As aulas em grande parte das escolas do Concelho foram, dia 23, interrompidas para que a comunidade escolar, num esforço coletivo com a Câmara Municipal, juntas de freguesia e, nalguns casos, mecenas, participasse em trabalhos de requalificação, pintura e decoração de paredes, muros, pilares, bancos, mesas e todo o tipo de equipamento escolar.

A participação da comunidade civil na recuperação e conservação do espaço urbano é o principal objetivo do projeto municipal “Setúbal Mais Bonita”, que, ao longo do fim de semana, conta com mais de cinco mil voluntários nas cerca de 80 ações programadas para as oito freguesias do Concelho.

A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, visitou algumas das escolas onde hoje decorrem as atividades. Satisfeita com o empenho que facilmente se constatava no envolvimento de alunos e professores, a autarca garantiu que esta é apenas a primeira de muitas edições da campanha, adiantando que está já definido retomá-la em maio de 2012.

“Só assim conseguimos envolver a população no crescimento da sua terra. As crianças criam autoestima pela escola onde estudam e que contribuíram para que ficasse mais bonita. Os adultos vão ter mais orgulho naquilo que, no fundo, é de todos e vão ajudar a que o espaço comum seja preservado e estimado”, sublinhou.

Maria das Dores Meira, para quem “não é surpresa nenhuma a excelente resposta da comunidade civil ao apelo da Câmara Municipal”, realça que esta é também uma afirmação cabal da importância das autarquias locais, substituindo, “muitas vezes e com melhor qualidade”, a administração central.

A edil salientou ainda, por mais do que uma vez, o empenho das empresas e instituições do Concelho que apoiaram “neste momento tão difícil do País e quase incondicionalmente” o projeto.

Maria das Dores Meira adiantou que a “Setúbal Mais Bonita” representa, no total das operações, a utilização de muitos recursos materiais e humanos, num investimento que, na globalidade, custaria à Autarquia, sem o apoio mecenático verificado, mais de 500 mil euros.

Nas escolas visitadas durante a manhã, EB1/JI da Bela Vista, EB1/JI dos Arcos e EB1 n.º 4 dos Pinheirinhos, era notória a azáfama de crianças e adultos.

“Já pintei muito hoje. Gosto disto…”, referiu Eduardo, 9 anos, EB1/JI da Bela Vista, pintalgado da cabeça aos pés. Sem acabar a frase, saiu a correr e recomeçou a pintar mal viu o reforço de tinta a chegar depois do primeiro balde se ter esgotado.

Ruben, 9 anos, igualmente entusiasmado, mas um tanto mais calmo, partilha o gosto pela iniciativa de embelezar a escola da Bela Vista, onde estuda. “É giro. Ainda não consegui pintar nada [havia filas de espera] e tenho pena. Tomara que ninguém estrague depois. Mas também não percebo porque é que iam fazer isso”, observou.

O envolvimento das escolas neste tipo de projetos, embora sem contar com a participação ativa dos pais, que se encontram a trabalhar, é visto como muito importante pelos profissionais de educação.

Lídia Machado, professora de atividade de enriquecimento curricular na escola dos Arcos, esclarece que o espírito pedagógico inerente à campanha é eficaz em duas vertentes através das crianças. “Primeiro, porque contribui para a formação de bons cidadãos, o que aliás é nossa missão e das escolas. Segundo, porque as crianças, porque levam tudo à risca, têm uma capacidade tremenda de influenciar em casa e as suas famílias”, constatou.