De Setúbal a Azeitão, do centro urbano às periferias, a festa de Abril esteve em todo o lado e em proximidade com a população, com o território a ficar dotado de mais equipamentos que elevam a qualidade de vida no concelho.

Na Aldeia da Portela, um novo espaço público, fruto de uma requalificação feita pela Junta de Freguesia de Azeitão, com apoio da Câmara Municipal de Setúbal, reforça as relações de vizinhança e de convívio e dá as boas-vindas, com mais dignidade, aos visitantes.

“É a transformação completa do velho Largo da Portela num espaço requalificado que valoriza esta aldeia de Azeitão e de Setúbal”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, no dia 25, na inauguração da obra integrada no programa comemorativo da Revolução dos Cravos.

Do antigo Largo da Portela, uma área descaracterizada e que funcionava apenas como zona de circulação e de estacionamento, pouco sobra. O pavimento betuminoso deu lugar a um espaço em calçada portuguesa que aglomera um conjunto de equipamentos para usufruto de todos.

A velhinha fonte que ainda serve os locais ganha novo protagonismo depois de ter sido recolocada no centro largo. Uma pérgula em madeira, que serve para sombrear os novos bancos instalados, confere também um novo requinte ao espaço público, alindado com diversas floreiras.

“A Revolução dos Cravos permitiu que as populações tivessem uma palavra a dizer nas decisões que lhes dizem respeito. Foi o que aconteceu com esta obra, resultado de uma velha aspiração desta população que a junta de freguesia tão bem soube interpretar”, realçou Maria das Dores Meira.

A presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves, realçou a importância da beneficiação. “Criámos mais condições e melhor qualidade de vida para as populações e, em simultâneo, valorizámos o espaço público desta aldeia linda, que ansiava por esta intervenção.”

A autarca destacou, igualmente, o trabalho desenvolvido com a Câmara Municipal de Setúbal, que está “sempre disponível quando a Junta de Freguesia de Azeitão lança o desafio”, a qual “trata tanto do centro de Azeitão como das periferias”.

As obras realizadas, um investimento global de cerca de 40 mil euros, garantem o acesso das pessoas às casas antigas que definem o Largo da Portela, ponto de encontro mas também de passagem em direção à Serra da Arrábida e às várias quintas das redondezas.

A festa de Abril também se fez em Vila Nogueira de Azeitão, com a inauguração de uma nova rotunda inspirada na música e nos músicos azeitonenses, criada na interseção composta entre as ruas Antero de Quental e Oliveira Martins, nas imediações do Bairro dos Trabalhadores, numa obra da junta de freguesia, com apoio da Câmara Municipal.

O Hino de Azeitão, com música do maestro Joaquim Caineta e letra do poeta Bento Passinhas, ganha novo protagonismo e decora a Rotunda Azeitão e a Música, forrada a azulejos que formam uma autêntica partitura musical. Ao centro, bem no alto, há uma clave de sol ladeada pelas flores da Revolução.

“Esta é a celebração do Poder Local Democrático e uma merecida homenagem aos músicos de uma terra com largas tradições nesta matéria e que se estende às coletividades locais, que têm sido as principais, ou mesmo únicas, promotoras do ensino da música”, realçou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal.

A autarca, ao destacar que de Azeitão “saíram e continuam a sair muitos músicos de grande qualidade” frisou a importância do movimento associativo. “Nestas escolas promove-se, além do ensino da música, a cidadania, o espírito de participação e o sentido de solidariedade.”

Maria das Dores Meira acrescentou que “se o Poder Local Democrático, de que as freguesias são parte essencial, é uma das mais importantes conquistas de Abril, a vitalidade das coletividades é, sem dúvida, outra das conquistas proporcionadas pela Revolução dos Cravos”.

Para a presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, Celestina Neves, “Azeitão é uma terra de música, que sempre foi, e continua a ser, uma ‘universidade’ de músicos”, pelo que a rotunda dedicada a esta temática cultural “é uma justa homenagem que toca a todos os azeitonenses”.

A nova rotunda, “que torna Vila Nogueira de Azeitão mais agradável para todos”, vincou, tem musicalidade e, por isso, a música não podia faltar na inauguração, com a Banda Filarmónica da Sociedade Perpétua Azeitonense, que também atuou na Aldeia da Portela, a acompanhar Ivone Dias na interpretação do Hino de Azeitão.

