Cerca de 1500 alunos de vários estabelecimentos de ensino de Setúbal visitam os dias 23 e 25 de fevereiro as réplicas de navios emblemáticos dos Descobrimentos que se encontram acostadas na frente ribeirinha da cidade, abertas igualmente ao público em geral.
Os alunos do 1.º e 2.º anos da Escola Básica dos Arcos são os primeiros a visitar a caravela portuguesa Vera Cruz, que já esteve em Setúbal noutras ocasiões, e a nau espanhola Santa Maria, igual à que que integrou a expedição de Cristóvão Colombo à América, pela primeira vez em águas sadinas.
“Sejam bem-vindos a bordo da Vera Cruz”, saúda Felipe Costa, imediato da embarcação que é uma réplica exata das caravelas portuguesas do século XV, como aquela em que Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1488.
A visita começa pela proa do navio, onde Felipe Costa questiona os conhecimentos das crianças sobre as características das embarcações que integraram as expedições marítimas.
“Qual a diferença entre a nau e a caravela?”, pergunta. A resposta é unânime: “A nau é maior!”
Em tom de brincadeira, Felipe Costa diz aos alunos da Escola Básica dos Arcos que se encontram a bordo da nave espacial do século XV.
“Há 500 anos, não existia nada mais tecnológico do que o barco onde vocês se encontram. Foi em barcos como este que os portugueses começaram a epopeia dos Descobrimentos.”
As crianças escutam atentas o imediato da Vera Cruz, que explica as características específicas da caravela, cujo “grande segredo”, a dimensão das velas que permitem navegar contra o vento, “levou os portugueses a chegarem primeiro e a conseguirem fazer viagens de ida e volta”.
No tombadilho, um mapa do mundo da altura dos Descobrimentos, com a identificação das principais rotas comerciais das especiarias, capta as atenções.
“Olha a Austrália, a terra dos cangurus. Ali é a Índia e ali a África. Fizeram estas viagens todas?”, questiona um dos pequenos.
Felipe Costa explica que este mapa representa a circum-navegação de Fernão de Magalhães, a primeira volta ao mundo. “Provou que se poderia navegar por todo o mundo, até então desconhecido.”
Finda a visita à caravela portuguesa, os alunos da Escola Básica dos Arcos seguem para a nau espanhola Santa Maria, onde ainda se encontra um grupo de estudantes do 8.º ano da Escola Básica da Ordem de Sant’Iago.
Na Santa Maria não há visita guiada e os jovens, orientados pelos professores, observam os cartazes que explicam as características da embarcação, como era a vida a bordo e as principais técnicas de navegação utilizadas.
A imponente embarcação da Fundação Nao Victoria e a caravela portuguesa estiveram disponíveis para visitas gratuitas, abertas a grupos escolares e à população em geral, no cais 2 do porto de Setúbal, junto da Docapesca, entre os dias 23 e 27 de fevereiro.
As visitas escolares realizaram-se nos dias 23, 24 e 25, entre as 10h00 e as 18h00, e o público em geral pode visitar as embarcações entre as 18h00 e as 20h00. Sábado e domingo, dias 26 e 27, as visitas, abertas a todos, decorreram entre as 10h00 e as 18h00.
A presença inédita em conjunto das duas embarcações decorre do projeto Exploraterra – “Preservação, valorização e promoção do património cultural vinculado à I Circunavegação e às Expedições Marítimas Geográficas”, cofinanciado pelo Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal, que tem como parceiros a Fundação Nao Victoria, a Junta de Andaluzia, o Turismo do Algarve, a Xunta de Galicia e a Aporvela.
No âmbito deste projeto de valorização e promoção do património cultural associado às expedições marítimas, a Aporvela está a organizar um conjunto de atividades e navegações conjuntas com embarcações relacionadas com os Descobrimentos, que percorrem as costas portuguesa e espanhola.
Esta primeira viagem, organizada com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal e da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, constitui uma oportunidade única de conhecer duas das mais emblemáticas embarcações das expedições marítimas dos séculos XV e XVI.