A presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, sublinhou na cerimónia, realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho, que o protocolo de colaboração com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal (AHBVS) é o “culminar de um processo iniciado há quase um ano para reestruturar o sistema de socorro e proteção de pessoas e bens” em Setúbal.

A autarca salientou que o destacamento dos Bombeiros Voluntários em Azeitão, formalizado agora, mas no ativo desde outubro, representa uma “mudança histórica porque, pela primeira vez, se confere, em Setúbal, aos Bombeiros Voluntários, um papel que em determinadas circunstâncias e de acordo com a lei pode ser de primeira intervenção com plena autonomia”.

Uma visão partilhada pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, Paulo Sedas, para quem ontem se alterou “o paradigma do papel de uma instituição”, que passou, “nos últimos anos, de corpo auxiliar, para assumir um papel ativo na prestação de socorro à população”.

Os Bombeiros Voluntários possuem 14 veículos para a prestação do socorro em Setúbal e Azeitão, meios que incluem ambulâncias e viaturas de combate a incêndios e de intervenção aquática.

O protocolo de colaboração define que a Autarquia disponibiliza as instalações dos Voluntários em Azeitão, suportando os custos respetivos, além de compensar os encargos suportados pela AHBVS decorrentes da colaboração com um montante global anual de 150 mil euros, atribuído em prestações mensais.

O protocolo estabelece que a AHBVS deve contactar o INEM com vista à criação de um posto de emergência médica, o que, a concretizar-se, resultará numa redução do montante disponibilizado pela Autarquia.

A presença dos Bombeiros Voluntários em Azeitão, reforçou Maria das Dores Meira, permitiu a rentabilização dos meios de proteção e socorro no Concelho, nomeadamente no que toca aos Sapadores.

“O novo esquema de turnos implementado na Companhia de Bombeiros Sapadores, conjugado com a concentração de meios e recursos deste corpo na cidade de Setúbal, garante não apenas a libertação de recursos financeiros, mas também a existência de um maior dispositivo operacional disponível em permanência para prestar socorro”, indicou.

Em quase três meses de operações do novo destacamento de Azeitão, os Bombeiros Voluntários, adiantou Paulo Sedas, já prestaram cerca de 300 serviços, recordando ainda que, no verão, acorreram em simultâneo a quatro incêndios florestais na Arrábida com apenas dois dias de intervalo, facto que considera demonstrativo da capacidade de intervenção da corporação.

A presidente da Câmara Municipal considera que a evidência do “sucesso destas alterações desmente todas as acusações lançadas pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais” (ANBP), tanto sobre a “concentração de meios e recursos dos Sapadores em Setúbal”, como no que concerne aos “irresponsáveis alarmismos criados por esta associação a propósito da capacidade operacional dos Bombeiros Voluntários”.

Maria das Dores Meira recordou que, a contrariar a acusação de que, “supostamente, as populações de Azeitão seriam mal servidas pelos Bombeiros Voluntários”, a medida mereceu parecer favorável da Autoridade Nacional de Proteção Civil.

A edil sublinhou que a providência cautelar interposta pela ANBP para suspender a decisão de concentrar em Setúbal todos os meios dos Sapadores estava também desprovida de razão, uma vez que o Tribunal Fiscal e Administrativo de Almada a recusou porque “tal pretensão não poderia ser aceite por manifesta falta de fundamento”.

Para a autarca a conduta dos dirigentes da ANBP demonstra ainda interesses partidários. Lembrou que, enquanto em Setúbal aquela associação promoveu manifestações e conferências de imprensa, entre outras ações de contestação ao anúncio de ajustes nos turnos dos Bombeiros Sapadores, já em Lisboa, perante a divulgação da mesma medida, “os protestos não se viram e praticamente não se ouviram”. Talvez, equacionou a edil, “porque o dirigente máximo da ANBP é ali bombeiro sapador e talvez porque, como o próprio afirmou nestes Paços do Concelho, tem também uma ligação partidária forte ao partido que governa a autarquia” lisboeta.

Maria das Dores Meira exige agora um pedido de desculpas público “perante as evidências de erro da ANBP”, assim como dos vereadores socialistas na Câmara Municipal de Setúbal, “que secundaram as posições” daquela associação.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Duarte Caldeira, presente da cerimónia realizada no dia 5, elogiou a intervenção da presidente da Autarquia. “Uma das mais corajosas que ouvi para acabar com as calúnias e as mentiras e repor a verdade em torno dos bombeiros”, afirmou.

Duarte Caldeira, que participou pela última vez numa ação pública enquanto presidente da LBP, abandonando o cargo no próximo sábado, distinguiu com o Crachá de Ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses o presidente da AHBVS, José Luís Bucho, pelos relevantes serviços prestados aos bombeiros portugueses.

A cerimónia contou ainda com a apresentação do livro “Os 125 anos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal”, apresentada pelo presidente da assembleia-geral da AHBVS, Brissos Lino, e pelo autor, o historiador Alberto Pereira.

A obra, com 230 páginas, aponta, nomeadamente, os marcos mais significativos do percurso da instituição com recurso a texto, fotografias e documentos.