A vida e obra de Fran Paxeco foram evocadas na tarde de 4 de março pelo investigador de história local António Cunha Bento na palestra de abertura do programa comemorativo dos 150 anos do nascimento do jornalista, escritor e diplomata setubalense.
No encontro “Um Olhar sobre Fran Paxeco e os seus livros”, realizado na Biblioteca Pública Municipal, Cunha Bento lembrou o percurso de vida de Fran Paxeco, que nasceu a 9 de março de 1874 em Setúbal e viveu entre 1895 e 1925 no Brasil, para onde partiu em exílio voluntário para escapar a uma eventual pena de prisão.
No Brasil, fundou e escreveu em jornais, foi professor, diplomata e escritor e participou ativamente na vida pública, sobretudo em São Luís do Maranhão.
“Fran Paxeco teve uma atividade muito dinamizadora da vida pública nesta região brasileira. Tinha uma grande influência na sociedade e participou na fundação de diversas instituições, incluindo a Faculdade de Direito do Maranhão e a Escola das Belas Artes”, referiu António Cunha Bento.
Apesar de possuir apenas o 12.º ano, o diplomata ensinava Língua Portuguesa e outras disciplinas nas escolas do Maranhão, onde deixou a sua marca também como escritor.
“As maiores referências da obra literária de Fran Paxeco são mesmo os seis livros que escreveu sobre esta região. Ainda hoje ele é muito lembrado e homenageado na sociedade maranhense”, sublinhou António Cunha Bento.
Além dos livros sobre o Maranhão, entre os mais de 70 títulos escritos por Fran Paxeco uma das obras mais conhecidas é “Setúbal e as suas celebridades”, onde retrata a sociedade da época.
“É curioso como como ele retratou tão bem a sociedade setubalense, apesar de se encontrar a viver no Brasil na altura. Ele tinha muitos amigos em Setúbal que o ajudaram nas pesquisas.”
António Cunha Bento nota que uma das particularidades da obra de Fran Paxeco é as dificuldades que coloca na leitura, devido a uma característica especial do autor.
“Ele escrevia com uma ortografia muito própria e usava uma linguagem muito rebuscada. É um pouco difícil de ler, por vezes.”
Durante os trinta anos em que viveu no outro lado do Atlântico, Fran Paxeco não esquecia Setúbal, nem a cidade deixava de o lembrar e receber bem.
“Fran Paxeco tinha sempre muitas saudades da terra natal e vinha a Setúbal sempre que podia. Quando cá estava era sempre convidado para participar em conferências e outros eventos da vida pública.”
O encontro “Um Olhar sobre Fran Paxeco e os seus livros” decorreu no âmbito da exposição bibliográfica “Fran Paxeco – Autor do Mês”, inaugurada no dia 1, na Biblioteca Municipal, onde está patente até 30 de março, de segunda a sexta-feira entre as 09h00 e as 19h00 e aos sábados das 14h00 às 19h00.
A 9 de março, às 18h00, o investigador Cunha Bento regressa ao equipamento cultural para nova conferência sobre a vida do homenageado.
Nascido em Setúbal a 9 de março de 1874 e falecido a 17 de setembro de 1952, Manuel Francisco Pacheco, mais conhecido como Fran Paxeco, escreveu sobre história, literatura e economia, em jornais e revistas, além da publicação de vários livros.
Desempenhou cargos diplomáticos no Brasil e Inglaterra e foi secretário do presidente da República Bernardino Machado.
As comemorações dos 150 anos do nascimento deste ilustre setubalense prosseguem em 2025, com um programa extenso e diversificado, organizado pela Câmara Municipal de Setúbal.