As salas de Sessões e do Município, o Salão Nobre, a loja Coisas de Setúbal e o Arquivo são alguns pontos de interesse deste edifício que acolhe vários outros serviços municipais



Se atualmente serviços como a Administração Geral e Finanças se concentram nos Paços do Concelho, nos antigos Paços Municipais, construídos no século XVI, na Praça do Sapal, hoje Praça de Bocage, funcionavam organismos anexos de administração, como o Paço do Trigo, a Cadeia e os Açougues.

Este primeiro edifício, concretizado pelo rei D. João III, sofreu, ao longo dos séculos, várias remodelações na sequência dos danos causados por chuvas torrenciais e terramotos, em particular o de 1755, que obrigou à transferência do Arquivo Municipal para o Convento de Brancanes.

Mais tarde, por volta de 1875, na presidência de Rodrigues Manito, os Paços do Concelho foram ampliados, passando a albergar, além da Câmara Municipal, serviços como o Tribunal e a Repartição de Fazenda.

Já no século XX, no alvor da República, um incêndio na noite de 4 para 5 de outubro de 1910 arruinou todo o edifício, deixando apenas de pé a fachada. A administração municipal passou a funcionar, durante vários anos, no Liceu Bocage, até à conclusão das obras de reconstrução, em 1938, da responsabilidade do arquiteto Raul Lino.

Pelos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Setúbal passaram figuras como madre Teresa de Calcutá, o rei de Espanha Juan Carlos e vários presidentes da República Portugesa.

Muita da história dos Paços do Concelho ficou irremediavelmente perdida, com a documentação consumida pelas chamas de 1910.

Da história documentada do Município restam quatro quilómetros lineares.

Os cem anos construídos pós-revolução republicana são tratados no Arquivo Municipal, localizados no último andar dos Paços do Concelho.

A quantidade de informação acumulada atualmente levou a que o espólio constituído entre 1910 e 1949 tenha sido transferido para o Arquivo Distrital, nas Manteigadas.

Corredores repletos de testemunhos, desde recursos humanos a processos urbanísticos, estendem-se ao longo do último piso dos Paços do Concelho.

Além dos tombos escritos, pormenores da história local, económica e social podem ainda ser explorados em arquivos fotográficos analógico e digital.

A história de Setúbal está também patente em espaço próprio, decorado nos tons do Município. Inaugurada em 2010, por ocasião das comemorações dos 150 anos da elevação de Setúbal a cidade, a Sala do Município dá a conhecer cerca de 50 presidentes da Autarquia, de 1733 à atualidade, que contribuíram para a construção biográfica da identidade setubalense.

A simbologia do brasão e das medalhas honoríficas, bem como as relações de cooperação com vários países, figuram neste espaço de conhecimento local.

Porque a história é feita igualmente pelos saberes e sabores de uma cultura, na Loja Coisas de Setúbal, localizada ao lado da entrada principal dos Paços do Concelho, podem-se encontrar muitos dos produtos – como o mel, o moscatel e a casca de laranja, entre tantos outros – que fazem desta região uma terra em que dá gosto viver.

O historial dos Paços do Concelho levou a que o edifício esteja classificado como Imóvel de Interesse Municipal desde 2012.

A 15 de setembro de 2016, pelas comemorações do Dia de Bocage e da Cidade, o edifício voltou a beneficiar de novos trabalhos de remodelação.

A intervenção incidiu, maioritariamente, ao nível decorativo e de conforto, com o edifício a receber nova pintura interior e exterior, novo mobiliário e várias peças de arte, grande parte delas provenientes da coleção do Museu de Setúbal, conferindo aos Paços do Concelho características museológicas que reforçaram o protagonismo que assume como ponto de visita turístico no concelho de Setúbal.