Catarina e a Beleza de Matar Fascistas

Duas sessões com sala esgotada e a entoação de “Grândola, Vila Morena” pelo público receberam, nos dias 4 e 5, no Fórum Municipal Luísa Todi, a peça de teatro “Catarina e a Beleza de Matar Fascistas”.


A produção do Teatro D. Maria II, com texto e encenação de Tiago Rodrigues, esgotou por completo a lotação permitida em cada uma das duas sessões realizadas na maior sala de espetáculos de Setúbal.

O enredo gira em torno de um futuro próximo, no qual uma família mantém a tradição de matar fascistas há mais de 70 anos. Catarina está prestes a iniciar-se nesse ritual, tendo a família raptado um fascista de propósito para esse efeito.

Mas a protagonista coloca em causa a tradição, gerando desconforto e confronto no seio familiar. Entretanto, o raptado partilha as suas perspetivas sobre a vida e a sociedade, imbuídas de preconceitos, extremismos e desumanidade.

Este é o mote para a encenação, peça capaz de deixar o público inquieto, ao ponto de interagir com o que está a assistir em palco.

Em diferentes ocasiões, o público reagiu espontaneamente perante os pensamentos da personagem fascista, com a sala a chegar a cantar “Grândola, Vila Morena” ou a insurgir-se com a frase de ordem “não passarão!”.

O impacte emotivo da peça criada por Tiago Rodrigues é tal que houve mesmo quem se tivesse levantado da plateia para se dirigir ao palco e pedir aos atores uma das pistolas que constituíam os adereços da cena em causa de maneira a, simbolicamente, consomar a tradição da história.