Na sessão de abertura da iniciativa, a presidente da Câmara Municipal salientou que, “em Setúbal, acredita-se plenamente no associativismo como um bem maior, uma riqueza de primeira ordem”, na dinâmica que é gerida nas atividades culturais, desportivas, recreativas e de ação social.

Na reflexão no início do encontro, subordinado ao tema “A Relação do Movimento Associativo e a Administração Local”, Maria das Dores Meira destacou não só a importância das associações e coletividades como parceiros fundamentais da Autarquia na prestação de serviços à comunidade, mas também o papel relevante e central que as mesmas têm “numa malha urbana recheada de desafios complexos”.

A autarca indicou que, atualmente, o movimento associativo de Setúbal contabiliza cerca de 250 associações, das mais pequenas “que trabalham à laboriosa escala do seu bairro ou empresa”, às de maior dimensão “que movimentam centenas ou milhares de sócios” bem como a população em geral, referindo que “a Autarquia insiste em manter níveis considerados de apoio, quer financeiro, quer logístico”.

Um esforço em 2014, até outubro, traduzido em mais de 1 milhão de euros atribuídos às associações do concelho, no somatório dos apoios diretos e logísticos e dos subsídios a agrupamentos escolares e refeições de alunos.

O presidente da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto (CPCCRD), Augusto Flor, reforçou igualmente na sessão de abertura a importância da relação das câmaras municipais com os dirigentes associativos. “Existem dois poderes locais, as autarquias e as coletividades”, frisou. “É importante que os dirigentes tenham noção do tipo de relação que têm com o poder local.”

Num enquadramento do papel das associações com a atual conjuntura económica nacional, Augusto Flor sublinhou que o associativismo, uma conquista de Abril de 1974 “que veio abrir portas que antes permaneciam fechadas”, ainda é hoje tratado como “um contribuinte líquido do Orçamento do Estado”.

O desafio que se coloca às associações, indicou, passa pela cooperação “com o poder local” e “entre associações e outros movimentos”, pois “só assim se combate a tese da adaptação em prol da tese da transformação e da mudança”.

O vereador da Cultura, Educação, Desporto, Inclusão Social e Juventude, Pedro Pina, orador da primeira conferência do encontro, reforçou a noção de que o trabalho em equipa é fundamental para o desenvolvimento do associativismo. “As associações têm de sair dos casulos e zelar pela cumplicidade e comprometimento mútuo”, frisou. “É necessário pugnar pelo trabalho interassociativo e implementar o jogo de diálogo.”

Para o autarca, “o propósito da Autarquia é a construção coletiva”, com o apoio ao associativismo a representar “um caminho para o qual todos têm de ter disponibilidade”, para, assim, contribuir para “a manutenção e perpetuação da cidade”.

O encontro, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal, dinamizado ao longo de todo o dia, contou com várias intervenções de dirigentes associativos e especialistas na área das coletividades, períodos de debate e mesas de trabalho destinadas à troca e partilha de experiências.

Após a sessão de abertura, João Alexandre, dirigente da CPCCRD, apresentou a organização europeia TAFISA – The Association for International Sport for All, parceira daquela confederação no projeto “Jogos do passado – Jogos do Presente” que visa a reintrodução dos jogos tradicionais nos países da União Europeia.

O projeto, além de salvaguardar e reintroduzir os desportos e jogos tradicionais no quotidiano de crianças e jovens, é, segundo o dirigente, “uma mais-valia no aumento da participação desportiva e da inclusão social”.

Em Portugal “existem mais de 600 jogos tradicionais”, referiu João Alexandre, que os considera “uma manifestação da cultura popular e parte da identidade e soberania”.

Na sequência deste projeto, anunciou, para 2015, a realização de um Encontro Internacional de Jogos Tradicionais, a decorrer no distrito de Setúbal, entre os dias 22 e 24 de março.

O primeiro painel de debate, subordinado ao tema “Casos práticos de colaboração entre a administração local e o associativismo”, contou com Pedro Soares, da Experimentáculo – Associação Cultural, que apresentou como exemplo a associação que dirige, a qual conta a ajuda financeira da Autarquia em três projetos de intercâmbio europeus e no apoio logístico aos festivais Lado B e FUMO.

No mesmo painel, João Botelho, do Clube de Canoagem de Setúbal, para demonstrar que “o trabalho em parceria e de troca de mais-valias entre instituições é muito relevante”, assinalou que este projeto desportivo vive da entreajuda entre a Autarquia, que disponibiliza o espaço, a empresa Águas do Sado, patrocinadora da aquisição do material desportivo, e a instituição, que assume “a responsabilidade técnica, como a conservação dos materiais, o agendamento, as vagas”.

Nuno Marques, da Sociedade Musical Capricho Setubalense, último orador deste painel, explicou que a lógica das parcerias e de trabalho com a Autarquia é “extremamente importante”.

O 9.º Encontro do Movimento Associativo de Setúbal, destinado a avaliar e potenciar a relação entre associações e poder local, prosseguiu, à tarde, com uma conferência dedicada à iniciativa municipal “Ouvir a População – Construir o Futuro: um projeto de valorização da participação cidadã”, apresentada pelo adjunto da presidência da Câmara Municipal de Setúbal, Eusébio Candeias.

O segundo encontro do painel de apresentação de casos práticos de parcerias, com o projeto de recuperação do espólio da sala de troféus do Vitória Futebol Clube, pela técnica municipal Maria Miguel Cardoso, e a APPACDM de Setúbal, por José Salazar.

A iniciativa contou ainda com a conferência “A Economia Social – importância para o movimento associativo concelhio”, pelo professor José Manuel Henriques, do Instituto Universitário de Lisboa.