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A história de Setúbal, das suas gentes, personalidades acontecimentos e eventos, não se conta exclusivamente pelo que nos dizem os livros de atas locais, apontamentos e o acervo do Arquivo Municipal, e, assim, é sob um olhar de fora que retratamos a vida local, desta vez a partir da perspetiva da RTP Arquivos.


Tal como é referido no sítio oficial da RTP – Rádio e Televisão de Portugal, este arquivo acessível na Internet constitui-se como um repositório da memória coletiva nacional, cujas origens remontam ao início das emissões regulares da rádio e da televisão, respetivamente em 1936 e 1957.

Integram estes conteúdos diferentes formatos, entre os quais a informação e documentários, a ficção e o desporto. Uma das valências que o sítio permite é a pesquisa por tema e a ordenação por relevância, por mais recentes ou por mais antigos, sendo esta última possibilidade o mote para o retrato local que fazemos a partir de algumas das filmagens mais antigas registadas nesta plataforma sobre o concelho sadino.

Um dos registos mais antigos disponíveis na RTP Arquivos retrata a inauguração do Estádio do Vitória Futebol Clube, ocorrida a 16 de setembro de 1962, com a presença de algumas das mais importantes figuras do Estado reunidas num evento de dimensão nacional que deixou o município sadino em festa. Um evento ainda hoje recordado e acarinhado pelas gerações mais antigas.

A notícia inicia-se com as imagens da partida de futebol que abrilhantou esta efeméride local, passando-se logo de seguida para a cerimónia de entrega do diploma de presidente honorário do clube sadino a Américo Tomás, o presidente da República Portuguesa de então, pelas mãos do representante da direção vitoriana.

Tanto as imagens do interior do estádio, completamente lotado, como também as do exterior apresentam gente com bandeiras e medalhas comemorativas apostas nas vestimentas. Reverte-se o foco novamente para a parte protocolar com o descerramento da placa inaugurativa do espaço, formando os jogadores as letras VFC no centro do relvado. Um desfile em redor de toda a parte interior do estádio e a atuação de uma banda musical complementam as celebrações, que contam ainda com a presença em desfile de representantes de todos os clubes de futebol nacionais da primeira e segunda divisão, bem como os clubes afiliados em Setúbal e também os operários envolvidos na construção do estádio. Dá-se, por fim, o resumo do jogo disputado entre o Vitória de Setúbal e a Académica.

Este documentário tem a duração total de dez minutos e foi transmitido no próprio dia, durante o noticiário da RTP, ilustrando um dos maiores acontecimentos locais.

Igualmente entre as filmagens mais antigas referentes ao município é dado destaque ao arranque das instalações do Hospital Regional de Setúbal, destinado a servir os concelhos de Setúbal, Alcácer do Sal, Alcochete, Grândola, Moita, Montijo, Palmela, Santiago do Cacém, Seixal, Sesimbra e Sines.

É uma reportagem sem som, mas altamente imagética e descritiva, onde podemos visionar todo o espaço exterior e o enquadramento urbano num grande plano aberto, em movimento, que faz jus ao que se usa no cinema. Dos equipamentos interiores os destaques vão para a capela, plena de espaço e elementos decorativos da imaginária católica, com imagens de Maria, Cristo e os santos, passando-se logo depois para uma sala de operações rigorosamente equipada. Vê-se, igualmente, como reforço da ideia de espiritualidade e bem-estar o espaço a ser frequentado por freiras integralmente trajando de branco.

Com a duração de cerca de três minutos, este documentário foi para o ar a 9 de maio de 1959.

Por último, numa nota mais ao nível do entretenimento, temos a reportagem sobre a Feira de Sant’Iago realizada no verão de 1963, que nos mostra logo à partida uma corrida de karts na Avenida Luísa Todi e que abre lugar a filmagens panorâmicas sobre Setúbal a partir do Forte de São Filipe.

A entrada da feira e as pessoas no recinto, bem como as barraquinhas dos feirantes caracterizam este certame centenário que apresenta igualmente divertimentos para miúdos e graúdos, com jogos de matraquilhos, carrinhos de choque, carrossel e o temido poço da morte.

A peça tem a duração de cerca de quatro minutos e foi para o ar no dia 28 de julho deste ano de 1963.

São inúmeras as razões para se aceder a esta plataforma da RTP, que nos permite conhecer diretamente a história local, nacional e internacional, mas aconselha-se a ter em consideração a perspetiva da época que se esteja a visionar.

Estes registos visuais e sonoros remetem-nos para a importância dos arquivos de todo o mundo e para as boas práticas de conservação do que se está a preservar, já que são fontes primárias e irrepetíveis de informação, para esta e para todas as gerações que se seguirem, culminando num repositório cuja importância nunca pode ser suficientemente enaltecida. A própria construção de um mundo mais equilibrado, justo, informado e democrático depende disso, numa missão que localmente cabe decisivamente ao Arquivo Municipal de Setúbal, cujo acervo constitui-se num assinalável volume de conteúdos composto por quatro mil metros lineares, dos quais 13 mil documentos podem ser consultados online por todos os cidadãos do mundo.

Para isso, basta aceder-se ao seu portal próprio na internet, em https://xarq.mun-setubal.pt/x-arqweb/. Um sítio que igualmente recomendamos em prol da nossa memória coletiva local.