NL Arquivo | Setúbal faz-se cidade

A elevação de Setúbal a cidade, que este ano comemora o 162.º aniversário, é celebrada no dia 19 de abril, constituindo-se como um motivo para se visitar a Sala do Município, no edifício dos Paços do Concelho, num espaço requalificado onde se expõe e retrata a evolução do município ao longo dos tempos


Salienta o historiador Francisco Correia que o decreto de elevação a cidade, publicado em 19 de abril de 1860, “prova o relevante lugar ocupado por Setúbal, em meados do século XIX, no conjunto dos agregados urbanos do país, nomeadamente em termos económicos, sociais e demográficos”.

Isto realça a importância do concelho enquanto região estratégica, nomeadamente pela produção agrícola e de bens preciosos como o sal e produtos da pesca e do mar. É exatamente este um dos principais argumentos utilizados pela representação enviada ao rei D. Pedro V, em junho de 1858, pela qual é oficialmente pedida a elevação a cidade.

Argumenta e apela a Câmara Municipal de Setúbal ao monarca a atribuição do novo estatuto deste modo: “com efeito senhor, Setúbal, conhecida em toda a parte do mundo pela extensão de seu commércio de sal, laranja, cortiça e cereaes, compreendendo o seu concelho mais de sete mil fogos, com perto de trinta mil almas, rivaliza em população e grandeza com todas as cidades do Reino, exceptuando Lisboa e Porto”. A pretensão é diferida dois anos depois.

A Sala do Município, que se constitui atualmente como uma exposição permanente, pode ser visitada pelos munícipes e turistas de segunda a sexta-feira.

Nela são revelados os aspetos fundamentais que historicamente contribuíram decisivamente para aquilo em que a urbe sadina se tornou, mas também são destacadas potencialidades.

Entre os temas abordados constam o brasão de Setúbal, facilmente reconhecido pelo seu castelo de prata ao centro e os três peixes, igualmente em prata, e que para ele apontam, explicando-se, também, a simbologia e cores do estandarte do município.

Outro dos temas centrais conta, em painéis escritos e ilustrados, a história local concelhia, passando pelas muralhas medievais e as suas funções defensivas e a importância do Porto de Setúbal para o escoamento da produção local bastante diversificada em géneros alimentícios para consumo nacional e o sal como moeda internacional.

É na parte e documental que o Arquivo Municipal de Setúbal contribui com as suas valências ao mostrar parte do seu acervo, exibindo-se documentos vários, entre os quais o livro onde consta o Decreto-Lei n.º 91, de 21 de abril de 1860, que relata o estatuto de cidade.

Ao se visitar a exposição avançamos do passado para a modernidade, com a descrição de episódios como o do incêndio ocorrido na noite de 4 para 5 de outubro de 1910 e do qual apenas fez restar a fachada central dos Paços do Concelho, mas também para a contemporaneidade ao mostrar valências e prémios atribuídos ao município, incorporando este uma vasta rede de representações nacionais e internacionais em áreas como o turismo, cultura, desporto ou educação, apontando-se, igualmente, caminhos para o desenvolvimento futuro.