Sempre em proximidade com os munícipes, o Bairro da Fonte do Lavra, na freguesia de São Sebastião, também ganhou um espaço público requalificado, agora ampliado com novas valências desportivas e de lazer que ficam aliadas à área infantil já existente.

A cor azul pinta muros e paredes que delimitam o Parque da Fonte do Lavra, agora dotado de um conjunto de máquinas geriátricas que permitem a prática de desporto ao ar livre, a par de uma zona dedicada ao lazer e ao convívio, apetrechada de mobiliário urbano.

“Em dia de festa saboreiam-se coisas boas. E esta, uma obra de Abril, é tão boa”, afirmou Maria das Dores Meira sobre a ação que deu resposta a uma necessidade identificada no mais recente ciclo do “Ouvir a População, Construir a População”, programa que leva o Executivo municipal ao terreno auscultar as populações.

A intervenção concretizada no Parque da Fonte do Lavra, “mais um passo na melhoria da qualidade de vida das pessoas”, destacou a autarca, faz parte dos “cerca de 90 por cento de situações sinalizadas no âmbito do programa municipal e resolvidas só na freguesia de São Sebastião”.

A obra, concretizada durante as três primeiras semanas de abril, foi executada diretamente pela Junta de Freguesia de S. Sebastião, que contou com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, concretamente com a cedência de materiais e aquisição de alguns equipamentos.

“Conseguimos tornar este espaço mais abrangente, o que permite que todas as famílias usufruam deste requalificado parque, agora pavimentado, o que confere mais e melhores condições de utilização e asseio”, afirmou o presidente da Junta de São Sebastião, Nuno Costa.

A intervenção conduzida no Parque da Fonte do Lavra constitui “uma obra de proximidade e que deu resposta às necessidades das populações”, encerrando “um ciclo de intervenções dinamizadas na zona ao longo do mandato e que transformaram áreas descaracterizadas em espaços que agora dão prazer em utilizar”.

O programa comemorativo dos 43 anos do 25 de Abril foi também à Bela Vista, para uma visita ao novo espaço “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, que está a ser criado por moradores e Câmara Municipal de Setúbal nas instalações de uma antiga creche situada na Rua da Figueira Grande.

O novo espaço, multifuncional, agregador de várias valências culturais e tecnológicas e impulsionador de jovens talentos, vai ser gerido pelos próprios moradores do Bairro da Bela Vista, que estão a receber formação especializada, e dispõe de vários espaços, entre os quais três salas para soltar a criatividade.

Uma das salas vai ser dedicada à arte/saúde, enquanto outra, de características mais polivalentes, vai ficar apta a receber variadas iniciativas relacionadas com o teatro e o desporto, que podem ser dinamizadas tanto no interior como no exterior, concretamente a zona de pátio.

Além da área de receção, copa e instalações sanitárias, o espaço, que deverá estar concluído dentro de dois meses, dispõe de uma sala dedicada às novas tecnologias, com um estúdio de gravação semiprofissional, com zonas para a dinamização de iniciativas relacionadas com rádio e televisão em formato digital.

“É a democratização da gravação”, soltou o vereador Carlos Rabaçal, responsável pelo programa municipal “Nosso Bairro, Nossa Cidade”, em desenvolvimento desde 2012, com inúmeras ações físicas e imateriais, com o envolvimento dos moradores, de melhoria da qualidade de vida do território abrangido por Bela Vista, Forte da Bela Vista, Alameda das Palmeiras, Quinta de Santo António e das Manteigadas.

O autarca adiantou que “qualquer um poderá gravar no estúdio, que, apesar de não ter características profissionais, possui uma qualidade muito boa”. Carlos Rabaçal, explicou, ainda, que o espaço de gravação “vai ser gerido por um grupo de jovens que está a receber formação”.

Além das inaugurações, a festa comemorativa dos 43 anos da Liberdade começou logo pela manhã, com as habituais cerimónias protocolares que incluíram o hastear da bandeira e uma sessão solene da Assembleia Municipal de Setúbal, realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

No exterior, na Praça de Bocage, houve música para a população, primeiro num apontamento pelo grupo de percussão Sant’Iago Olodum, do Agrupamento de Escolas da Ordem de Sant’Iago, depois com um concerto pela Banda Filarmónica da Sociedade Musical Capricho Setubalense.

