José Luís Catalão, chefe do Serviço Municipal de Bibliotecas e Museus, conduziu o grupo de cerca de vinte pessoas que ao longo de uma hora passou por alguns dos locais mais emblemáticos do centro histórico setubalense, cuja importância que assumiram na história da cidade sadina é uma incógnita para a maioria das pessoas.

“Veem a ribeira? É natural que não, pois está completamente tapada. Na Setúbal medieval passava uma ribeira precisamente por aqui. A atravessá-la haveria várias pontes e, ao lado, estavam as muralhas do castelo.”

José Luís Catalão falava na Rua Fran Paxeco, em plena área urbanizada do centro histórico sadino, sem muralhas ou ribeiras à vista, usando-a como um exemplo para demonstrar a metamorfose pela qual a cidade passou ao longo da História.

Este tipo de curiosidades foi uma das motivações que levaram Luís e João Barateiro a partilhar algum tempo entre pai e filho, calcorreando a pé as ruas da Baixa.

“É uma forma de aproveitar um dia de férias, em vez que ir a um centro comercial ou simplesmente ficar em casa”, explicou Luís Barateiro.

João, em pausa nos estudos para a faculdade e sempre com um dos seus passatempos preferidos em riste, a máquina fotográfica, mesmo antes da visita sequer ter começado, confessava um desconhecimento generalizado sobre o passado da parte velha da cidade, sendo esta uma oportunidade para “conhecer um pouco melhor a história de Setúbal”.

“Patrimónios Desaparecidos” percorreu, sinuosamente, um trajeto com cerca de novecentos metros lineares, entre a Praça Teófilo Braga e o Largo Defensores da República.

Pelo caminho recuperaram-se igrejas que deram lugar a hospitais, hospitais que deram lugar a ruínas, sapais que se transformaram em largos com esplanadas, pelourinhos e fontes que simplesmente mudaram de localização.

O património, tanto material, como imaterial, porque também se abordaram os porquês das mutações de algumas tradições culturais, fez o grupo viajar por tempos que, embora idos, estão indelevelmente presentes na identidade setubalense.

A visita organizada pela Câmara Municipal de Setúbal foi pensada especificamente para celebrar este Dia Nacional dos Centros Históricos, mas outras semelhantes, sempre de participação gratuita, já estão previstas.

A próxima é já a 21 de abril, no âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Intitulada “Ao longo da história da assistência à saúde em Setúbal”, tem início no Jardim do Quebedo e passa por locais anteriormente ligados à prestação de cuidados de saúde, como antigos hospitais.