“Os suspeitos do costume”, iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Setúbal em parceria com a APLM – Associação Portuguesa para o Lixo Marinho, no âmbito do programa Bandeira Azul 2018, contou com o envolvimento de voluntários do Centro Jovem Tabor, da APLM e da ABAE – Associação Bandeira Azul da Europa.

Às 10h00 em ponto Flávia Silva, da APLM, reúne “as tropas” e explica a metodologia do trabalho a executar ao longo da manhã.

“O objetivo é fazer uma monitorização dos resíduos depositados numa extensão de 100 metros ao longo do areal. A recolha é feita a partir do mar para cima.”

A área é dividida em cinco zonas de recolha onde grupos constituídos por três a quatro voluntários, munidos de sacos e luvas, recolhem “todo o tipo de resíduos do areal”.

No final, os lixos são depositados nos pontos de contagem onde é feita a separação, identificação e registo do tipo de lixo encontrado, para concluir qual o número de itens por cada tipologia encontrado no areal da Albarquel.

“É um trabalho moroso que pode tornar-se chato. Mas vamos arranjar uma maneira rápida de o fazer, está bem?”

O briefing termina e cada grupo dirige-se ao local definido para dar início à recolha.

Do Centro Jovem Tabor vieram 12 rapazes, com idades entre os 12 e os 17 anos, que já participaram noutras ações de sensibilização ambiental e sabem como tudo se processa.

Um dos jovens assume a liderança e divide os grupos. A motivação é muita e iniciam de imediato a recolha, pois percebem a importância de preservar o ambiente.

“Quando vou à praia deito sempre o lixo no caixote. Nunca deixo no chão”, diz para os colegas.

Em poucos minutos os sacos enchem-se de beatas, cotonetes e plásticos, como embalagens de alimentos e paus de chupas.

“Madeiras e penas não apanhem. Isso é lixo natural. Só recolhem resíduos que são produzidos pelo homem”, alerta Cláudio Duarte, estudante universitário que se encontra num dos postos onde é feita a contagem do lixo recolhido por tipologia.

Cláudio ajuda os voluntários a separar o lixo e anota o número de artigos recolhidos por cada tipologia, com os plásticos e as beatas a ganharem, para já, a contagem.

“O objetivo é recolher informação para integrar uma base de dados nacional de forma a analisar quais os tipos de resíduos existentes em maior número nas praias, de forma a encontrar as melhores soluções para o problema”, explica o voluntário, que já participou em várias ações de sensibilização ambiental.

A técnica municipal Filipa Fernandes explica que “Os suspeitos do costume” é uma “ação a nível nacional no âmbito do programa Bandeira Azul 2018, a decorrer até ao final da época balnear”.

A designação da iniciativa está relacionada com o tipo de lixo que se espera à partida encontrar nos areais, pois “os suspeitos do costume são as beatas e os plásticos”.

Feitas as contas, no final da recolha, que durou cerca de hora e meia, confirmaram-se as expetativas.

As beatas foram os resíduos recolhidos em maior número, a que se seguiram os fragmentos de plástico com menos de 2,5 centímetros e, em terceiro lugar, os cotonetes.

O top 5 dos lixos que ocorrem em maior número na Albarquel fica completo com os fragmentos de plástico acima de 2,5 centímetros, como tampas de garrafas, e os sacos e películas de plásticos, sobretudo embalagens de alimentos.

Este ano o programa Bandeira Azul é dedicado ao tema “O Mar que Respiramos”, tendo em conta os dados científicos que revelam que 50 por cento do dióxido de carbono lançado na atmosfera é absorvido pelos oceanos e que 70 por cento do oxigénio do planeta é produzido pelo plâncton marinho.

Para o coordenador do Programa Nacional de Vigilância da Bandeira Azul, Paulo Gouveia, que decidiu “dar uma ajuda na recolha em Setúbal”, a escolha da Albarquel para receber a iniciativa “faz todo o sentido, pois o objetivo é sensibilizar para a importância da qualidade ambiental em todas as praias”.

O programa da Bandeira Azul em Setúbal prossegue a 18 de julho, com a ação de limpeza “Caça às Beatas”, na Praia da Figueirinha.

As exposições “Arrábida Lugar Sagrado” e “O Mar que Respiramos”, ambas patentes na Praia da Figueirinha, e o concurso de fotografia “Fotografias que partilhamos”, são outras ações contempladas no programa de sensibilização ambiental Bandeira Azul 2018, em Setúbal.