Individualidade difícil de definir, Francisco Finura, segundo as próprias palavras, recorda o texto do voto de pesar, era um “operário especializado em trabalhos não especializados”, uma prova de que “que é sempre possível aspirar a saber mais e a ir além do que os tempos, e aqueles que os comandam, impõem”.

O voto sublinha que Francisco Finura era um “homem de muito mais do que sete ofícios”, alguém que “surpreendia constantemente com curiosidade ilimitada pela vida e pela sua cidade, construindo as estórias que maravilharam e intrigaram muitos setubalenses, estórias que continuam a ser passadas de boca em boca, de velhas para novas gerações”.

No cartão-de-visita com que se apresentava intitulava-se, entre muitas outras coisas, professor de hipnose, telepatia e retenção memorial, psicanálise, magnetismo e fascinação, atividade que acumulou com a de artista de variedades, ilusionista, faquir, toureiro, arqueólogo, marinheiro de longo curso e, claro, com a de mergulhador, ou, como lhe chamavam na época, homem-rã”.

O voto de pesar recorda que o “homem que se fez transportar durante anos numa estranha bicicleta pelas ruas da cidade, depois de ter começado a trabalhar aos nove anos como afinador destes veículos, foi também fabricante e conserveiro, industrial, lutador, boxeur e rei do Carnaval de Setúbal”.

A Câmara Municipal de Setúbal manifesta, assim, profundo pesar pelo desaparecimento “deste homem grande e enorme setubalense”, falecido aos 83 anos, “depois de longa e recheada vida”.

Francisco Finura recebeu, a 15 de setembro de 2010, no âmbito das comemorações do Dia de Bocage e da Cidade, a Medalha de Honra de Setúbal.