Da Praça de Bocage à Avenida Luísa Todi, com música e em proximidade com as pessoas, para mais um ato carregado de enorme simbolismo, com a deposição de flores no Monumento à Resistência Antifascista para que a memória da luta de homens e mulheres contra o regime opressor jamais seja esquecida.

“Mais do que uma mera evocação de uma data histórica, o que nos reúne é, acima de tudo, o exercício do dever que sentimos de continuar a lutar por uma democracia plena em que também os direitos sociais e económicos sejam realidade”, afirmou a presidente da autarquia, Maria das Dores Meira.

A autarca alertou que não basta dizer que existe uma democracia em que todos os direitos políticos estão assegurados. “É necessário que a democracia seja feita desses direitos e de muito mais que isso”, até porque “é nos direitos sociais e económicos que a democracia se cumpre na plenitude”.

A edil sadina frisou, ainda, que estes “direitos têm sido frequentemente esquecidos e sofrido fortes ataques dos que não perdoam Abril e colocados em causa nos últimos anos por obra de um pacto de agressão que anulou conquistas arduamente alcançadas” em 1974.

Pedro Soares, em representação da União de Resistentes Antifascistas Portugueses, recordou que, apesar de terem “passado mais de quatro décadas desde a Revolução de Abril, o povo português continua a enfrentar, hoje mais que nunca, graves ameaças à Liberdade”.

Por isso, reiterou que “a resistência antifascista é cada vez mais atual”. Acrescentou, também, que “é imperioso juntar sobretudo as novas gerações na luta contra o monstro que ainda está adormecido mas que um dia acabará, definitivamente, por desaparecer”.

A festa de Abril foi feita em proximidade, com o Executivo municipal a visitar as freguesias do concelho, como o território de Azeitão, local no qual decorreu o habitual almoço de confraternização do Dia da Liberdade, na sede Sociedade Perpétua Azeitonense.

O final da tarde reservou cultura. “Porque o 25 de Abril também é feito de arte”, vincou Maria das Dores Meira, na apresentação de mais uma “gorda” do escultor João Duarte, peça instalada no passeio público da Avenida Luísa Todi, defronte do túnel que dá acesso ao Largo da Ribeira Velha.

A “Menina com Mala”, acompanhada de uma mala de viagem, com um leque em forma de concha e uma máquina fotográfica, em pose de contemplação, é a terceira escultura de João Duarte a ser instalada na cidade, depois de outras já colocadas nos largos da Misericórdia e da Ribeira Velha.

“Começou com uma bem gorda, a segunda já está bem melhor e esta agora já está mais adelgaçada”, brincou a presidente da autarquia na inauguração da obra de arte, que, tal como as outras, apresenta uma figura feminina, esculpida em bronze, de grande volumetria e de formas grotescas e fantásticas.

João Duarte explicou que a nova escultura “é feita de grandes sínteses e de expressão poética num jeito natural e despreocupado que procura fazer uma caricatura do real mas sem perder o sentido da amabilidade da coerência”. Conjuga, ainda, “intensões satíricas e afloramentos líricos”, indicou o escultor.

O dia de ontem foi de festa mas as comemorações dos 43 anos da Revolução dos Cravos começaram antes, na noite de 24, com um programa cultural gratuito para a população que anunciou a chegada da liberdade, com música e um espetáculo pirotécnico.

Na Praça de Bocage, a distribuição de cravos antecedeu um concerto com Paulo de Carvalho, intérprete da canção-senha “E Depois do Adeus” de lançamento da Revolução dos Cravos, que, no concerto realizado em Setúbal, terminou a atuação numa interpretação conjunta com o público de “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso.

O evento comemorativo, que incluiu uma intervenção da presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, integrou uma arruada por fanfarra e, à meia-noite, na Doca dos Pescadores, na frente ribeirinha da cidade, um espetáculo de fogo de artifício que recebeu o Dia da Liberdade.

Depois do espetáculo pirotécnico sobre o plano de água do rio Sado, houve uma nova arruada, novamente com acompanhamento musical de uma fanfarra em direção ao Largo da Misericórdia, até à Sociedade Musical Capricho Setubalense, onde a chegada da Liberdade continuou a ser festejada noite fora.