 26, às 21h00, na Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense, na freguesia de Azeitão, no dia 27, às 21h30, no Cinema Charlot – Auditório Municipal, União das Freguesias de Setúbal, e, por fim, a 29, com início às 18h30, na União Cultural e Recreativa Praiense, freguesia do Sado.