“Com a exposição presente em diferentes lugares, as pessoas têm a oportunidade de ver e conhecer um pouco melhor a arte japonesa e aproveitar para desfrutar desta cidade tão bonita”, sublinhou Bumpei Magori, vice-presidente do Clube dos Amigos da Europa e das Artes (CAEA), que falou na inauguração da mostra em representação da presidente da instituição, Mariko Magori, uma das impulsionadoras da iniciativa, ausente na abertura por motivos de saúde.

A exposição foi inaugurada oficialmente no Dia Internacional dos Museus, na Casa da Baía, onde estão patentes alguns dos 225 trabalhos que constituem a mostra. As restantes obras de arte podem ser apreciadas na Casa da Cultura, na Galeria Municipal do Banco de Portugal e na Galeria Municipal do 11.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal salientou na abertura da exposição que esta iniciativa “é o prolongamento dos laços que unem portugueses e japoneses, laços que se iniciaram no longínquo século XVI”.

Maria das Dores Meira recordou que foram os portugueses os primeiros a traduzir para uma língua ocidental o japonês, através de um dicionário publicado por jesuítas em Nagasaki, em 1603, “no qual foram incluídas 32 mil palavras japonesas traduzidas para português”.

A autarca traçou um paralelismo entre aquela e outras afinidades históricas e culturais entre os dois países e a iniciativa que decorre em Setúbal até 22 de junho. “Aqui estamos de novo, a partilhar as nossas culturas, a trocar ideias, experiências, visões artísticas atuais”, destacando que, no decurso do evento, estão a ser celebrados em Setúbal “os laços que unem portugueses e japoneses há mais de quatro séculos e meio”.

O embaixador do Japão em Portugal, Hiroshi Azuma, igualmente presente na abertura da mostra, salientou tratar-se de “um privilégio poder apreciar em Portugal um número tão grande de peças de arte japonesas”, sendo este um “excelente exemplo do intercâmbio cultural entre os dois países”.

Na cerimónia de inauguração participaram também o diretor-geral das Artes, Samuel Rego, em representação do secretário de Estado da Cultura, os vereadores Manuel Pisco e Pedro Pina, da Câmara Municipal de Setúbal, e o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Japonesa, Fernando Pinto Bessa.

Esteve ainda presente uma delegação de 15 artistas nipónicos com obras patentes na exposição, organizada pelo CAEA e pela Câmara Municipal, com o alto patrocínio da Sociedade Internacional de Arte do Japão e o apoio da Embaixada do Japão em Portugal.

A mostra, iniciativa de caráter itinerante a nível internacional e que pode ser vista agora pela primeira vez em Portugal, integra não apenas pinturas, mas um leque alargado de expressões artísticas nipónicas.

Nos quatro espaços da mostra podem ser admiradas também obras de caligrafia japonesa, gravuras, cerâmicas, esculturas e ainda artes decorativas nipónicas, como origami e têxteis através de bordados e de quimonos.

Bumpei Magori sublinha que, independentemente da expressão artística da obra, “o mais importante em qualquer peça de arte japonesa são os pequenos detalhes, pois poucas são as que não têm pormenores que merecem uma observação mais cuidada”.

O vice-presidente do Clube dos Amigos da Europa e das Artes, instituição japonesa que iniciou estas exposições itinerantes internacionalmente em 1973, realça que “cada trabalho patente nesta mostra é diferente do seguinte, mas o traço comum é que todos usam, de uma forma ou de outra, técnicas tradicionais. Mesmo quando um quadro revela uma expressão claramente mais ocidental ou europeia, ele muito provavelmente terá sido pintado em papel de arroz, com tinta-da-china ou num tecido usado para quimonos”.

Durante a cerimónia inaugural, que contou no início com uma demonstração de caligrafia japonesa pelo mestre Bokuzan Takada, realizou-se uma visita guiada pelo historiador de arte Baptista Pereira a todos espaços expositivos, com a iniciativa a terminar na Galeria Municipal do 11, onde se realizou um cocktail durante o qual se ouviu fado.

Além dos trabalhos patentes, a mostra inclui iniciativas como conferências, nomeadamente na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e workshops de caligrafia japonesa.

Antes da inauguração da exposição, no dia 18 de manhã, o mestre Bokuzan Takada realizou, no Mercado do Livramento, um workshop de “sho”, designação nipónica para a arte da caligrafia.

O mestre é o autor de duas faixas gigantes com escritos em japonês segundo aquela arte, patentes agora na Casa da Baía e em que uma diz “Amizade entre Portugal e Japão em 470 anos” e, a outra, “Exposição Arte Atual do Japão”.

Bokuzan Takada explicou que os carateres produzidos segundo os princípios “sho” são “mais do que letras com significado, pois trata-se de uma arte visual, em que o autor espelha a cada traço sentimentos reais”.

A exposição Arte Atual do Japão pode ser vista na Casa da Baía, localizada na Avenida Luísa Todi, n.º 468, de segunda-feira a domingo, das 09h00 à 20h00. A partir de 1 de junho, aquele espaço, que é igualmente um centro de promoção turística, entra em horário de verão, passando a funcionar das 09h00 às 22h00, de domingo a quarta-feira, e das 09h00 às 24h00, de quinta-feira a sábado e vésperas de feriado.

Na Casa da Cultura, na Rua Detrás da Guarda, n.º 28, a mostra está aberta ao público de terça a quinta-feira, das 10h00 às 24h00, à sexta-feira e ao sábado, das 10h00 à 01h00, e, ao domingo, das 10h00 às 20h00.

Na Galeria Municipal do Banco de Portugal, na Avenida Luísa Todi, n.º 119, o horário de funcionamento é das 10h00 às 14h00 e das 15h00 às 18h00 de terça a sexta-feira, das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 ao sábado e das 14h00 às 18h00 ao domingo.

Na Galeria Municipal do 11, localizada na Avenida Luísa Todi, n.º 5, a mostra pode ser vista de terça a sexta-feira, das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, e no sábado, das 14h00 às 18h00.